Literatura:crônica
“Nascida em
Angola, é Portuguesa e vive em Barcelona.
Escreve desde sempre, licenciada em literatura, passou pelo teatro e descobriu que o melhor lugar no mundo, é aquele onde ainda não esteve.
Curiosa e inquieta, começa a pensar no próximo destino quando ainda nem acabou uma viagem, pois não há maior prazer do que ter uma mochila às costas e pôr o pé na estrada.
Nasceu para ver o mundo e escreve sobre o que nele vê.”
Escreve desde sempre, licenciada em literatura, passou pelo teatro e descobriu que o melhor lugar no mundo, é aquele onde ainda não esteve.
Curiosa e inquieta, começa a pensar no próximo destino quando ainda nem acabou uma viagem, pois não há maior prazer do que ter uma mochila às costas e pôr o pé na estrada.
Nasceu para ver o mundo e escreve sobre o que nele vê.”
Um único planeta, mas
diferentes representações que dominadas pelo ego, manipulam a nossa perspectiva
de olhar para nós próprios e para os outros.
Recentemente, sentada num bar com umas amigas,
uma delas perguntou se sabíamos como é o mapa-múndi de outros países. Nunca me
tinha questionado sobre tal coisa, e sinceramente nunca pus a possibilidade de
o mapa-mundo ser diferente, dependendo da nossa localização na Terra.
Mas a verdade é que sim, o mapa-mundo (do
latim: mappa mundi) é uma representação cartográfica de toda a superfície
terrestre, e esta obviamente é alterada consoante o continente onde estivermos,
já que a terra é redonda e por isso o conceito de centro é bastante relativo.
A representação de cada mapa foi feita com
base no etnocentrismo universal. Estes são os mapas que se usam nas escolas
para ensinar geografia às crianças, que no momento em que começam a desenvolver
a capacidade de analisar fora da própria cultura; aprendem desde pequenas que o
seu país/continente está no centro do mundo.
Na verdade, a questão relevante não é o mapa
em si, nem a posição que cada continente ocupa no mapa; mas sim o que isto nos
mostra sobre as culturas e os seres humanos.
A posição privilegiada do hemisfério norte
face ao hemisfério sul tem seguramente consequências psicológicas em ambos os
hemisférios. Sendo o norte constituído maioritariamente por países
desenvolvidos e o sul por países em desenvolvimento, continua-se a associar o
norte ao progresso e o sul à pobreza. Podemos, sem dúvida, encontrar muitos
outros motivos que diferenciam um hemisfério do outro, e que ajudaram a
delinear a imagem que as sociedades fizeram delas mesmas; mas é interessante
como algo tão simples, como a representação gráfica do mundo, ajudou a que se
pré-concebesse uma ideia tendenciosa sobre os povos.
Depois de pesquisar, encontrei muito curioso
que no mapa do Japão, o velho continente esteja alinhado do lado esquerdo; e
que no mapa da Austrália, o mundo como o conhecemos na Europa, esteja de
pernas-para-o-ar, virado ao contrário; para que a Oceânia esteja no centro.
Se pensarmos bem, estas representações
egocêntricas do mundo de cada um fazem algum sentido; ainda que possamos
recriminar a justificação para serem expostas desta maneira, já que mostram de
forma flagrante a presunção e narcisismo do ser humano. Pode ser que ao nos
posicionarmos no centro do mundo, se crie uma unidade que fortaleça a
identidade das sociedades. No entanto, não devemos deixar que isso nos impeça
de ter a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros, solidarizando-nos
com os seus problemas e trabalhando para um mundo mais igual e mais justo.
Porque na realidade, independentemente de a qual dos hemisférios pertençamos;
vivemos todos no mesmo planeta e do ponto de vista astronômico, o polo sul
poderia perfeitamente ser o polo norte e o polo norte poderia ser o polo sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário