sábado, 11 de janeiro de 2014

MUNDO SOFRE COM MUDANÇA NO CLIMA

Por
Noemi Flores



A variação climática com  calor ou frio demais está afetando  países como os Estados Unidos e o Canadá, com inverno rigoroso, inclusive em algumas regiões  com temperaturas não sentidas há mais de  20 anos. No Brasil, a população experimenta o verão mais intenso dos últimos dez anos.


Para o engenheiro Fernando Genz, pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), da Universidade Federal da Bahia (Ufba), este aquecimento do clima com temperaturas  extremas têm como causa o aumento dos gases que provocam o efeito estufa .

Sobre a situação climática atual, de acordo com Fernando Genz “há um aquecimento do clima no planeta acontecendo mais intensamente desde a metade do século passado devido ao aumento dos gases que provocam o efeito estufa. Ele  é responsável por regular a temperatura do ar próximo da superfície da Terra. Em alguns casos pode ocorrer a influência local da urbanização, que gera ilhas de calor devido ao uso de materiais que retêm esta temperatura quente, situação essa agravada pela existência de poucas áreas vegetadas, como praças e parques”, explicou.


O engenheiro cita, como exemplo, Salvador: “Apresenta um aumento de temperatura média anual de 1,3°C entre 1950 e 2009. Conforme o Quinto Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicado no ano passado, é praticamente certo que o aumento dos gases do efeito estufa decorre de emissões das atividades humanas, em especial do uso de combustíveis fósseis e queima de carvão”, observou.

Para o pesquisador a situação futura do planeta não é boa, se medidas urgentes não forem adotadas pelos dirigentes e a população. “Uma vez que as emissões mundiais desses gases continuam nas mesmas quantidades, inacreditavelmente devido à falta de acordo internacional, à inércia dos governos, por consequência da sociedade mundial, a tendência é o aquecimento continuar acontecendo”, advertiu.

 Genz  sinaliza que uma das consequências do aquecimento global destacadas pelos cientistas de clima, além do aumento da temperatura do ar, “é a maior intensidade dos fenômenos meteorológicos, já que tem mais calor (energia) no sistema climático, ou seja, a ocorrência de precipitação mais intensa, seja na forma de chuva ou neve, levando a importantes impactos socioeconômicos e ambientais”.



Jornalista dá seu depoimento
O jornalista Sergio Toniello Filho, que estuda inglês e business, em Toronto, no Canadá, conta da sua experiência de enfrentar um inverno tão rigoroso. Por ser gaúcho de Caxias do Sul, Sérgio já enfrentou inverno  rigoroso aqui no Brasil, mas afirma que não se compara com o do Canadá, que é muito mais intenso.

“Ontem fez sensação térmica de 42 graus negativos aqui em Toronto. Mais para o norte do Canadá fez 50 graus negativos de sensação térmica, mas lá é mais comum. Já aqui em Toronto não. Havia 20 anos que os torontianos não presenciavam essa temperatura. A sensação térmica foi 43 negativos e a temperatura 23 negativos, ontem pela manhã”, contou o jornalista.

Toniello disse ainda que, apesar de ser do sul do Brasil, “nada se compara ao frio daqui. Por mais que você se agasalhe, você vai sentir frio ao andar na rua. Eu estou levando essa nova experiência numa boa, não gosto de frio, mas faz parte do aprendizado”.

Para o jornalista a vantagem é que em Toronto todos os lugares têm calefação. “Portanto você só sente frio quando  está andando na rua mesmo, quem tem carro, por exemplo, dificilmente sente frio. E um outro detalhe também é que há duas semanas teve `reezen rain´, uma chuva que congela tudo instantaneamente. Causou muitos problemas para a população aqui e muita gente ficou sem luz. Sorte que eu não fiquei,  mas foi uma coisa que não acontecia há 20 anos também. Agora está 13 graus negativos e sensação térmica de 24 negativos. Mas sexta (hoje) já vai fazer 7 graus. Pra gente é  muito quente”, concluiu.


Um verão normal na Bahia
A meteorologista Marinês Cardoso, do Instituto Nacional de Meteorologia,  tranquiliza a população em relação ao disparate de temperatura e  afirma que esta  será a mesma de outros verões, ou seja entre 29 a 30 graus, em Salvador,  e nas regiões mais quentes, como do São Francisco, sudoeste e nordeste do estado, variando entre 34 a 35 graus.
“Vai ser normal. Não tem nenhum prognóstico em torno de temperaturas fora da normalidade, porque no verão a temperatura é alta mesmo com a tendência de ir aumentando conforme os meses. Por exemplo, fevereiro é mais alta que janeiro. Março é assim até o período das chuvas”, disse Marinês.
A meteorologista explicou o porquê de alguns locais na cidade serem mais quentes que outros. “As avenidas com muitos prédios, locais com asfalto e todo e qualquer lugar sem ventilação têm esta tendência”, afirmou.  Quanto a sensação térmica, ou a temperatura aparente, ela explica que se trata de “uma indicação da percepção da temperatura do ar, que pode diferir da temperatura real devido a fatores climáticos que afetam a transferência de calor entre o corpo e o ar”.


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