quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

EU QUERO É BRINCAR DE PIPA



Por Conrado Matos

Quando você estiver com raiva, não deixe que esse mal tire o seu sossego, libere um pouco a
adrenalina, respire fundo, e aja como um palhaço, e ria o quanto pode. Faça de conta que você estar no circo diante de uma grande plateia. Comece a contar piadas, dê muita gargalhada, jogue todo lixo da raiva na cena, e recicle, transformando todo esse mal em alegria. Você vai fazer que tudo isso, se torne um verdadeiro espetáculo, deixando de ser fingido, e assumindo a sua formosura de criança, sem se afastar, é claro, da responsabilidade com você e com os outros, nem tão pouco com o amor e a afetividade. Fique no bem me quer, e evite ficar no mal me quer. Na falsa alegria, se esconde o mal me quer que, pode estar associado a um transtorno de humor, ou a um transtorno bipolar. Bem quero, mal quero. O melhor da vida é se doar e aceitar o outro. É viver a regra do bom convívio.
Se alguém o achar imbecil, não o dê ouvido, continue fazendo o que sempre fez que é ser criança. E que nunca o deixará de falar besteiras, de brincar no parque, na praça, nas festas, e de subir no pé de mangueira e se lambuzar de manga. Seu gingado de criança mostrará quem você é em toda sua essência de vida. A sua identidade trará a impressão digital de uma criança, como sempre foi desde quando veio do ventre.
Quando você agir como criança, seu sorriso será mais autêntico e brilhoso. O verniz do fingimento da sua falsa extroversão, não terá lugar para lhe deixar condenado à culpa, porque você não mente para si mesmo, e sua criança vai dormir em paz. Quando acordar, olhe para o espelho e veja sua face já cheia de rugas, mas com o espírito jovem de uma criança.
Lágrimas e perdas, você faça logo desses momentos tristes, a experiência ainda não vivida, e acumule bônus para enfrentar as turbulências que virão pela frente. Mas não perca de vista o jeito de ser palhaço, espalhe sorrisos, empatia, e faça com que as pessoas riam de si, destravando esse seu jeito de ser durão. Porque tudo passa. E como diz a canção de Lulu Santos: “Tudo sempre passará”. A dor da perda, a dor de cabeça e o excesso de preocupações, tudo passa, e o que fica é o sorriso verdadeiro de uma criança, que vai contagiando a si mesma e a todos.
Como é bom ser criança, na hora que precisamos ser. No momento que estamos desprendidos da realidade. Realidade? Sim! Realidade tem seu momento, e tem hora que temos que ser rebeldes, e mergulharmos nas nossas fantasias, nos tornando um pouco mais felizes.
Na nossa vida tem momento pra tudo. Há sempre tempo para trabalhar, pagar contas, assumir compromissos, planejar e organizar. Mas tem momento, que ser palhaço traz o gosto daquela pimenta, que faz com que seja saboroso aquele repetido feijão com arroz, e o azedo momento da nossa vida.
Tem gente que quando chega em casa, quando vai para o trabalho, quando vai para praia, quando vai para a casa de veraneio, quando vai para o sítio, quando vai para o teatro, para o parque e o cinema, é sempre a mesma conversa, desse momento azedo da vida; desse feijão com arroz que foi feito só com água e sal. Não sabe outra coisa, a não ser, resmungar, e que deixou lá na mesa do escritório um serviço pra fazer. Fala que está chateado com a empresa que trabalha, e não sabe como vai viver quando estiver velho. Não sabe, porque os outros têm sorte de ganhar na loteria, e que, não tem sorte com nada. Não sabe, porque fulano tem um carro novo, e trabalha feito um condenado, e só tem um Corsinha 95. Acho meu amigo que já chega por hoje, porque a lata de lixo já não cabe mais nada, e o jeito é mudar de papo. Porque, agora, o momento é da criança que não pensa em nada, a não ser, brincar de empinar pipa.

Conrado Matos é Psicanalista, e Colaborador do Blog do Facó (lcfaco.blogspot.com.br)
E-mail: psicanaliseconrado@hotmail.com – Tels: (71) 8717-3210/9910-6845

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