sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FORTE DE SANTO ANTÔNIO DA BARRA - Salvador

Farol da Barra

 Forte de Santo Antônio


 O Forte de Santo Antônio da Barra localiza-se na ponta do Padrão (atual Largo do Farol da Barra), em Salvador, estado da Bahia, no Brasil.
No local, que domina a entrada da barra de Salvador, diante do qual Gonçalo Coelho teria fundeado, aquele navegador fez erguer um padrão de posse para a Coroa Portuguesa, a 1 de novembro de 1501: conforme o calendário católico então adotado, era dia de (Dia de Todos-os-Santos).
História
Antecedentes
A primeira estrutura no local, para defesa da barra do porto da então capital da Colônia, foi erguida durante o Governo Geral de Manuel Teles Barreto (1583-1587) (BARRETTO, 1958:170). Provavelmente de faxina e terra, foi reconstruída em alvenaria de pedra e cal, a partir de 1596 durante o Governo Geral de D.Francisco de Sousa (1591-1602), com planta atribuída ao Engenheiro-mor de Portugal, o cremonense Leonardo Torriani (1560-1628), no formato de um polígono octogonal regular.

Um manuscrito depositado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (L. 67 Ms. 1236), anónimo e sem data, mas do início do século XVII, possívelmente anterior a 1608, no capítulo dedicado à capitania da Bahia de Todos os Santos, sobre a cidade da Bahia (sic) informa a respeito deste forte:
"(...) e mais apartado da cidade, em uma ponta de terra, está o Forte de Santo Antônio o qual tem de presídio dez soldados, dos quais quatro sãomosqueteiros e seis arcabuzeiros, um cabo, condestável que todos vencem soldo conforme o de S. Filipe. Tem o capitão com 40.000 [ réis ] de ordenado."1
No mesmo período, Diogo de Campos Moreno complementa essas informações:
"Forte de Santo António da Barra com um canhão de bronze de 38 quintais jogando 10 libras de bolas; dois sacres ou meia espera de bronze de dezoito quintais jogando 10 libras de bola; um falcão de dedo de seis quintais. O capitão tinha de ordenado 60 mil réis anuais; o tenente ou cabo de esquadra, 38 mil réis; e dez mosqueteiros, a 33 mil réis cada um. O condestável de artilharia percebia 38.400 por ano. Um ajudante, a 19.200 [réis]." 


As invasões holandesas
No contexto das Invasões holandesas do Brasil foi ocupado pelos neerlandeses na ofensiva de 1624 sem oferecer resistência, no dia 9 de maio. Foi reconquistado por tropas luso-castelhanas no ano seguinte, que nele concentraram o foco do contra-ataque, até à chegada da esquadra de D. Fadrique de Toledo Osório. Desse modo, foi ao abrigo do fogo da artilharia do Forte da Barra, que quatro mil homens desembarcaram para a retomada de Salvador, de onde expulsaram os invasores a 30 de abril.
Em 1626, um arquiteto francês projetou-lhe a forma de um polígono hexagonal, com dez metros de lado (SOUZA, 1983:171), o que se acredita não tenha se materializado, uma vez que se encontra figurado por João Teixeira Albernaz, o velho (Baía de Todos os Santos, 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro), ainda como um polígono octogonal, mas artilhado com apenas três peças pelo lado do mar. O acesso, pelo lado de terra, alcançava as dependências de serviço, no terrapleno, flanqueadas por dois baluartes circulares.
O farol da Barra
Após o naufrágio do Galeão Santíssimo Sacramento, capitânia da frota da Companhia Geral do Comércio do Brasil, num banco de areia frente à foz do rio Vermelho, a 5 de maio de 1668, o forte foi reedificado a partir de 1696, durante o Governo Geral de João de Lencastre (1694-1702), quando recebeu um farol - um torreão quadrangular encimado por uma lanterna de bronze envidraçada, alimentada a óleo de baleia -, o primeiro do Brasil e o mais antigo do Continente (1698), quando passou a ser chamado de Vigia da Barra ou de Farol da Barra.
O capitão Santo Antônio de Lisboa
Em 1705 o Senado da Câmara de Salvador solicitou ao Governador-geral D. Rodrigo da Costa (1702-1705), que Santo Antônio de Lisboa sentasse praça nesta fortificação, no posto de Capitão (BARRETTO, 1958:170-171). A proposta foi aceite, tendo o Governador-geral expedito ordem, a 16 de Julho do mesmo ano, ao Provedor-mor da Fazenda Real do Estado do Brasil, para que o santo assentasse praça no posto de Capitão-intertenido, com o soldo sendo pago ao síndico do Convento de São Francisco, o que foi aprovado pela Coroa por Alvará de 7 de Abril de 1707. Posteriormente, pelos Decretos de 13 de Setembro de 1810 e de 25 de Novembro de 1814, o soberano promoveu o santo aos postos de Major e de Tenente-coronel, respectivamente.

O forte apresentava ruína em 1752 e sofreu reformas em 1756 (SOUZA, 1983:171). BARRETTO (1958) dá-o como guarnecido por um Capitão comandante, um Sargento artilheiro, dois Tambores e oito Soldados artilheiros, artilhado com oito peças de bronze (duas de calibre 24, quatro de 16 e duas de 12) e dezessete de ferro (oito de calibre 36 e nove de 8) (op. cit., p. 170), acredita-se que para esse meado do século XVIII. A iconografia de José António Caldas("Planta e fachada do forte de S. Antonio da Barra". in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu reconcavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), exibe a planta atual, de autoria do EngenheiroJoão Coutinho, atribuída ao ano de 1772, quando recebeu o formato de um polígono decagonal irregular, com seis ângulos salientes e quatro reentrantes, com parapeitos à barbeta. O terrapleno, acessado por um túnel em rampa que termina em escadaria, abriga edificações de um pavimento compreendendo as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa, Cozinha, Casa da Palamenta, e outras), e cisterna abobadada. Nele estava situada ainda a torre do farol, de seção cilindrica. A construção é em alvenaria de pedra gnaisse, extraída do próprio local, e a portada é em cantaria de arenito.
Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de 9. Forte de S. A. da Barra (Elevaçam e fasada que mostra em prospeto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os  desenhos de trajes típicos femininos.

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