(III)
Magias da Bahia
Em Uruçuca,
sul da Bahia, próximo à Ilhéus, fica a fazenda “Mocambo” de Rogério Joaquim de
Carvalho, uma das mais antigas do estado, fundada pelos ingleses, nos tempos da
“Mocambo Company”.
Quando o general
Geisel foi escolhido presidente, Antonio Carlos Magalhães, governador, levou-o
para conhecer a região do cacau e o hospedou na “Mocambo”. De manhã, Geisel
acordava e ficava olhando, bem em frente à varanda, um majestoso “flamboyant”,
muito antigo, meio século de flores e cores, glória da fazenda, a copa imensa,
infinita, esplendidamente coberta de vermelho. Geisel olhava e admirava,
admirava e olhava.
Uma semana
depois que Geisel saiu, o “flamboyant” começou a murchar, murchar. Rogério
correu meio mundo, chamou os melhores técnicos (para assisti-lo), não adiantou
nada. O “flamboyant” morreu de olho (gordo) de Geisel.
Geisel
Dois anos
depois, Geisel foi à Alemanha. Rogério também foi na comitiva dos empresários.
Geisel não esqueceu:
- Como vai o
“flamboyant”, doutor Rogério?
- Lindo
presidente. Como sempre.
Mentiu.
Voltou, plantou no lugar outro “flamboyant”, pequenininho, começou a cuidar.
Quando a Ceplac (Centro de Estudos e Planejamento da Lavoura Cacaueira) fez 25
anos, ACM, já não mais governador, levou Geisel outra vez à região do cacau. E
de novo o hospedou na fazenda “Mocambo”. Rogério, apavorado, correu na frente,
chegou de véspera e cobriu o novo “flamboyant” de plástico escuro, com medo dos
olhos de seca-pimenteira. Geisel não viu. O “flamboyant”
não morreu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário