sábado, 11 de janeiro de 2014

A FORÇA DA CORRUPÇÃO NO BRASIL


Por JOACI GÓES


Na Percepção da Corrupção, de acordo com a Transparência Internacional, entidade que avalia o nível de corrupção dos países, o Brasil caiu da 69ª posição, em 2012, para a 72ª, em apenas um ano, fato que
demonstra que, apesar do julgamento do Mensalão e da denúncia sistemática dos meios de comunicação, do Ministério Público e da forte atuação da Polícia Federal, o “cupim da República”, na famosa designação de Ulysses Guimarães, continua indômito.
Desgraçadamente, há uma crescente percepção no Brasil de que o crime compensa, de tal modo rareia a punição dos que se locupletam com dinheiro subtraído ao Erário. 
E mesmo quando, eventualmente, punidos os peculatários, as penas são reduzidas no seu tamanho e intensidade, sem aparente perda de prestígio dos delinquentes, como vemos de ilustres condenados e ex-presidiários auferindo todas as benesses e consideração dos que estão no poder.]
 Sem falar nas facilidades e privilégios de toda ordem proporcionados pelas estruturas prisionais. Sabe-se, como exemplo, que o pessoal que serve a um determinado complexo penitenciário entoa todas as aleluias diante da expectativa da chegada de marginal de alto coturno para o cumprimento de pena em suas dependências. Sinal de propina graúda. 
 Isso significa, também, que a penalidade de caráter moral deixou de ter significado infamante, no Brasil, quando se trata de crime que envolve dinheiro público ou do tráfico. Ao contrário, os seus fautores são revestidos de certa aura mística e invejável donaire.
O resultado final é o que se percebe em toda parte: a corrupção atuando no atacado e no varejo, de um modo que parece a alguns observadores que o tecido moral da nação está de tal modo esgarçado que o brasileiro está si tornando, em si mesmo, um povo corrupto.
O alemão Peter Eigen, criador da Transparência Internacional, disse, nas últimas Páginas Amarelas de Veja, não entender como pode o governo brasileiro não participar de uma rede internacional de combate à corrupção, na contramão do anunciado desejo da presidente Dilma de vencer esse crime endêmico reinante no país. Certamente, a Presidente, atenta às práticas viciadas que seu governo encontrou do antecessor, sabe como é difícil realizar a façanha da garça que pousa e se alimenta do lodo para, em seguida, alçar voo, exibindo suas plumas imaculadamente brancas, na metáfora famosa criada pela imaginação da maior figura do judiciário brasileiro, o ministro do Supremo Carlos Ayres Britto.
Veja denuncia, também, empréstimos para financiar obras em países como Cuba, de retorno entre incerto e nenhum. Como a segunda nação mais atrasada do continente americano, acima, apenas, do miserabilíssimo Haiti, Cuba - a vanguarda do atraso-, constitui o maior fracasso entre todas as experiências socialistas do Globo. 
A atrasadíssima Coréia do Norte, na impossibilidade de comparar-se com a coirmã, a desenvolvida Coréia do Sul, jacta-se de sua exponencial superioridade sobre a ilha do Caribe, vitimada pelo personalismo de Fidel Castro. Quando os irmãos Castro deixarem a cena e a miserável e simpática ilha voltar à economia de mercado, já terá na ponta da língua o argumento para não honrar os empréstimos contraídos para financiar uma ditadura que prima por ofender os mais elementares direitos humanos. 
Aí, então, o povo brasileiro saberá que parcela ponderável dos seus problemas básicos não foi solucionada porque recursos expressivos, gerados pelo seu esforço coletivo, foram destinados para atender a contratos de empresas brasileiras, líderes no financiamento das campanhas partidárias dos que estão no poder. Basta seguir o rastro do dinheiro, identificando a conta bancária onde os recursos pousarão, definitivamente.
Dê-se à medida o nome que se queira. Em sua essência, trata-se de corrupção, da grossa, já que o desvio desses recursos se dá em prejuízo da melhoria da infraestrutura fundamental ao nosso desenvolvimento, como educação, saúde, segurança, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, silos, energia e saneamento básico.

Não há como negar o valor da lição que a história nos ensina: todo povo é refém de suas escolhas. Todo povo tem o governo que merece.

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