segunda-feira, 30 de maio de 2016

UM SÓ MUNDO. MUITOS MAPAS.



Literatura:crônica


“Nascida em Angola, é Portuguesa e vive em Barcelona. 
Escreve desde sempre, licenciada em literatura, passou pelo teatro e descobriu que o melhor lugar no mundo, é aquele onde ainda não esteve. 
Curiosa e inquieta, começa a pensar no próximo destino quando ainda nem acabou uma viagem, pois não há maior prazer do que ter uma mochila às costas e pôr o pé na estrada. 
Nasceu para ver o mundo e escreve sobre o que nele vê.”


Um único planeta, mas diferentes representações que dominadas pelo ego, manipulam a nossa perspectiva de olhar para nós próprios e para os outros.

 
Recentemente, sentada num bar com umas amigas, uma delas perguntou se sabíamos como é o mapa-múndi de outros países. Nunca me tinha questionado sobre tal coisa, e sinceramente nunca pus a possibilidade de o mapa-mundo ser diferente, dependendo da nossa localização na Terra.
Mas a verdade é que sim, o mapa-mundo (do latim: mappa mundi) é uma representação cartográfica de toda a superfície terrestre, e esta obviamente é alterada consoante o continente onde estivermos, já que a terra é redonda e por isso o conceito de centro é bastante relativo.
A representação de cada mapa foi feita com base no etnocentrismo universal. Estes são os mapas que se usam nas escolas para ensinar geografia às crianças, que no momento em que começam a desenvolver a capacidade de analisar fora da própria cultura; aprendem desde pequenas que o seu país/continente está no centro do mundo.
Na verdade, a questão relevante não é o mapa em si, nem a posição que cada continente ocupa no mapa; mas sim o que isto nos mostra sobre as culturas e os seres humanos.
A posição privilegiada do hemisfério norte face ao hemisfério sul tem seguramente consequências psicológicas em ambos os hemisférios. Sendo o norte constituído maioritariamente por países desenvolvidos e o sul por países em desenvolvimento, continua-se a associar o norte ao progresso e o sul à pobreza. Podemos, sem dúvida, encontrar muitos outros motivos que diferenciam um hemisfério do outro, e que ajudaram a delinear a imagem que as sociedades fizeram delas mesmas; mas é interessante como algo tão simples, como a representação gráfica do mundo, ajudou a que se pré-concebesse uma ideia tendenciosa sobre os povos.
Depois de pesquisar, encontrei muito curioso que no mapa do Japão, o velho continente esteja alinhado do lado esquerdo; e que no mapa da Austrália, o mundo como o conhecemos na Europa, esteja de pernas-para-o-ar, virado ao contrário; para que a Oceânia esteja no centro.

Se pensarmos bem, estas representações egocêntricas do mundo de cada um fazem algum sentido; ainda que possamos recriminar a justificação para serem expostas desta maneira, já que mostram de forma flagrante a presunção e narcisismo do ser humano. Pode ser que ao nos posicionarmos no centro do mundo, se crie uma unidade que fortaleça a identidade das sociedades. No entanto, não devemos deixar que isso nos impeça de ter a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros, solidarizando-nos com os seus problemas e trabalhando para um mundo mais igual e mais justo. Porque na realidade, independentemente de a qual dos hemisférios pertençamos; vivemos todos no mesmo planeta e do ponto de vista astronômico, o polo sul poderia perfeitamente ser o polo norte e o polo norte poderia ser o polo sul.

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