Livro: Este Blog recomenda
Por Joaquim L. De Souza*
Capítulo do livro:
Encilhamento na História do Brasil
Coube, pois,
A Portugal, como protagonista de grandes empreendimentos ultramarinos, a
responsabilidade de levantar novas rotas para o Oriente e descobrir novos mares
e novas terras do Ocidente, culminando
com o descobrimento do Brasil, a
princípio ponto de vigia dos caminhos para a Índia.
Caravela
No começo do
século XV, os artigos do comércio que alcançavam maiores preços na Europa eram
as especiarias, produtos que tinham grande aplicação como drogas medicinais,
além de usados como temperos; vinha da Ásia para a cidade de Constantinopla,
onde eram colhidos por navios das cidades de Gênova e Veneza, as quais se encarregavam
de distribui-las pela Europa; genoveses e venezianos, portanto, possuíam o
monopólio da venda desses produtos.
Aos
portugueses, interessados em participar desse lucrativo comércio, restava como
única alternativa a quebra desse monopólio e a descoberta de um caminho
marítimo que os conduzisse ás Índias, região da Ásia que produzia as
especiarias, sem passar por Constantinopla. Assim, enquanto os italianos
dominavam a navegação no Mar Mediterrâneo, os reis da Dinastia de Avis,
apoiados pelos burgueses de Lisboa, voltaram-se para o Oceano Atlântico e
começaram a navega-lo, auxiliados por novos inventos (a bússola e a caravela),
que muito contribuíram para facilitar as viagens marítimas.
Bússola
A conquista
de Ceuta no norte da África, em 1415, assinalou o início da expansão de
Portugal em busca de colônias e de um caminho para as Índias. Ao mesmo tempo em
que procuravam contornar a África, a fim de alcançar a região das especiarias,
os portugueses iam tomando posse do litoral africano, onde obtinham ouro e
escravos negros, estes utilizados nas lavouras de Portugal.
Em 1543, os
turcos otomanos conquistaram Constantinopla, não só interrompendo o comércio de
especiarias entre a Ásia e a Europa, como pondo fim ao monopólio de Gênova e
Veneza sobre aqueles produtos. Essa conquista fez com que Portugal acelerasse
as navegações, avançando no litoral africano sempre na esperança de encontrar uma
comunicação entre o Atlântico e o Índico, conscientes de serem o único país com
possibilidade de restabelecer o intercâmbio comercial entre as Índias e a
Europa. Desse modo, em 1482, atingiram Angola; em 1488, Bartolomeu (de Gusmão)
dobrou o Cabo das Tormentas (alterado para Boa Esperança), no sul da África, e
penetrou no Oceano Índico, colocando Portugal praticamente a um passo das
cobiçadas Índias.
Caberia a
Vasco da Gama, em 1497, seguido uma rota preestabelecida, chegar um ano depois
à cidade hindu de Calicut. Ao regressar a Portugal levou um valioso
carregamento de especiarias, o qual pagou todas as despesas da expedição e
ainda deu lucros. Em nove de março de 1500, um segunda-feira, partiu Pedro
Álvares Cabral, comandando a maior armada até então saída das terras alongadas,
com a incumbência de estabelecer relações comerciais e religiosas com o
Oriente. A 14 de março avistaram as Canárias; a 22, as Ilhas de Cabo Verde e,
um mês depois, à tarde, conforme registro do escrivão Pero Vaz de Caminha,
chegaram ao novo território, fundeando numa baia a qual deram o nome de Porto
Seguro. A 26, em um ilhéu dessa enseada, construíram um altar de onde cantaram
a missa, celebrada por Frei Henrique de Coimbra, marcando o Domingo de Páscoa.
A 1º de maio a cruz foi chantada; no outro dia partiu o navio mandado ao reino
para dar a boa nova.
*O economista e empresário Joaquim L. De Souza, como bom
cronista revelado no seu trabalho anterior “Cartas de Vilhena”, volta a
esquadrinhar a História do Brasil e, para deleite dos leitores ávidos por fatos
e passagens marcantes da nossa historiografia, brinda-nos com a narração
envolvente de um episódio como “Encilhamento”, ocorrido logo após o golpe
militar que derrubou a Monarquia no alvorecer da República.”...
Eduardo Morais de Castro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário