Por CONSUELO PONDÉ
Morrer é simples, viver não, é muito
complicado. Acredito que jamais existiu uma época tão emocionante, tão perturbada,
tão fértil em desastres e hecatombes como a que vivemos. Época intensa e
perturbada, fértil
de guerras internas e escaramuças, de instabilidade política
no Oriente na Crimeia, nas duas Coreias, em outros cantos do mundo, de
desastres financeiros e de corrupção desenfreada, de desmoronamento das
instituições, de licenciosidade e quebra de padrões éticos e morais, enfim, de
desarranjos de toda sorte e de toda natureza. Serão males do século?
O mundo inteiro sofre de inquietação. Seria difícil enumerar, pois são
muitas as causas de tantos desacertos, nelas cabendo, entre outros, motivos
econômicos, políticos e financeiros.
Os acontecimentos inquietantes de junho de 2013, em várias capitais
brasileiras, foram contagiosos. Propagaram-se por outros quadrantes do país e
desconhecemos se serão repetidas.
Cultivamos, por gênese e formação, emoções fortes. Reparem como as mais
cruéis são procuradas, como a mídia propaga, à exaustão, os desastres
ecológicos, os crimes bárbaros, as ameaças anunciadas. Imaginem se houvéssemos
padecido dos horrores das guerras que destruíram tantas vidas e desmoronaram
tantas cidades na Europa, em 1914 e 1939.
Há poucos dias, assistindo o filme “A menina que roubava livros”,
rememorei fatos conhecidos, lembrei-me do Diário de Anne Frank e percebi o
quanto padeceram os perseguidos pelo nazismo, o tamanho do sofrimento das
crianças apartadas de seus pais, adotadas por outras pessoas, mas que, por sua
origem judaica, viviam em constantes sobressaltos.
Apesar de todos esses males e contratempos não se deve cultivar o medo.
É preciso manter o equilíbrio neste turbilhão que nos arrasta; é imprescindível
cultivar o bom humor e resguardar as fontes puras da felicidade. Isto porque, a
confiança na vida opera milagres e é capaz de preparar o caminho do sucesso.
Afastar o estigma da depressão, esquecer-se das decepções, abandonar o
pessimismo, repudiar o desejo doentio de ganhar dinheiro, para satisfazer
caprichos ou ambições, obter coisas sem importância para atender ambições
ínfimas e vaidades ridículas, ajudam as pessoas a refletir sobre o valor da
vida.
O bom humor está ao alcance de todos. Para isso é preciso aprender a nos
exteriorizarmos, dizermos o que sentimos e pensamos. É suficiente reprimir os
pequenos impulsos de irritabilidade, obrigar-se a palavras indulgentes,
aprender a sorrir.
Sabem por que? Porque o sorriso traduz a cólera vencida, o
desaparecimento do mal estar que tolhe a boa vontade. Há pessoas que são muito
susceptíveis de encolerizar-se, que são incapazes de esclarecer aborrecimentos
sem elevar a voz.
Mesmo porque, não são os grandes infortúnios, os fracassos marcantes, as
enormes decepções que enfraquecem a nossa vontade. O desgaste da força nervosa
pode ser feito pelas denominadas “fugas“ cotidianas, como bater o pé,
impacientar-se com as pessoas de casa, inquietar-se, enfim, gastar energias
acumuladas. Jamais sentir-se vencido, declarar que determinada circunstância é
irremediável, crer que vai vencer todos os obstáculos, porque somente a morte é
inevitável.
Nada de prever o futuro, pois ele não nos pertence; nada de imaginar
catástrofes que jamais podem ser previstas, pois elementos desconhecidos sempre
intervêm para modificar as coisas. Tomemos a decisão de não nos queixarmos, de
não escutar lamentações, de afastar todo e qualquer hábito de remoer desânimo e
contrariedade. Antes devemos agir com firmeza, sem hesitação, e revelar
confiança no futuro.
Cada pessoa é um mundo. Muitas são fortes e, embora, emotivas e
sensíveis, sabem defender-se. Possuem reservas interiores que lhes ajudam a
projetar suas personalidades e vencer as dores da vida. Por mais injustas que
sejam, por mais que lhe tirem o sono, por mais que somem problemas.
O certo é que os homens de hoje estão cada vez mais sobrecarregados,
direi mais, arrastados para além dos limites de suas forças físicas e
psíquicas, bem assim, dos ritmos da natureza.
Têm que suportar o barulho que o rodeia, suportar os ruídos das grandes
cidades, os insuportáveis alto-falantes, o buzinaço do trânsito, enfim, esse
enorme desequilíbrio frente ao repouso. Muito teria ainda que considerar não
fosse essa limitação de espaço. Fica para outra vez.
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