É conhecida pelo
nome de arte marajoara o conjunto de artefatos, sobretudo a cerâmica,
produzida por
antigos habitantes da Ilha de Marajó, no Pará. Sua
importância reside no fato de ser considerada a mais antiga arte cerâmica do
Brasil e uma das mais antigas das Américas. Sua fase mais popular entre o
público, e que também é alvo da maioria das pesquisas situa-se
no período de 400 a 1400 d.C.
Localizada no estado do Pará, região norte do Brasil, Marajó é a maior
ilha fluviomarinha do mundo, cercada pelos rios Amazonas e Tocantins, e
pelo Oceano Atlântico.
Acredita-se que as fases arqueológicas da ilha do Marajó foram cinco,
correspondendo cada uma a diferentes níveis de ocupação e a diferentes culturas
instaladas na região Ananatuba, Mangueiras, Formiga, Marajoara e Aruã).
Assim, a partir do século I, o povo Marajoara, ao lado do vizinho povo
Tapajós (que habitava a foz do Amazonas e todo o trecho do Rio Tapajós, responsável
pela chamada “arte tapajônica”) desenvolve uma agricultura itinerante, com
queimadas e derrubadas de árvores. Suas casas eram construídas sob aterros
artificiais, e dedicavam-se a confeccionar cerâmicas usando técnicas
decorativas coloridas e extremamente complexas, que resultaram em peças
requintadas de rara beleza.
Tal produção revela detalhes sobre a vida e os costumes dos antigos
povos da Amazônia. Os Marajoaras faziam vasilhas, chocalhos, machados, potes,
urnas funerárias, estatuetas, apitos, bonecas para crianças, cachimbos,
porta-veneno para as flechas, além de curiosas tangas de cerâmica (um tapa-sexo
usado para cobrir as genitália das mulheres), talvez as únicas, não só na
América mas em todo o mundo.
A arte marajoara ora caracteriza-se pelo zoomorfismo (representação de
animais) ou antropomorfismo (representação do homem ou parte dele), bem
como a mistura das duas formas (antropozoomorfismo). Animais como serpentes,
lagartos, jacarés, escorpiões, e tartarugas estão estilizados em forma de
espirais, triângulos, retângulos,
círculos concêntricos, ondas, etc. em técnicas variadas. Para
aumentar a durabilidade do barro agregavam-se outras substâncias-minerais ou
vegetais como as cinzas de cascas de árvores e de ossos, pó de pedra e concha,
além do cauixi, uma esponja silicosa que recobre a raiz de algumas árvores.
A civilização Marajoara não deixou cidades nem obras de arquitetura para
a posteridade, mas por outro lado legou uma cerâmica capaz de reconstituir sua
história. Louças e outros objetos, como enfeites e peças de decoração dos
antigos povos de Marajó são exemplos da riqueza cultural dos ancestrais dos
povos nativos da área.
Dado o apelo comercial que a arte marajoara despertou por volta de
meados do século XX, hoje em dia muitos dos moradores locais da ilha se dedicam
a produzir réplicas de várias peças, especialmente os vasos, vendidos a um bom
preço a turistas.
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