Desde jovem, tive bom gosto musical, desculpem-me a imodéstia, mas é a mais pura verdade. Escolhia, a dedo, as músicas para ouvir na electrola (lembram?) ou vitrola (aparelho para reproduzir gravações em disco) existente na casa de meus pais. Contudo, jamais manifestei preferência por qualquer tipo de gênero musical. A mim só interessava se a música era boa ou ruim, se o cantor (a) era afinado ou não, se o instrumental e os arranjos eram próprios ou impróprios àquela melodia, exigências que beiravam os limites da teimosia e endoidecia a paciência dos que estavam ao meu lado, ávidos para escutar qualquer tipo de música.
Hoje, essa quase histeria acabou. Estou mais condescendente e, algumas vezes, chego a escutar até o fim um Axé, sem bons acordes e letra insensata, daqueles que os baianos mais antigos não aprovam, exprimindo uma alocução de espanto: “Vixe Maria”.
Mesmo atenuado daquele hábito, que me levou a ser considerado pelos que me cercavam como um fora de tom, guardei em minha caixa de ressonância muitas músicas e o nome de vários cantores e cantoras que me trouxeram prazer e alegria. Dentre esses, destaco Dick Farney. Pianista excepcional, cantor de pouca extensão vocal, mas exímio na divisão das sílabas musicais, na afinação e interpretação. Para se dizer mais dele é necessário ouvi-lo. Por isso, apelo, aos que não o conheceram ou o ouviram, para que acessem o vídeo abaixo e confiram se tenho ou não razão em dizer que ele foi o Frank Sinatra da MPB.
LCFACÓ
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