quinta-feira, 27 de março de 2014

BAIANOS DESCONHECEM A HISTÓRIA DA BAHIA

Salvador 465 anos


Por
Daniela Pereira



Morar em uma cidade histórica, com 171 monumentos entre bustos, fontes e estátuas, e participar dos festejos civis, nem sempre significa conhecimento. Diariamente, as pessoas costumam passar por essas
peças artísticas, mas poucos conhecem a carga histórica para a cidade. Basta uma rápida circulada na capital baiana para isso ficar comprovado. Em alguns casos, turistas “dão um show” de conhecimento ao contar a história das lutas e personalidades de Salvador.
Em diversos pontos da cidade, um pouco da história baiana e brasileira é contada. Foi em 1815 que Salvador ganhou o primeiro monumento, marcando a chegada de Dom João VI e da família real portuguesa à Bahia. Inicialmente, o obelisco de mármore foi colocado no Passeio Público e mais tarde transferido para a Praça do Campo Grande. De lá para cá, muitas outras peças foram inauguradas na cidade com imenso valor histórico e cultural.
 “A gente passa todo dia por essas estátuas, mas na correria do dia nem paramos para observar direito e nem ler quem é o homenageado”, disse Maria Cecília Batista, 43 anos, enquanto aguardava um ônibus na região da Sete Portas, local que abriga um dos mais antigos mercados da cidade, construído pelo empresário Manoel Pinto de Aguiar.

E não é só Maria Cecília que pensa dessa forma. Na região da Cidade Baixa, onde se concentram grande parte dos pontos turísticos da cidade, muitos não conhecem a história do local. “O Mercado Modelo era o lugar onde viviam os escravos, mas para onde eles iam daqui eu não sei”, diz o vendedor de água, Maurício Bonfim, 32, que trabalha em frente ao mercado citado. “Toda vez que visito Salvador sempre venho ao Mercado Modelo. A história daqui é fascinante. Sempre olho para a rampa e imagino um monte de vendedores e navios atracados. Além disso, também me fascinam as lendas urbanas sobre os gritos e barulhos de correntes arrastadas vindo do subsolo do Mercado, onde ficavam os escravos”, contou a professora pernambucana, Maísa Tito, 37.
Ainda na Praça Cayru, a alguns metros do Mercado, está o Elevador Lacerda e o monumento Mário Cravo, em homenagem ao escultor, pintor, gravador e desenhista Mário Cravo Júnior. Subindo o Elevador, podemos encontrar outra peça de autoria de artista: a Cruz Caída. Inaugurada em 1999, a peça de aço inox, foi uma homenagem ao aniversário de Salvador. A Praça Tiradentes, Comércio, também abriga a Escultura da Mão, símbolo da união entre raças. “É uma pena uma escultura tão bonita está toda pichada e abandonada desse jeito. Sempre que passo por lá vejo algum morador de rua dormindo ou guardando objetos entre as duas ‘mãos’. De qualquer forma a cidade ainda continua muito bonita”, afirma Tito.
Na região da Garibaldi, outro monumento, recentemente vitimado pelo vandalismo, também passa despercebido pelos soteropolitanos. “Sei que o nome é Clériston Andrade, mas sei quem ele foi”, disse Raquel Pereira, 17 anos, referindo-se a efígie em homenageia ao ex-prefeito de Salvador, que morreu às vésperas de concorrer o cargo do Executivo.

Abandono faz parte da paisagem
Ação do tempo ou vandalismo são principais agentes motivadores da degradação das peças artísticas e históricas da cidade. O monumento Clériston Andrade, recentemente incendiado por moradores de rua que se abrigavam no local, ainda permanece sem reparação. A escultura das mãos entrelaçadas sofre com o desgaste da pintura e pichações.

Recentemente, a Tribuna divulgou matéria sobre a degradação da Praça Almeida Couto, em Nazaré. As placas de bronze e os bustos foram roubados e as pedras de mármore, quebradas. Segundo moradores e comerciantes do local, as ações de criminosas são cometidas por usuários de crack e desocupados, ainda não identificados.
Fonte: Tribuna da Bahia


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