Elas foram expedições militares organizadas entre
1095 e 1291 pelas potências cristãs européias, com o objetivo declarado de
combater o domínio islâmico na chamada Terra Santa, reconquistando Jerusalém e
outros lugares por onde Jesus teria passado em vida. A empreitada constituía
uma mistura de guerra,
peregrinação e penitência: os guerreiros cruzados,
conhecidos também como "peregrinos penitentes", acreditavam que seus
pecados seriam perdoados caso completassem a jornada e cumprissem a missão
divina de libertar locais sagrados, como a Igreja do Santo Sepulcro. Esses
cavaleiros e soldados tinham como símbolo a cruz, bordada no manto que usavam -
daí o nome com que ficaram conhecidos. Seus motivos não eram, porém, exclusivamente
religiosos. Mercadores emergentes viram nas Cruzadas uma oportunidade de
ampliar seus negócios, abrindo novos mercados e obtendo lucro ao abastecer os
exércitos que atravessavam a Europa a caminho do Oriente.
Outro objetivo era unificar as forças da cristandade
ocidental, divididas por guerras internas, e concentrar suas energias contra um
inimigo comum, os chamados "infiéis muçulmanos". Nesse período de
quase dois séculos, oito Cruzadas foram lançadas, embora duas delas jamais
tenham chegado a Jerusalém. A Quarta desviou-se do seu objetivo original para
atacar os cristãos ortodoxos de Constantinopla - que não reconheciam a
autoridade do papa -, saqueando a cidade no ano de 1203. Já a Quinta conseguiu
conquistar partes do Egito, mas bateu em retirada sob a pressão do inimigo
antes de atingir a Palestina.
PRIMEIRA CRUZADA (1096-1099)
O movimento foi instigado pelo papa Urbano II, que,
no Concílio de Clermont (1095), pediu a ação de líderes cristãos para afastar o
perigo muçulmano. Sem esperar uma segunda ordem, camponeses, religiosos e
aventureiros partiram da França numa expedição improvisada que terminou em
fracasso. Enquanto isso, a Cruzada "oficial", formada por quatro
grupos seguindo rotas diferentes, chegou a Constantinopla, de onde marchou para
Jerusalém, conquistada em julho de 1099.
SEGUNDA CRUZADA (1147-1149)
Conflitos constantes entre as várias colônias
cristãs instaladas no Oriente levaram o papa Eugênio III a lançar uma nova
Cruzada para restaurar a ordem na região. Mas mudanças políticas no mundo
islâmico permitem ao príncipe Saladino, um de seus maiores líderes, unificar a
Síria e o Egito sob domínio turco, reforçando sua posição militar. Em 1187, os
muçulmanos retomaram Jerusalém e cerca de 16 000 cristãos foram vendidos como
escravos.
TERCEIRA CRUZADA (1189-1192)
Com a Europa frustrada pela perda de Jerusalém, o
papa Clemente III organiza a campanha para reconquistar a cidade. Vários
ataques são lançados, sem sucesso. Em 1191, os reis cristãos que lideravam a
expedição negociam um acordo com o inimigo: Jerusalém permanece sob domínio
turco, mas os cristãos têm acesso ao Santo Sepulcro.
QUARTA CRUZADA (1202-1204)
Desde que se tornou papa, em 1198, Inocêncio III
pregava uma nova Cruzada para recuperar Jerusalém. Mas a expedição que partiu
de Veneza em 1202 tinha como objetivo principal atacar Constantinopla, que -
depois de aderir à Igreja Ortodoxa - já não reconhecia a autoridade papal.
Constantinopla foi ocupada e saqueada pelos cruzados em 1203. Mas eles foram
expulsos da cidade no ano seguinte.
QUINTA CRUZADA (1218-1221)
Atacar o Egito era cogitado desde a Terceira
Cruzada, para conquistar posições que pudessem ser barganhadas com os
muçulmanos em troca da devolução de Jerusalém. Assim, a Quinta Cruzada
concentrou-se em tomar o porto egípcio de Damietta, em 1219. Mas a falta de
reforços obriga os cruzados a desocupar a cidade. E a missão fracassa.
SEXTA CRUZADA (1228-1229)
Em 1228, Frederico II, imperador da Alemanha,
chegou à Terra Santa e, por casamento, tornou-se rei de Jerusalém, negociando a
recuperação do controle sobre a cidade. Mas novos conflitos internos
enfraqueceram os cruzados, que, em 1243, foram expulsos da região. No ano
seguinte, os turcos voltaram a tomar Jerusalém.
GUERREIRO CRUZADO
Sua proteção era a cota de malha, vestimenta feita
com pequenas argolas de metal encadeadas, que demorava cinco anos para ser
confeccionada e pesava mais de 10 quilos, cobrindo o peito, as costas e os
braços. O capacete tinha uma viseira removível. O escudo trazia a cruz, que
também enfeitava o manto de tecido branco usado sobre a cota de malha. Sua
principal arma era a espada, eventualmente empunhada com as duas mãos.
SÉTIMA CRUZADA (1248-1254)
Liderada por Luís IX, rei da França, que, mais
tarde, seria canonizado como São Luís, a expedição buscava retomar os ideais
religiosos da Primeira Cruzada. Permaneceu quatro anos na Síria, mas sem
sucesso. Em 1268, o sultão Baibars, que conseguira reunificar a Síria e o
Egito, expulsou mais uma vez os cruzados da Terra Santa.
GUERREIRO MUÇULMANO
Sua cota de malha era mais leve que as dos cruzados,
dando maior mobilidade. A cabeça era protegida por um capacete pequeno e sua
espada - a famosa cimitarra - possuía lâmina curva, facilitando o manuseio a
cavalo. Arqueiros de grande habilidade, disparavam flechas certeiras mesmo
sobre montarias a galope. Outra arma característica era a maça, bloco de ferro
com pontas aguçadas, preso a um cabo de madeira ou a uma corrente.
OITAVA CRUZADA (1270-1291)
Luís
IX, preso pelos muçulmanos, foi libertado depois de pagar resgate e, em 1270,
desembarcou em Cartago (Túnis). Ali, o sultão local prometeu converter-se e
ajudar os franceses. Em vez disso, ele voltou-se contra os cristãos, que
tiveram sua posição enfraquecida com a morte de Luís IX no mesmo ano. Em 1291,
o reino franco deixa de existir no Oriente.
Fonte:
Mundo Estranho
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