Baturité é um município brasileiro do estado do Ceará. Localiza-se na microrregião de Baturité, mesorregião do Norte
Cearense. Sua população estimada no
último censo é de 32.968 habitantes.
Baturité é a terra natal de Franklin Távora,
escritor do romantismo,
autor de O Cabeleira;
de Luiz
Severiano Ribeiro, o fundador do Grupo
Severiano Ribeiro e do Major
Antônio Couto Pereira,
um dos maiores presidentes do clude de futebol Coritiba, responsável pela construção do antigo estádio
Belfort Duarte, atual Estádio
Major Antônio Couto Pereira.Faz
parte do Polo
Serra de Guaramiranga.
O
topônimo Baturité apresenta várias hipóteses etimológicas:
Para Paulino
Nogueira, este vem do decomposto
do Tupi BU (sair,
rebentar, sair da fonte), TY (água) e ETE (boa)
e significa sair água boa, uma alusão às inúmeras fontes de água
cristalina que jorram da serra; ou uma corrutela do IBI (terra), TIRA (alta), ETÉ e
significa serra;
Para José de Alencar,
este vem de Baturieté (narceja: uma ave ilustre), que
composta por Batuira e Eté, nome que honra o chefe Potyguara e na linguagem figurada significa valente
nadador;
Para Pedro
Catão, vem de Batu (monte
serra) e Ete (desinencia superlativa) e significa verdadeira
serra, serra por excelência;
Antônio Martins Filho e Raimundo Girão diferenciam-se
da versão de Paulino
Nogueira apenas nos termos Tira,
que seria Itira ou Atira (o monte, o monte),
pois na análise fonética YBY, Y representa-se
por I ou U, o que resultou para os
portugueses IBI ou UBU e de ATYRA resultou ATURA.
Compondo ficou IBATURA, BATURA com a queda da
vogal inicial átona, fenômeno muito comum na acomadação portuguesa do Tupi.
Desta formaBATURA (montão, monte de terra ou serra) e os índios
juntaram o sufixo ETÉ (principal, a verdadeira ou real) e
ficou BATUETÉ (serra verdadeira ou real). Para estes, a
expressão Serra de Baturité é pleonástica, pois Baturité já significa serra.
Suas
denominações originais eram Aldeias das Missões, Missão de Nossa Senhora da
Palma, Palmas, depois Vila Real Monte-Mor o Novo da América e, desde 1858,
Baturité.
Região
habitada por diversas etnias como os Potyguara, Jenipapo, Kanyndé,8 Choró
e Quesito, recebeu a partir do século XVII diversas expedições militares e
religiosas. Com a expulsão dos holandeses, a coroa portuguesa iniciou o processo de
ocupação definitiva das terras cearenses que intensificou-se através da
ocupação missionária pelosJesuítas, a doação de sesmarias, busca de metais preciosos e a implantação da
pecuária do Ceará. Em 1755, Baturité, ou melhor, Missão de Nossa
Senhora da Palma, surge neste contexto como uma missão tendo como
finalidade aldear os índios da região. Em 1759, com a expulsão dos Jesuítas, a missão foi elevada a condição deVila com o nome de Monte-Mor o Novo
d'América. Em 1791, nesta vila foi reunido aos Kanindé, Jenipapo um
contingente de índios oriundos de missões em conflitos, como: os Jucá da Vila de S. Mateus, os Paiacu da Vila de
Monte-Mor-o-Velho e da Vila de
Portalegre.
Por
causa do clima ameno e da água em abundância, Baturité e outros municípios vizinhos
serviram de refúgio para populações sertanejas de cidades como Canindé e Quixadá, que ali se abrigaram durante a Seca dos Três
Setes (1777 a 1793). Um marco da presença católica no município é o grupo de igrejas, conventos e mosteiros que ainda resistem ao tempo e alguns deles
convertidos em hospedarias nos dias atuais.
Em
1824, Manoel Felipe Castelo Branco trouxe do Pará para Baturité, mudas de café, fato que trouxe transformações na atividade
econômica e vida social local.
Na
metade do século XIX,
Baturité tinha como principal atividade econômica a cultura do café, chegando na época a deter 2% de toda a
produção brasileira. Há relatos de que o café de Baturité era um dos mais
apreciados nas cafeterias francesas. Com o crescimento da cultura do café surge
a necessidade de uma via mais rápida de escoamento da produção para o porto
de Fortaleza,
que era feita através das precárias estradas da época. Neste contexto, em 1870,
um grupo de comerciantes lança a proposta de construir a primeira ferrovia no
estado, constituindo juridicamente a Estrada de
Ferro de Baturité e um porto em Fortaleza.
Em 1882, é inaugurada a estação ferroviária de Baturité,10 pela
qual o café foi tranportado diretamente ao Porto de Fortaleza. Em 1921, com a expansão da estrada de ferro, Baturité recebe mais uma
estação ferroviária, mais precisamente no povoado do Açudinho (hoje
Alfredo Dutra)11 .
A
cultura do café, entre 1870 até a superprodução e a superoferta de 1929,
impulsiona a economia e a vida social de Baturité, bem com a modernização da
cidade.
Não
há evidência de uma Belle Epoque em Baturité; a classe média era bastante
exígua e sua população era basicamente rural. Suas ruas só ganharam
pavimentação a partir de 1932, na administração do Capitão Ózimo de Alencar.
Ainda assim, contou com um atuante movimento urbano nas décadas de 1920 e 1930.
O
município tem 3 distritos: Baturité (sede), Boa Vista e São Sebastião.
A
cidade possui um clima bastante peculiar para esta região do Brasil. As máximas podem ultrapassar os 35°, chegando
aos 37° nos dias mais quentes ou não passando de 30° em dias com muita
nebulosidade. No entanto, o que faz a diferença são as mínimas, que podem
chegar aos 18° nos meses mais frios (entre junho e agosto), sendo que a média
mínima registrada nesse período é de 22º. A variação climática também é
bastante expressiva, podendo ocorrer variações de 15° entre o período da manhã
e da noite.
A
pluviometria média é de 1.088 mm12 com
chuvas concentradas geralmente no final do ano (em dezembro) e duram até março
sendo que neste último mês são registradas as maiores precipitações chegando a
ocorrer tempestades com ventos fortes e raios.13 Porém,
como em toda aRegião Nordeste, as chuvas também são irregulares podendo ocasionar seca e racionamento
de água, como o registrado entre os anos de 1998e 1999 quando o principal reservatório de abastecimento
da cidade, a Barragem Tijuquinha, chegou ao nível zero.
Localizado
no Maciço de Baturité, tem relevo na em sua grande parte montanhoso formado de maciços
residuais e depressões sertanejas, tendo como a maior elevação localizado na
serrota de São Francisco, cerca de 874 metros acima do nível do mar. Por:
Herivelton Queiroz
O
rio Putiú e rio Aracoiaba, juntamente com a Barragem Tijuquinha, são as maiores fontes de recursos hídricos para o abastecimento de
água para o município. Os riachos como: das Lajes, do Padre, da Panta, da Pedra
Aguda, Mucunã, Nilo, Pilar, Salgado, Santa Clara, Sinimbu, Supriano, completam
os recursos hídricos deste município e juntamente com o rio Putiú,desaguam suas
águas no rio Aracoiaba.
Caatinga arbustiva densa, floresta subcaducifólia
tropical, floresta úmida semi-perenofólia, floresta úmida semi-caducifólia,
floresta caducifólia e Mata Ciliar.
Aqui existe uma APA (Área de Proteção Ambiental).
Atualmente
a economia de Baturité baseia-se principalmente na exploração do setor terciário da
economia (comércio e
prestação de serviços), na extração vegetal e em culturas de algodão, banana, arroz,milho, feijão, café e cana-de-açúcar, porém, assim como na maioria dos municípios cearenses (com exceção do café), esta ainda é feita com técnicas agrícolas
rudimentares fazendo com que o solo empobreça e a produção seja insignificante
em termos nacionais. Ainda assim, Baturité se destaca na sua região sendo um
importante centro consumidor e abrigando sede de muitas empresas regionais. Com
um comércio forte, base da economia do município, a cidade vem conseguindo
muitos avanços na qualidade de vida da população e na modernização da cidade.
Ainda
é importante destacar o cultivo do café, que embora tenha diminuído muito após a crise de 29 e
outras crises na economia brasileira, vem crescendo, atualmente, utilizando-se
a técnica do cultivo sombreado e 100% orgânico. Esse tipo de cultivo fez com que o café baturiteense ganhasse
destaque nacional e internacionalmente por ser um produto de alta qualidade e
saudável.
Outra
fonte de renda do município é o turismo, com um grande potencial, mas que ainda
precisa ser melhor explorado. Baturité possui uma APA (Área de Proteção
Ambiental) nos remanescentes de Mata Atlântica existente
no município, trilhas, cachoeiras, áreas propícias para prática de esportes de
aventura e um grande acervo cultural espalhado por toda a cidade como museus,
monumentos e edificações centenárias. Dentre esses podemos destacar:
Um
dos principais eventos culturais da cidade são as Festas de Nossa Senhora da
Palma, padroeira do município, que se realiza a partir do dia 15 de agosto e a
Festa de Santa Luzia que se realiza a partir de 13 de dezembro. A feira livre,
sempre realizada aos sábados, também já é um marco cultural na cidade e reúne
feirantes da cidade e de regiões vizinhas. Espalhados pela cidade,
principalmente pela região central, encontram-se casarões em estilo colonial
construídos em meados do século XIX, época da fartura do café, alguns poucos
tombados. Estátuas e bustos de baturiteenses notórios, como Ananias
Arruda e Valdemar Falcão,
estão expostos em praças que levam seus nomes. A influência da igreja católica
na cultura da cidade é bastante expressiva. O monumento erguido à Nossa
Senhora de Fátima, trazido dePortugal, pode ser visto de praticamente toda a cidade e
muitos se aventuram em chegar lá vencendo seu acesso que possui 365 degraus. A
bi-centenária igreja de Nossa Senhora da Palma, construída em 1762 no estilo bizantino com
predominação no Barroco,
é a única nesse estilo no Brasil e já serviu como depósito de pólvora na
época da Confederação
do Equador. No entanto, denota-se
atualmente, a destruição progressiva de vários casarões e até monumentos
históricos para ceder lugar a prédios comerciais. Não existem políticas de
conscientização ou para restringir a degradação do patrimônio histórico de
Baturité, que findará em breve.
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