Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (Salvador, 26 de maio de 1914 — Salvador, 13 de
março de 1992), mais conhecida como Irmã Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo
recebido o epíteto de
"o anjo bom da Bahia",
foi uma religiosa católica brasileira.
Em
seu leito de morte, Irmã Dulce recebe a extrema unção de João Paulo II
Hospital
Santo Antonio: uma das obras de Irmã Dulce
Irmã
Dulce ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos pobres
e necessitados, obras essas que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já
lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar
várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital
Santo Antônio, que foi construído no lugar
do galinheiro do Convento Santo Antônio.
Irmã
Dulce foi uma das mais importantes, influentes e notórias ativistas
humanitárias do século XX.
Suas grandes obras de caridade são referência nacional, e ganharam repercussão
pelo mundo, tanto que seu nome é sempre relacionado à caridade e amor ao
próximo.
Foi
indicada ao Prêmio Nobel da Paz no ano de 1988 pelo
então presidente do Brasil, José Sarney,
porém não ficou com o título. Em 2011 foi beatificada pelo
enviado especial do Papa Bento XVI,
Dom Geraldo
Majella Agnelo, em Salvador, sendo a
beatificação o último passo antes da canonização.
Irmã Dulce pode se tornar a primeira Santa Católica nascida no Brasil. Em 2001 foi eleita "a religiosa do século
XX", em uma eleição que foi publicada pela revista Isto É. Em 2012 foi eleita uma dos 12 maiores
brasileiros de todos os tempos em
pesquisa feita pelo SBT,
para eleger a personalidade que mais contribuiu para o país.
Maria
Rita era filha de D. Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes e do Dr. Augusto
Lopes Pontes, dentista e professor da Universidade
Federal da Bahia. Quando criança, costumava
rezar muito e pedia sinais a Santo Antônio,
pois queria saber se deveria seguir a vida religiosa ou se casar. Desde os
treze anos de idade, depois de visitar áreas carentes, acompanhada por uma tia,
ela começou a manifestar o desejo de se dedicar à vida religiosa. Começou a
ajudar mendigos,
enfermos e desválidos. Nessa mesma idade, foi recusada pelo Convento de Santa
Clara do Desterro, em Salvador, por ser jovem demais, voltando a estudar.
Com
o consentimento da família e o apoio de sua irmã, Dulcinha foi transformando a
casa da família num centro de atendimento à pessoas necessitadas.
Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora primária
(1932), Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição
da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe.
Em 15 de agosto de 1934,
após seis meses de noviciado,
ela fez sua profissão de fé e votos perpétuos, tomando o hábito de freira e recebendo o nome de Irmã Dulce, em
homenagem a sua mãe. Em seguida, voltou a Salvador. Sua primeira missão como
religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, na Cidade Baixa.
Também dava assistência às comunidades pobres da região aonde viria a
concentrar as principais atividades das Obras Sociais Irmã Dulce.
Em 1936, com apenas 22 anos, fundou, com Frei
Hildebrando Kruthanp,
a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário da Bahia.
No ano seguinte, sempre com Frei Hildebrando, criou o Círculo Operário da
Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído
através de doações. Tinham como finalidade a difusão das cooperativas,
a promoção cultural e social dos operários e a defesa dos seus direitos.
Em
maio de 1939,
Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus
filhos. No mesmo ano, para abrigar doentes que recolhia nas ruas, Irmã Dulce
invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos. Depois de ser expulsa do lugar, teve que
peregrinar durante uma década, instalando os doentes em vários lugares, até
transformar em albergue o galinheiro do Convento de Santo Antônio, que mais
tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico,
social e educacional que continua atendendo aos pobres.
Mesmo
com a saúde frágil, Irmã Dulce construiu e manteve uma das maiores e mais
respeitadas instituições filantrópicas do país.
Em
1988, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz, pelo então presidente do Brasil
José Sarney, com o apoio da rainha
Silvia da Suécia.
Em 2000 foi distinguida pelo Papa João Paulo II com o título de Serva de Deus. O processo de beatificação de Irmã
Dulce tramitou na Congregação
para as Causas dos Santos do Vaticano.
Entre
os diversos estabelecimentos que Irmã Dulce fundou estão o Hospital Santo
Antônio, capaz de atender setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais.
O atendimento médico conta com especialização geriátrica, cirúrgica, hospital
infantil, centro de atendimento e tratamento de alcoolismo, clínica feminina, unidade de coleta e
transfusão de sangue, laboratórios e um centro de reabilitação e prevenção de
deficiências.
Além do hospital, Irmã Dulce também criou o Centro
Educacional Santo Antônio (CESA),
instalado em Simões Filho,
que abriga mais de trezentas crianças de 3 a 17 anos. No Centro, os jovens têm
acesso a cursos profissionalizantes. Irmã Dulce fundou também o "Círculo
Operário da Bahia", que, além de escola de ofícios, proporcionava
atividades culturais e recreativas.
Durante
mais de cinquenta anos de entrega total à caridade e amor ao próximo, em 11 de novembro de 1990, Irmã Dulce começou a apresentar problemas respiratórios,
sendo internada no Hospital Português da Bahia, depois transferida à UTI do Hospital Aliança e finalmente ao
Hospital Santo Antônio. Em 20 de outubro de 1991, recebe no convento, em seu leito de morte, a
visita do Papa João Paulo II para receber a bênção e a extrema unção.
O
"anjo bom da Bahia" morreu
em seu quarto, de causas naturais, aos setenta e sete anos, às 16:45 do
dia 13 de março de 1992, ao lado de pessoas queridas por ela, como as
irmãs do convento. Seu corpo foi sepultado no alto do Santo Cristo, na Basílica
de Nossa Senhora da Conceição da Praia e depois transferido para a Capela do Hospital Santo Antônio,
centro das Obras Assistenciais Irmã Dulce.
A 21 de janeiro de 2009, a Congregação para as Causas dos Santos do
Vaticano anunciou o voto favorável que reconhece Irmã Dulce como venerável.
A 3 de abril de 2009, o Papa Bento XVI aprovou o decreto de
reconhecimento de suas virtudes heroicas.
No
dia 9 de junho de 2010, o corpo de Irmã Dulce foi desenterrado,
exumado, velado e sepultado pela segunda vez, sendo este o último estágio do
processo de beatificação.
No
dia 27 de outubro de 2010,
foi anunciada pelo cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom
Geraldo Majella Agnelo, em coletiva de imprensa realizada na sede das Obras
Sociais Irmã Dulce (Osid) a beatificação, última etapa antes da canonização, da
religiosa Irmã Dulce, tornando-a a primeira beata (ou bem-aventurada) da Bahia. O
anúncio foi sucedido pelo decreto em 10 de dezembro de
2010 e
aconteceu após o reconhecimento de um milagre pela intercessão da religiosa na
recuperação de uma mulher sergipana, que havia sido desenganada pelos médicos
após sofrer uma hemorragiadurante
o parto.
No
dia 22 de maio de 2011, Irmã Dulce foi beatificada em Salvador, e
passou a ser reconhecida como "Bem-Aventurada Dulce dos Pobres". A
Solene Eucaristia de Beatificação foi presidida pelo enviado especial do Papa
Bento XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo
emérito de Salvador.
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