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sexta-feira, 7 de março de 2014

HISTÓRIAS DE SEBASTIÃO NERY



(III)

Magias da Bahia
Em Uruçuca, sul da Bahia, próximo à Ilhéus, fica a fazenda “Mocambo” de Rogério Joaquim de
Carvalho, uma das mais antigas do estado, fundada pelos ingleses, nos tempos da “Mocambo Company”.
Quando o general Geisel foi escolhido presidente, Antonio Carlos Magalhães, governador, levou-o para conhecer a região do cacau e o hospedou na “Mocambo”. De manhã, Geisel acordava e ficava olhando, bem em frente à varanda, um majestoso “flamboyant”, muito antigo, meio século de flores e cores, glória da fazenda, a copa imensa, infinita, esplendidamente coberta de vermelho. Geisel olhava e admirava, admirava e olhava.
Uma semana depois que Geisel saiu, o “flamboyant” começou a murchar, murchar. Rogério correu meio mundo, chamou os melhores técnicos (para assisti-lo), não adiantou nada. O “flamboyant” morreu de olho (gordo) de Geisel.
Geisel
Dois anos depois, Geisel foi à Alemanha. Rogério também foi na comitiva dos empresários. Geisel não esqueceu:
- Como vai o “flamboyant”, doutor Rogério?
- Lindo presidente. Como sempre.
Mentiu. Voltou, plantou no lugar outro “flamboyant”, pequenininho, começou a cuidar. Quando a Ceplac (Centro de Estudos e Planejamento da Lavoura Cacaueira) fez 25 anos, ACM, já não mais governador, levou Geisel outra vez à região do cacau. E de novo o hospedou na fazenda “Mocambo”. Rogério, apavorado, correu na frente, chegou de véspera e cobriu o novo “flamboyant” de plástico escuro, com medo dos olhos de seca-pimenteira. Geisel não viu. O “flamboyant” não morreu.

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