Mundo: condenação à
discriminação
(Confiram a que ponto de intolerância nós
chegamos!... Basta)
Um anúncio de sabão
veiculado na China está causando indignação nas redes sociais do mundo todo e
já vem sendo classificado como o "comercial mais racista" já
veiculado.
Nele,
um homem negro é "lavado" e passa a se parecer com um asiático de
pele clara.
A
propaganda começa com uma jovem chinesa lavando roupas. Um homem negro, com
marcas claras no rosto, então aparece em cena. Após ambos se olharem sugestivamente,
ela coloca um tablete do sabão na boca dele.
QIAOBI Em seguida, a jovem empurra o homem para dentro de uma máquina de lavar.
QIAOBI
Repentinamente,
o homem negro reaparece transformado em um chinês de pele clara.
QIAOBI A jovem parece encantada com o resultado.
QIAOBI
A
propaganda foi veiculada há cerca de um mês na televisão e nos cinemas na
China. Na ocasião, não chamou muito a atenção de espectadores.
Após
ser citada por celebridades em redes sociais, a peça publicitária começou a
ficar conhecida em outros países, e acabou viralizando nos últimos dias.
A
mídia local não deu muita atenção ao assunto, mesmo após os milhares de
comentários de chineses na internet.
"Meu
Deus. Os publicitários chineses não têm educação racial", afirmou, por
exemplo, o internauta @YY_CodingBear.
Outros
usuários, no entanto, disseram não ter visto problemas na propaganda.
'Não prestei muita atenção no anúncio'
O
representante da empresa responsável pela propaganda disse não ter percebido o
conteúdo racista.
"Não
sei muito sobre aquele anúncio", respondeu o dono da marca de sabão para
lavar roupas Qiaobi à correspondente do serviço chinês da BBC, Grace Tsoi.
Ele,
que se identificou apenas como sr. Xia, afirmou não ter notado que a peça era
racista até ser avisado disso: "Para ser honesto, eu não prestei muita
atenção no anúncio", disse.
Outro
anúncio similar causou polêmica na Itália tempos atrás. Um fabricante de sabão
em pó divulgou uma peça publicitária na qual um homem de pele clara era
"lavado" e se tornava negro.
Em
outro episódio na própria China, uma marca de pasta de dente mudou de nome
porque era conhecida como a "pasta de dente do homem negro".
Pasta de dente Darkie acabou mudando de nome
Em
um caso mais recente, um anúncio de seguros de Hong Kong mostrou um homem
vestido como uma empregada doméstica filipina de rosto negro. Mas o público não
se mostrou chocado.
Preconceito
Há
alguns anos, a marca de cerveja chinesa Harbin convidou o astro do basquete
Shaquille O'Neal para endossar a bebida - provavelmente para expandir a marca
no mercado local.
Os
jogos da liga americana de basquete são muito populares na China, e estrelas
como O'Neal e Kobe Bryant ficaram muito famosos. Por isso um comercial do
gênero não deveria ser algo controverso.
A
propaganda não tinha problemas, mas deu início a uma discussão de cunho racista
e discriminatório em um dos fóruns de internet mais usados na China, o Tianya.
Alguns
internautas pediam um boicote ao produto, por ter sido aprovado por um
"homem negro". Alguns comentários chegavam a comparar africanos a
orangotangos.
Contudo,
segundo especialistas, isso não significa que os chineses se achem superiores
às outras raças, embora o país tenha um histórico de preconceito contra pessoas
de pele mais escura.
Apenas 600 mil estrangeiros vivem na China, e só uma pequena
parcela é negra
Barry
Sautman, cientista político da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong
Kong, afirmou que a propaganda de sabão evidencia as dificuldades enfrentadas
pela China para lidar com certas questões raciais.
"Não
é uma questão de chineses não terem consciência antirracista. Eles têm",
disse o pesquisador.
Em
2008, uma pesquisa de opinião global sobre ações governamentais para prevenir a
discriminação racial entrevistou pessoas de 16 países. A China ficou em segundo
lugar - 90% dos chineses disseram que igualdade racial é importante.
Mas
os negros representam uma pequena parte da população chinesa. De acordo com o
censo mais recente, apenas 600 mil estrangeiros vivem na China, e apenas uma
pequena parcela deles é negra.
Assim
a maioria da população de 1,3 bilhão de pessoas dificilmente interage com eles,
o que dificulta a erradicação do preconceito.
O
governo chinês está tentando mudar a atitude da população em relação aos
negros. A mídia estatal vem divulgando muitas histórias sobre o aquecimento de
relações entre a China e nações africanas, e histórias de cidadãos desses
países que aprenderam chinês são amplamente divulgadas.
Anúncio tailandês de clareamento de pele foi
proibido
Clareamento de pele
Outros
sinais de preconceito de parte da população se refletem em anúncios de
cosméticos para clareamento de pele, comuns em toda a Ásia.
Nas
Filipinas, onde houve colonização espanhola, a pele clara é associada à mistura
de raças. Anualmente, porém, pesquisas nacionais listam os melhores sabonetes,
loções e tratamentos para o clareamento da pele.
Na
Tailândia, o comercial de um produto desse tipo foi considerado racista e
acabou proibido.
Esse
tipo de propaganda era relativamente comum em países do Ocidente no passado.
Nos
Estados Unidos e na Grã-Bretanha, algumas propagandas do século 19 tratavam a
pele negra como "suja" e a branca, como "pura e desejável".
Propaganda do sabão Pears, do século 19, que tratava a pele negra como
"suja"
Nenhum comentário:
Postar um comentário