quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

FELIZ ANO NOVO

Ainda em tempo


Por Joaci Góes

Tanto a neurolinguística quanto as boas maneiras recomendam uma atitude otimista diante do mundo e das pessoas, particularmente ao tempo das festas de Natal e Ano Novo, quando se torna obrigatória.

Há um momento, porém, em que, até por dever moral, se impõe um prognóstico apoiado na verdade dos fatos. Seguindo esse princípio, a realidade nos informa que não é grande coisa o que devemos esperar do ano que se inicia, a continuar prevalecendo à velha e boa lição de que não há efeito sem causa. Questões fundamentais para a vida brasileira, como educação, saúde, segurança pública, corrupção, impunidade, infraestrutura e licenciosidade partidária, as sete pragas que assolam o País, deverão seguir o padrão de agravamento dos anos recentes. A perspectiva de baixo desempenho da economia nacional assegura a predominância do indesejado viés de mediocridade.
Os resultados do último PISA colocam o Brasil num dos últimos lugares, em matéria de ensino fundamental, o que significa continuidade da perda de competitividade na sociedade do conhecimento em que estamos imersos. 
O PISA, – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, foi criado para medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências, de estudantes com 15 anos de idade, de países membros da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, e de outros países conveniados. 
Segundo a avaliação do PISA, divulgada em dezembro de 2013, o desempenho dos estudantes brasileiros, em 2012, caiu dois pontos, em leitura, relativamente ao ano de 2009. Ocupando a 54ª posição, o Brasil aparece abaixo de países como Chile, Uruguai, Romênia, Tailândia e Montenegro. 
Sem saber ler, base fundamental de todo o aprendizado, fica difícil avançar em matéria de conhecimento, de que é prova o elevado percentual dos alunos brasileiros, 49,2%, que não alcançou o nível 2, num processo de avaliação que tem como teto o nível 6. Verdadeira tragédia social!
O desempenho brasileiro no aprendizado de ciências foi ainda pior: ficamos em 58º lugar, entre 64 nações, caindo da 53ª posição conquistada em 2009. No exame de ciências, 55,3% dos nossos alunos alcançaram, apenas, o nível 1, próximo da mendicância intelectual.              
 O melhor desempenho brasileiro se deu em Matemática, campo em que avançamos o suficiente para permanecermos na mesma posição relativa: subimos de 386 para 391 pontos, continuando, porém, na mesma 57ª posição. Dois terços dos nossos alunos de 15 anos não compreendem percentuais, frações ou gráficos
A saúde vai no mesmo passo, marcada por desestruturação, desvios de função e falta de pessoal técnico e infraestrutura, como tem sido objeto de exposição contínua da mídia.                         
 Impõe-se uma revisão de prioridades na aplicação dos recursos e na seleção dos gestores de saúde, a partir de critérios técnicos e não partidários e eleitoreiros. Em saúde, como em quase tudo, prevenir é mais barato e eficiente do que remediar, como se fez com o programa Mais Médicos, lançado em julho e iniciado em setembro de 2013, com a contratação de médicos vindos do exterior, sobretudo de Cuba. Segundo lideranças médicas sustentam, a falta de um plano organizado de carreira dos médicos brasileiros responderia por essas distorções.            
O panorama da segurança pública no Brasil é de tal gravidade que melhor seria denominá-la “insegurança pública”. As cautelas que o medo ubíquo impõe são de natureza a inverter a ordem natural das coisas: os bandidos vivem à solta enquanto os cidadãos decentes vivem aprisionados em seus condomínios e bunkers, atrás de muros altos e eletrificados.            

Os dados da realidade de todos os dias, sobretudo nos ambientes urbanos, passaram a demonstrar que o Brasil se tornou uma das nações mais violentas entre as cinquenta maiores economias do planeta.
E o que dizer da corrupção que campeia solta, enriquecendo a malta crescente dos fraudadores do Erário?               
Seria a impunidade reinante a matriz principal da violência e da corrupção que comprometem nossa segurança e a implantação de uma infraestrutura física decente? Até quando vamos conviver com um pluripartidarismo irresponsável que avilta a dignidade partidária? Povo que não sabe votar é eterno refém de suas escolhas infelizes!


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