Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Graduada em Letras
O tamanho não é o que faz mal a este gênero de histórias. É
naturalmente a qualidade; mas há sempre uma qualidade nos contos que os torna
superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos.
Machado de Assis
Machado de Assis
O conto é um texto narrativo centrado em um relato referente a um fato ou determinado acontecimento. Sendo que este pode ser real, como é o caso de uma notícia jornalística, um evento esportivo, dentre outros. Podendo também ser fictício, ou seja, algo resultante de uma invenção.
No que se refere às origens, o mesmo remonta aos tempos antigos, representado pelas narrativas orais dos antigos povos nas noites de luar, passando pelos gregos e romanos, lendas orientais, parábolas bíblicas, novelas medievais italianas, pelas fábulas francesas de Esopo e La Fontaine, chegando até os livros, como hoje conhecemos.
Em meio a
esta trajetória, revestiu-se de inúmeras classificações, resultando nas
chamadas antologias, as quais reúnem os contos por nacionalidade: brasileiro,
russo, francês e por categorias relacionadas ao gênero, denominando-se em
contos maravilhosos, policiais, de amor, ficção científica, fantásticos, de
terror, mistério, dentre outras classificações, tais como tradicional, moderno
e contemporâneo.
Perfaz-se
de todos os elementos que compõem a narrativa, ou seja, tempo, espaço, poucos
personagens, foco narrativo de 1ª ou 3ª pessoa, corroborando em uma sequência
de fatos que constituem o enredo, também chamado de trama.
E um dos fatores de total relevância, é que o enredo apresenta-se de forma condensada e sintética, centrado em um único conflito. Tal característica tende a criar o que chamamos de unidade de impressão, elemento que norteia toda a narrativa, criando um efeito no próprio leitor, manifestado pela admiração, espanto, medo, desconcerto, surpresa, entre outros.
Fazendo referência a toda estética textual, observaremos alguns fragmentos inerentes a uma das criações de um importante contista de nossa contemporaneidade, Dalton Trevisan:
E um dos fatores de total relevância, é que o enredo apresenta-se de forma condensada e sintética, centrado em um único conflito. Tal característica tende a criar o que chamamos de unidade de impressão, elemento que norteia toda a narrativa, criando um efeito no próprio leitor, manifestado pela admiração, espanto, medo, desconcerto, surpresa, entre outros.
Fazendo referência a toda estética textual, observaremos alguns fragmentos inerentes a uma das criações de um importante contista de nossa contemporaneidade, Dalton Trevisan:
Apelo
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de
casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde,
esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom
ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso
é saudade, Senhora? Às suas violetas, na
janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a
meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora,
conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora,
por favor.
Origem: Brasil Escola
Nenhum comentário:
Postar um comentário