Série: municípios baianos
Lençóis é
um município brasileiro do estado da Bahia. Sua
população estimada em 2010 era
de 10 368 pessoas.
A cidade de Lençóis
surgiu em meados do século XIX com a descoberta de muitas jazidas de diamantes
na região da cidade de Mucugê.
A tradição oral,
levantada não se sabe por quem, dá conta de que, por volta de 1844 um
personagem, de existência não confirmada, chamado Cazuza Prado e o
seu escravo teriam vindo do Mucugê para descobrirem diamantes. Segundo o
relato, o escravo extraiu muitas gemas e seu senhor o mandou (pajem) vendê-las
em Chapada Velha. Ali, o homem foi preso sob a alegação de ser um ladrão de
estrada (é razoável supor que foi torturado por não revelar a origem das
lavras).
No entanto, a
notícia teria disparado uma "corrida do diamante" rumo a esta Lavra
nova. Desse modo, diz-se que quem chegasse por último poderia ver, de cima da
serra, os tetos das barracas estendidas lá em baixo, como se fora uma cidade de
lençóis. A notícia da descoberta propagou-se e para a localidade onde seria
Lençóis afluíram logo aventureiros de toda a parte da Província (atual estado
da Bahia): seja gente de condições humildes, seja gente de linhagem e de
grandes recursos, inclusive de numerosa escravatura, mas todos com o mesmo
ideal: enriquecer.
Cachoeira do
Mosquito.
Consta (não se sabe
onde) que o nome da cidade de Lençóis vem dos lajedos por onde o rio passa
espumando, serra abaixo. Diz-se que se parece a lençol bordado ou rendado. Essa
visão era obtida, principalmente, pelas pessoas que chegavam por cima da serra do Sincorá.
O garimpo foi
atividade típica local, nas Lavras Diamantinas. Desde os primeiros tempos de
mineração, a região foi salpicada com ranchos, bateias e outros instrumentos
para busca de diamantes e carbonatos. Na base das rochas, encontram-se
planícies em redor das águas. As jazidas de diamantes estão nessa camada, bem
como nos leitos de rios, riachos e nos canais naturais. Ali, homens trabalhavam
ao som do disco giratório (bateia) e o bater das águas na roda que impulsionava
a indústria que fazia brilhar as gemas que ornaram as damas de então e de hoje.
Lençóis foi a "capital das Lavras", com um vice-consulado
francês e apontada como "Vila Rica da Bahia". Depois de
todo esse progresso, porém, a região transformou-se no maior centro do coronelismo e da
jagunçada na região da Bahia.
A década de 20 foi o auge do barbarismo na região, pouco afeitos à
civilidade e à lei: uma época dos chamados "homens valentes", onde o
modo de resolver conflitos era medieval (vulgo "revólver na cinta"),
e das gatas-bravas (mulheres guerrilheiras).
No Sertão baiano,
homem valente já foi sinônimo de jagunço. Lutador por ideal ou profissão,
jagunço não era o mesmo que cangaceiro. Era "soldado" (entre aspas,
porque serviam a um "coronel" entre aspas) sertanejo, a serviço de
uma causa e de um chefe (cujo mando era a força, não a lei ou o reconhecimento
da população), que, segundo o mito, desconhecia o medo no campo de batalha. No
entanto, era apenas mais um pobre, excluído, da história do Brasil, servindo ao
poder local, muitas vezes contra a lei e o Estado de Direito (mas as notícias
jamais chegavam ao governo central).
É tanto que, até
hoje, há forças no Nordeste brasileiro que enaltecem os coronéis, como se isso
fosse motivo de orgulho para o país. Fazem isso por interesse pessoal, já que
muitas vezes são descendentes daqueles oligarcas que conseguiam e se mantinham
no poder pela violência, o assassinato e o roubo (vide o escravo que,
convenientemente, foi acusado de ladrão de estrada, pilhado em seus diamantes e
deu origem à Lavra).
Horácio de Matos, que dominou a região das Lavras Diamantinas, foi
o último e o maior de todos os chefes dos jagunços (as gangues rurais da
época). O próprio governo de Epitácio Pessoa foi
obrigado a assinar com ele um acordo de pacificação, e a Coluna Prestes teve
de sair do país depois que invadiu os seus domínios, tal como sempre ocorre com
os governos brasileiros, que não podem contra as milícias particulares até a
presente época (exemplo, o governo do estado de São Paulo se
viu obrigado a fazer acordo como PCC em 1996 e
2012, diante do assassinato sistemático de policiais e tiros em unidades do
governo).
Os feitos (bons e
ruins) de Horácio de Matos estão no passado de um Brasil superado e inscritas
no calcinado sertão das Lavras.
Lençóis não só teve
lutas políticas, como ressaltam os escritores que daqui falaram. Também viveu
grandes momentos de júbilo embalado nas mais belas e requintadas (nos
limitações do interior do Brasil bárbaro da época) comemorações festivas, quer
políticas, religiosas ou populares.
As classes
beneficiadas pela situação econômica mantinham um grande deslumbramento por
exibirem as modas estrangeiras vindas de Paris e de outras partes do mundo,
ainda que com mais de 5 anos de atraso, em virtude das comunicações e
transportes da época (nossas elites tinham que aprender boas maneiras no balcão
da loja e compravam moda defasada como se fosse nova). De volta à terra natal,
apresentavam tais produtos como sinal (quase tribal) de privilégio dos senhores
donos de garimpos e possuidores de escravos.
A partir de meados
do século XX, a cidade de Lençóis enfrentou uma grande crise econômica, pois,
com a grande procura por diamantes, a pedra se esgotou na região. A partir daí
a cidade se viu em um dilema: prosseguir na mineração ou aproveitar suas
belezas naturais e arquitetônicas para a atividade turística.
A partir do movimento
social chamado MCC (Movimento de Criatividade
Comunitária), composto por Steve Horman e
moradores da cidade, Lençóis conseguiu em 1973 ser tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio
Artístico Nacional) como Patrimônio Nacional. Esse foi o primeiro
passo para o desenvolvimento do turismo na região da Chapada Diamantina.
Vista a partir do
Morro do Pai Inácio.
A cidade de Lençóis
está a 394 metros de altitude. Fica localizada na Chapada Diamantina, e é famosa por ser o principal destino turístico
da região. Os amantes da natureza têm Lençóis como um destino obrigatório.
De 1980 até 1994
o turismo a
cidade recebia poucos turistas. Nesse período, os turistas que visitavam
Lençóis eram geralmente jovens mochileiros de
aproximadamente 25 anos. Daí em diante o turismo se expandiu por conta da ótima
infraestrutura para absorver a demanda do turismo. Visitam Lençóis cerca de 120.000 turistas por ano, que ficam em média
8 dias na cidade.
Em 2010, pela
quarta vez consecutiva, Lençóis foi considerada um dos 10 melhores destinos
turísticos do Brasil.
Fonte: Wikipédia
Nenhum comentário:
Postar um comentário