Por Joaci Góes
Se era propósito dos que queriam evitar
que a classe média voltasse às ruas, como o fez em junho
passado, para
protestar contra a subversão de critérios de prioridade que colocaram o circo
da Copa à frente de interesses mais caros à sociedade, o tiro terá saído,
literalmente, pela culatra, sobretudo, na medida em que se comprovar ter sido
de sua inspiração o fomento perturbador da presença dos agressivos integrantes
dos blackblocs, identificados como responsáveis pela morte do cinegrafista da
Band Santiago Andrade.
A partir de agora, a polícia, respaldada
pela opinião pública, agirá com força para não permitir que desordeiros de
encomenda desestimulem a participação dos que desejam se manifestar ordeira e
democraticamente na defesa de suas crenças e valores, como é prática das
sociedades livres.
Os episódios que se desenrolarão ao
longo do corrente ano comprovarão, mais uma vez, que o tempo é, de fato, o
senhor da razão, como respondeu Jesus Cristo a Pedro Simão que o inquiria
incrédulo por que lavava os pés dos discípulos: “Tu não sabes, agora, mas
saberás depois”.
Quando o Brasil foi escolhido para
sediar a Copa e os próximos jogos olímpicos, em 2016, o presidente Lula, que
creditava essas conquistas aos seus dons divinais, numa prova a mais de que
tudo de bom que existe neste País foi criação do seu partido político, não
teria como suspeitar que os excessos financeiros praticados na preparação da
infraestrutura dos dois eventos viriam rivalizar com o Mensalão no desgosto popular.
As dificuldades do governo recrudescerão
quando a sociedade tomar conhecimento de que os custos com a preparação do País
para receber a Copa são sensivelmente superiores aos que se imaginavam, como
resultante dos superfaturamentos de obras financiadas com dinheiro público,
como já se sabia que iria ocorrer. A novidade são os excessos.
Com uma educação ocupando o último lugar
entre os 34 países que compõem a OCDE – Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, com um serviço de saúde de péssima qualidade, com a
violência campeando, com níveis intoleráveis de corrupção e impunidade, com uma
infraestrutura social e física que entravam o seu desenvolvimento, o povo
brasileiro, finalmente, acordou para reagir ao grave equívoco de uma opção que retarda
a adoção de iniciativas indispensáveis à construção da maioridade nacional.
Vencido o verão e concluído o estado de
férias com as festas do carnaval, a expectativa é a de que o movimento das ruas
venha cobrar uma prestação de contas de difícil justificação, base provável das
campanhas que se oporão aos que estiverem à frente dos governos, sejam quais
forem os partidos, com ênfase especial contra os dirigentes do PT.
Como um mendigo a Júlio César, à entrada
do Senado, no ano 44 A.C., o momento é oportuno para que se advirta a
presidente Dilma com a célebre frase que resiste impávida à passagem dos
séculos: “Cuidado com os idos de março”.
Tudo democraticamente é claro. Sem mais
gratuito derramamento de sangue.
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