Um cumpridor da palavra empenhada
Por Tiago Ferreira da Silva
Durante a época das Cruzadas, cristãos e muçulmanos entraram em conflito pela disputa territorial da chamada Terra Santa, situada em Jerusalém. Tristes relatos de batalhas violentas de ambos os lados eram passados de gerações em gerações, alimentando o ódio entre as duas religiões.
Saladino
O árabe Salah al-Din Yusuf ibn Ayub, que seria conhecido como Saladino, cresceu ouvindo essas histórias. Nascido no ano de 1137 na cidade de Tikrit, Iraque, ele foi o terceiro filho homem, mas logo assumiu uma postura de líder, pois seu irmão mais velho viria a falecer e o irmão do meio não agradava seu pai.
O Oriente Médio passava por uma violenta guerra civil devido a divisão da religião islâmica em facções sunitas e xiitas. Seu tio, Xir-kuh, era chefe do exército sunita que pretendia invadir o Egito e lutar contra os xiitas. Para auxiliá-lo no combate, ele levou Saladino e conseguiu conquistar o Cairo após quatro anos de batalhas.
Xir-kuh chegou a ser rei do Egito, mas morreu alguns meses depois. Assim, decidiu-se que o herdeiro mais apropriado a assumir seu lugar fosse Saladino, por seu perfil de líder e guerreiro. Com pouco mais de 30 anos, foi nomeado sultão e tomou controle da Síria, ampliando seu império.
Saladino decidiu ocupar lugares estratégicos para preparar uma defensiva contra os cruzados. Em 1183, tomou a cidade de Aleppo e, três anos mais tarde, conseguiu ocupar toda a Alta Mesopotâmia. Segundo seus biógrafos e historiadores, ele era diplomático: tentava chegar a um acordo com os inimigos e só partia para a guerra quando não conseguia atingir seus objetivos de outro modo. Graças a esse tom conciliador, ele conseguiu minimizar o conflito entre xiitas e sunitas e dominar as capitais de Damasco, Bagdá e Cairo, que somavam mais de 2 milhões de habitantes.
Cristãos entregam Jerusalém a Saladino.
Desfrutando de grande popularidade, o sultão decidiu conquistar a cidade de Jerusalém, em 1187, com soldados árabes e, também, cristãos e judeus, que se converteram ao islamismo porque gostavam de sua humildade e sinceridade com o povo. Em abril daquele ano, deparou-se com o exército de Guy de Lusignan, que comandava Jerusalém e lutava ao lado dos cruzados. Venceu-os e fez mais de 700 prisioneiros, mas, algum tempo depois, ordenou a execução de todos eles - com a exceção de Lusignan.
Em outubro de 1187, os árabes invadiram a cidade de Jerusalém e destruíram todos os altares cristãos da chamada Terra Santa. Após alguns conflitos, os líderes árabes e europeus chegaram a um consenso, permitindo a peregrinação cristã pela cidade de Jerusalém.
No dia 4 de março de 1193, Saladino morreu. Parte de sua herança em dinheiro foi doada à cidade e ao seu povo. Apesar de seu caráter guerreiro como sultão árabe, Saladino era famoso por sua generosidade e humildade, tanto por seus aliados como pelos seus inimigos. Diziam que, qualquer que fosse o lado que o sultão estivesse, sempre cumpria com sua palavra.
Fonte: InfoEscola
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