O gênio do cinema
brasileiro
Blog do Facó
O nobre e
sisudo nome, Oscar Lorenzo Jacinto de la Inmaculada Concepción Tereza Diaz, deu
origem a Oscarito – um dos mais famosos humoristas brasileiro (embora fosse
espanhol, de Málaga). Tudo começou
aos cinco anos, trabalhando com os pais no
Circo Spinelli, no Rio de Janeiro, depois em teatros de periferia e interior, e
no cinema, fazendo alguns papeis menores, até galgar fama através do seu
carisma e talento de comediante e improvisador.
A estreia de
Oscarito como comediante foi na peça “Honrarás tua mãe”, mais tarde atuou no
espetáculo “Calma Gegê”. Em “Noites Cariocas” (1935), ao lado de Mesquitinha e
de Grande Otelo – outro inestimável artista e parceiro mais constante, Oscarito
estreou no cinema. Depois fez o clássico “Alô, Alô Carnaval” (1936), da
Cinédia, e foi contratado por Luiz Severiano Ribeiro, dando início a sua fase
da Atlântica. Ao todo foram 45 filmes no estúdio até 1965.
Oscarito e Grande Otelo
A década de
50 foi de grande importância para a qualidade do gênero “chanchada”, antes
produzido sem esmero. Na nova fase, com a criação em São Paulo da Vera Cruz,
companhia cinematográfica criada por Franco Zampari e Assis Chateaubriand,
houve empenho contra a produção barata, cinema de ocasião e investiu-se alto,
pari passu ao nível técnico e estético.
As histórias
simples e números musicais intercalando a “chanchada”, com o único pretexto de
ambientar a cena no carnaval foram desaparecendo. Embora a fórmula básica fosse
a mesma, houve uma elaboração maior no roteiro, uma óbvia referência paródica à
polícia getulista e uma das grandes sacadas da Atlântica: sátira aos filmes
americanos épicos ou simplesmente de grande sucesso.
Oscarito e Eliana
Surgiram então
obras-primas do cinema brasileiro, como “Nem Sansão nem Dalila” (1954), nas
quais Oscarito era um dos astros, obras que apresentam uma visão política muito
sofisticada, satirizando o governo getulista ao mesmo tempo em que parodiam
superproduções americanas, “Sanção e Dalila” de Cecil B. de Mile e “Matar ou
Morrer”, de Fred Zinnermann.
O espanhol, nascido
em 1906, mesma data do pintor Pablo Picasso, assumiu a condição de brasileiro e
de malandro carioca. Oscarito atuou em quase todas as áreas de seu ramo: rádio,
circo, teatro de revista, disco, televisão e principalmente cinema. Ombreou-se
aos maiores e melhores comediantes do mundo, notadamente Charles Chaplin,
Harold Lloyd, Buster Keaton (que jamais sorriu ou falou em suas atuações), Os
Irmãos Marx, e o sempre festejado mexicano Cantinflas, nomes que a geração
atual sequer ouviu, muito menos viu atuar.
Oscarito
morreu aos 64 anos, em 4 de agosto de 1970, no Rio de Janeiro, época em que já
havia se afastado do mundo dos shows. Mesmo assim, recebia, para sua
satisfação, a chancela unânime dos críticos de cinema e da plateia brasileira
de ser “o maior comediante brasileiro”.
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