terça-feira, 27 de novembro de 2012

ROSAURA MONTALBANI

A MAIS BELA MULHER DA RENASCENÇA
Henry Thomas* do livro Maravilhas do Conhecimento Humano
               
            Ouçamos a história da mais fascinante mulher de Florença. Essa jovem aristocrata, Rosaura Montalbani, "era tão linda que quando chegava à janela, pela manhã, o povo enchia as ruas, impossibilitando a passagem dos coches e cadeirinhas. Tão bela era que, quando saía para fazer suas compras, os negociantes recusavam pagamento das despesas que fizesse. Quando entrava na igreja, os devotos voltavam o rosto do altar, para olhar para ela e eram assim condenados à eterna punição. Todos os dias, os pescadores retiravam do rio Arno o corpo de algum mancebo, que havia morrido por seu amor. Todas as noites, vigilantes topavam com o corpo de algum cavalheiro, ricamente vestido, tendo um punhal no coração, por haver sido repelido pela bela Rosaura. Três vezes foi levada ao tribunal, pelos amargurados pais dos mancebos. De todas as vezes foi acusada de ser demasiado bela." E de todas as vezes os juízes ficavam tão empolgados pela sua beleza que a mandavam em liberdade.


Certa vez foi intimada a comparecer perante a justiça, quando o tesoureiro da cidade, tendo dissipado com Rosaura o dinheiro que lhe havia sido confiado, se suicidara. Dessa vez foi ela condenada ao pelourinho. Mas ninguém quis executar a sentença e por isso foi posta em liberdade, de novo.
O jovem duque de Florença tornou-se, um dia, melancólico e foi para uma capela, com seu material de pintura. Fechou-se lá dentro e não queria comer nem beber. Mandaram chamar seu pai, que bateu à porta da capela, mas não obteve resposta. Ao forçar a porta, viu as paredes sagradas e o teto cobertos de santos, de anjos sorridentes, de Madalenas penitentes e adoráveis Madonas, todos com as mesmas feições de Rosaura Montalbani. O jovem duque estava sentado no púlpito, imóvel, exceto os olhos que corriam duma pintura para outra. Enlouquecera, diante da visão do rosto de Rosaura.
Mais uma vez foi Rosaura levada à presença dos juízes. Desta, porém, uma máscara, em forma de caveira, fora colocada sobre seus olhos, nariz e boca, afim de evitar que seu rosto causasse novas ruínas. Foi sentenciada à reclusão solitária e a usar aquela máscara para o resto de sua vida. Trinta e nove anos mais tarde, quando o Grão Duque Cosme subiu ao trono, concedeu geral perdão a todos os prisioneiros de estado. Encontrou o documento que relatava o caso de uma mulher, de máscara negra, que fora condenada à prisão perpétua, por ser "demasiado bela para viver em liberdade".
Mandou buscar a mulher à sua presença. Quando ela retirou a máscara, pôs-se a contemplá-la longa e intensamente. "Bela, essa mulher?" murmurou afinal. Via uma pele fanada e uns olhos encovados. As feições de Rosaura tinham tomado a forma da caveira.
NR/ * Henry Thomas era um escritor e historiador adicto do Positivismo. Suas ideias e o seu estilo literário influenciaram boa parte dos escritores brasileiros. Mas, o que vem a ser o Positivismo? Auguste Conte, segundo muitos, seu criador, diz ser o Positivismo uma doutrina filosófica, sociológica e política. Para nós é derivada do desenvolvimento sociológico do Iluminismo. No Brasil, o Positivismo, fez tantos adeptos que um dos seus lemas foi parar na bandeira nacional: Ordem e Progresso.      

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