Riqueza
maior que petróleo
Área de abrangência do aquífero
Aquífero Guarani foi o nome que, em 1996, o geólogo uruguaio Danilo Anton propôs
para denominar um imenso aquífero que abrange partes dos territórios do
Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil, ocupando
1 200 000 km². Na ocasião, ele chegou a ser considerado o maior do
mundo, capaz de abastecer a população brasileira durante 2500 anos. A maior
reserva atualmente conhecida é o Aquífero
Alter do Chão. O Aquífero Guarani é
imenso, mas menor do que se supunha e, sobretudo, com volume e qualidade da
água inferiores aos estimados inicialmente. Além disso, é descontínuo, como na
região de Ponta Grossa (PR), e heterogêneo. Um dos mais importantes estudos
feitos sobre ele foi desenvolvido pelo geólogo José Luiz Flores Machado, do
Serviço Geológico do Brasil. A maior parte (70% ou 840 mil km²) da área ocupada
pelo aquífero — cerca de 1 200 000km—
está no subsolo do centro-sudoeste do Brasil. O restante se distribui entre o
nordeste da Argentina (255
mil km²), noroeste do Uruguai(58500 km²)
e sudeste do Paraguai (58500 km²),
nas bacias do rio Paraná e
do Chaco-Paraná.
A população atual do domínio de ocorrência do aquífero é estimada em quinze
milhões de habitantes.
·
Mato Grosso
do Sul (213 700 km²)
·
Rio Grande do Sul (157 600 km²)
·
São Paulo (155 800 km²)
·
Paraná (131
300 km²)
·
Goiás (55 000 km²)
·
Minas Gerais (51 300 km²)
·
Santa Catarina (49 200 km²)
·
Mato Grosso (26 400 km²)
Localização detalhada
Nomeado
em homenagem ao povo Guarani,
possui um volume de aproximadamente 55 mil km³ e profundidade máxima por volta
de 1 800 metros, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente
166 km³ ao ano por precipitação. É dito que esta vasta reserva subterrânea pode
fornecer água potável ao mundo por duzentos anos. Devido a uma possível falta
de água potável
no planeta, que começaria em vinte anos, este recurso natural está rapidamente
sendo politizado,
tornando-se o controle do Aquífero Guarani cada vez mais controverso.
O
Aquífero Guarani consiste primariamente de sedimentos arenosos que, depositados
por processos eólicos durante
o período Triássico (há
aproximadamente 220 milhões de anos), foram retrabalhados pela ação química da
água, pela temperatura e pela pressão e se transformaram em uma rocha
sedimentar chamada arenito.
Essa rocha é muito porosa e permeável e assim permite a acumulação de água no
seu interior. Mais de 90% da área total do aquífero são recobertos por lavas
de basalto,
rocha ígnea e
de baixa permeabilidade, depositada durante o período Cretáceo na fase do vulcanismo fissural. O basalto age sobre o Aquífero Guarani como um aquitardo, diminuindo sua a infiltração de água e
dificultando seu subsequente recarregamento, mas também o isola da zona mais
superficial e porosa do solo, evitando a evaporação e evapotranspiração da água nele contida.
Embora
algumas áreas de ocorrência do Aquífero Guarani sejam exploradas há mais de um
século, ainda falta muito para que ele seja bem conhecido na sua totalidade. A
pesquisa e o monitoramento do aquífero para melhor gerenciá-lo como recurso são
considerados importantes, uma vez que o crescimento da população em seu
território é relativamente alta, aumentando riscos relacionados ao consumo e a poluição.
No
Brasil, oito estados são abrangidos pelo aquífero Guarani. São Paulo é onde sua
potencialidade mais se aproxima daquela inicialmente divulgada. A cidade de
Ribeirão Preto é toda abastecida por água subterrânea extraída dele. Já em
Santa Catarina e Paraná, em extensas áreas do aquífero a água não é potável,
por excesso de sais. Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais são estados que requerem
mais estudos, embora neles as águas tendam a ter boa qualidade.
Na
Argentina o aquífero encontra-se em grandes profundidades e na Província de
Entre Rios a salinidade chega a ser três vezes maior que a da água do mar. No
Uruguai, a estrutura do aquífero é favorável ao fluxo das águas, mas a
salinidade aumenta próximo ao rio Uruguai.No Paraguai, o aquífero mostra-se
heterogêneo, com extensa área aflorante, águas de boa qualidade, mas com uma
extensa faixa de águas salobras nas proximidades do rio Paraná. A vazão é muito
variável: mais de 200 mil litros por hora na região do Alto Rio Uruguai, no Rio
Grande do Sul, mas com raros poços acima de
5.000 litros por hora na região das Missões, no mesmo estado. Em outros
estados, já foram registradas vazões da ordem de 800.000 litros por hora. Em
muitas áreas a água não é potável, mas é ótima para estâncias turísticas de
águas minerais e termais. A água de melhor qualidade do Aquífero Guarani em
geral está nos bordos das áreas de afloramento do aquífero e seus arredores. As
maiores áreas com água de boa qualidade ficam em São Paulo, Rio Grande do Sul,
Mato Grosso do Sul e Paraguai.
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