O Museu
Botero (em espanhol, Museo
Botero) é um museu de
arte localizado em La Candelaria,
centro histórico e cultural da cidade de Bogotá, capital da Colômbia. O museu surgiu a partir de uma doação de obras
de arte feita pelo artista plástico colombiano Fernando Botero ao
governo do seu país. Tal coleção é composta por 123 obras de autoria do próprio
Botero e outras 85 obras de arte internacional, abarcando o período que vai de
meados do século XIX à arte contemporânea. Inaugurado no 2000, o museu é mantido pelo Banco
da República da Colômbia.
Ocupa um edifício em estilo colonial, antiga sede da Hemeroteca Luis López de Mesa, hoje pertencente ao
complexo cultural da Biblioteca
Luis Ángel Arango.
Do
fim da década de 1960 em diante, o artista plástico colombiano Fernando Botero passou
a se dedicar intensamente ao hábito do colecionismo.
Sua primeira aquisição foi um desenho de Fernand Léger,
mas, a princípio, a maior parte de suas aquisições era composta por artefatos pré-colombianos. Em seguida, o artista se interessou pela arte colonial e,
posteriormente, por pinturas, esculturas e desenhos de artistas internacionais
dos séculos XIX e XX. Esta coleção, embora não seja numericamente expressiva,
se destaca pela qualidade individual das peças, adquiridas em galerias
comerciais de prestígio ou diretamente junto aos autores e seus
familiares. As obras encontravam-se dispersas pelas várias residências de
Botero em Nova Iorque, Paris, Montecarlo, Pietrasanta ou
em depósito em um banco suíço.
Em
meados da década de década de 1990,
Botero, que já havia feito doações pontuais de obras de sua autoria a museus
colombianos desde 1976, aventou a possibilidade de doar sua coleção de arte
universal ao Museu de
Antioquia, em Medellín, sua cidade-natal, com o objetivo de permitir à
juventude colombiana o conhecimento direto da produção artística universal
através de obras originais. Não obstante, a lentidão das autoridades
antioquenhas em tomar decisões para viabilizar a doação levaram o artista a
aceitar a proposta do então prefeito de Bogotá, Enrique
Peñalosa, de legar sua coleção à
capital colombiana. Peñalosa propôs a construção de um edifício para abrigar as
obras, mas o artista preferiu doar sua coleção, então avaliada em
aproximadamente 200 milhões de dólares, ao Banco da República da Colômbia, uma
vez que essa instituição já possuía uma trajetória de realização de atividades
culturais, ademais de administrar um complexo de equipamentos culturais em
Bogotá, incluindo a Biblioteca Luis Ángel Arango, onde Botero havia exposto
alguns anos antes algumas de suas obras pertencentes à série La Corrida.
A
doação foi efetuada em 1998. No ano 2000, a coleção chegou à Colômbia, depois
de ser exposta na Fundación
Santander Central Hispano de Madri, e o Museu Botero, instalado na antiga
Hemeroteca Luis López de Mesa, no centro histórico de Bogotá, foi inaugurado.
Pouco tempo depois, atendendo a um pedido das autoridades deantioquenhas, o artista doou um segundo lote de obras ao
Museu de Antioquia, composto por 34 peças de sua autoria (incluindo 23
esculturas instaladas no parque que leva seu nome, em frente ao museu) e 21
obras de artistas internacionais.
O
Museu Botero encontra-se sediado em um edifício em estilo colonial, erguido em
1955. Trata-se de uma réplica contemporânea do antigo Palácio Arcebispal,
erguido no mesmo terreno em princípios do século XVIII e
destruído por ocasião da onda de violência que se seguiu ao assassinato
de Jorge Eliécer Gaitán na década de 1940.
A mais antiga referência à construção original data de 1724, quando o
arcebispo Antonio
Claudio Álvarez de Quiñonez adquiriu
o terreno, ainda com a construção inacabada, tratando de adequá-la para uso
residencial. A partir de então, o edifício passou a ser utilizado como Palácio
Arcebispal, servindo de residência a quase todos os arcebispos e bispos de
Bogotá, da sua construção ao início do século XX.
Entre
1788 e 1790, quando foi ocupada pelo arcebispo Antonio
Caballero y Góngora, a construção passou por
importantes melhorias. Góngora também teria deixado no edifício sua biblioteca particular e sua coleção de obras de arte
que, segundo Daniel Ortega Ricaurte, incluiria obras de Ticiano, Michelangelo, Reni, Murillo e Velázquez.
Já no século XIX,
durante o bispado de Vicente Arbeláez, a casa passou por uma reforma projetada
por Bartolomé
Monroy. As descrições da residência
nesse período permitem afirmar que se tratava de uma construção bastante
conhecida na cidade, ao mesmo tempo austera e imbuída de alguma solenidade. A
casa era dotada de uma chaminé, o que a tornava exótica em meio às construções
de Bogotá.
Vizinha
ao palácio, encontrava-se a Casa da Moeda, construída entre 1753 e 1756, a
edificação mais representativa das redondezas, que serviu de morada a diversos
personagens importantes da história colombiana, como o alcade de Bogotá Luis
Caicedo y Flórez e o presidente de Nova
Granada José
Ignacio de Márquez. Quando da guerra
civil de 1860-1862, um grupo de aproximadamente
mil opositores de Tomás
Cipriano de Mosquera atacam
partes de Bogotá e a Casa da Moeda e o palácio episcopal são parcialmente
incendiados. As duas edificações foram restauradas nos anos seguintes e o
Palácio Arcebispal continuou a serviço do clero.
Após
o assassinato de Jorge Eliécer Gaitán, em 9 de abril de 1948, uma grande onda de violência varreu Bogotá. Em
meio aos conflitos, o Palácio Episcopal foi novamente incendiado, mas, desta
vez, a destruição foi irreversível. O Banco da República da Colômbia, então,
resolve adquirir o terreno e, com base em fotografias aéreas e na documentação
iconográfica das fachadas, inicia sua reconstrução. A réplica é inaugurada em
1955, mas como propriedade do Estado, sendo o Palácio Arcebispal transferido
para outra localidade. O primeiro uso do edifício foi como sede da Corte
Suprema de Justiça. Posteriormente, o edifício foi cedido à Biblioteca Luis
Ángel Arango, que o utiliza como sede da Hemeroteca Luis López de Mesa,
inaugurada em 1979. A construção ainda abrigou, em meados da década de 1990,
parte da Coleção de Arte do Banco da República da Colômbia. Por fim, em novembro de 2000, é cedida para
abrigar o recém-fundado Museu Botero.
A
coleção de arte internacional do Museu Botero é composta por 85 obras,
abarcando um período de aproximadamente 150 anos, de meados do século XIX à
arte dopós-guerra, produzidas por artistas europeus, norte e latino-americanos. Trata-se da mais importante coleção de arte ocidental moderna e
contemporânea na Colômbia e é bastante expressiva no contexto sul-americano.
A
obra cronologicamente mais remota da coleção é Cigana com pandeireta,
de Jean-Baptiste-Camille
Corot. Do movimento impressionista, o museu conserva dois óleos de Pierre-Auguste Renoir, uma Vista de Amsterdã de Claude Monet e
outras obras de Eugène Boudin, Camille Pissarro, Gustave Caillebotte, Edgar Degas,Armand Guillaumin e Alfred Sisley.
Da estética pós-impressionista ou proto-moderna, há obras de Henri de
Toulouse-Lautrec, Édouard Vuillard e Pierre Bonnard.
No
que segmento referente ao modernismo e à arte contemporânea da Europa, a coleção abarca correntes diversas, como o surrealismo,
o expressionismo, a nova objetividade alemã e obras próximas do cubismo. Entre as pinturas, destacam-se dois óleos
tardios de Pablo Picasso, Maternidade (1936) de Max Beckmann,
e outras obras de Alberto Giacometti, Joan Miró, Jacques
Lipchitz, Francis Bacon e Antoni Tàpies.
A coleção de esculturas abarca autores como Aristide Maillol, Salvador Dalí,Alexander
Calder, Anthony
Caro, Giacomo
Manzú, Henry Moore, Jean Dubuffet e Max
Ernst e, a de desenhos, Fernand Léger, George Grosz Henri Matisse, Gustav Klimt e Balthus.
A
coleção abarca ainda um número significativo de exemplares das vanguardas
americanas de meados do século XX, com obras do cubano Wifredo Lam,
do chilenoRoberto
Matta, do uruguaio Joaquín Torres García e dos norte-americanos Robert Rauschenberg, Willem de Kooning, Robert Motherwell e R. B. Kitaj.
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