terça-feira, 29 de abril de 2014

FESTAS DO FOLCLORE BAIANO

Festas remanescentes que ainda perduram em determinadas regiões

 

Bailes Pastoris
Folguedo dramático popular originado do teatro religioso medieval, os bailes pastoris eram escritos por anônimos bi-letristas, em representação a autos sagrados, e encenados no adro e dentro dos templos católicos. Hoje, são representações familiares, de trama simples, mas ainda, em sua maioria, de resguardo das heranças religiosas. O enredo culmina na chegada de alguém trazendo a notícia do nascimento de Cristo, fazendo com que todo o elenco ponha de lado as suas divergências para, em convergência unânime, conclamar a plateia a fazer a peregrinação sagrada de respeito e adoração ao ilustre filho de Deus.
A dramatização se divide em dois cordões rivais de pastorinhas: azul e encarnado; cores votivas de Nossa Senhora e Jesus Cristo. Os grupos disputam fervorosamente a preferência do público, cabendo à moderadora Diana, metade azul e metade encarnado, apaziguá-los. As pastoras são moçoilas trajadas de branco, com uma fita longa do cordão a tiracolo (conforme a cor) e chapéu rústico de palha com abas largas enfeitadas por fitas. O cordão encarnado é chefiado pela mestra e, o azul, pela contra-mestra. Figuram, ainda, anjos e pastores, o velho (figura cômica), estrelas, as estações, as virtudes, as flores, a Terra, o Sol e a Lua, a noite e, em geral, gente humilde – peixeira, florista, camponesa, baiana, caçador, jardineiro…
As cantigas relacionadas exclusivamente com o motivo sacro do Nascimento de Jesus, loas e jornadas delicadas, suaves e de fundo sacro – introduzidas pelos jesuítas no século XVI – passaram a incluir, também, canções profanas, sem nenhum nexo com a representação, mas que fazem parte do imaginário popular local e continuam atraindo multidões com seus cânticos e danças.
Os bailes pastoris são destaque nas cidades de Prado, Canavieiras, Porto Seguro e Salvador, em especial no mês de dezembro, com a proximidade dos festejos natalinos.

“Lindro amor”
Lindro Amor é um peditório que se faz em benefício das festas de Nossa Senhora da Purificação ou São Cosme e Damião. O cortejo, formado por mulheres, homens e crianças, sai em visitação às casas, rogando saúde e prosperidade para os seus donos, professando a esperança de dias melhores e levando algo que simbolize a devoção. As mulheres vão sempre no meio, vestindo saias de roda estampadas e chapéus de palha, enfeitados com tiras coloridas. Elas dançam e cantam, enquanto os homens seguem atrás, com calças brancas, batucando o pandeiro, tocando a viola ou a sanfona. Na frente, as crianças animam o saimento, carregando uma caixa vazia com a imagem dos santos e onde serão depositadas as moedas para o preparo do caruru, a ser realizado a partir dos próximos sábados até findar o mês de outubro.
A tradição tem suas origens nos tempos da escravidão, quando os senhores de engenho permitiam que os escravos festejassem. Com o passar do tempo, o Lindro Amor – originário da expressão colonial portuguesa “Lindo Amor” – passou a ter conotações religiosas associadas às procissões e petitórios, que antecedem os carurus oferecidos aos santos e orixás irmãos. No caso de Nossa Senhora da Purificação, leva-se uma coroa em uma bandeja florida, junto à bandeira, enquanto os participantes entoam cânticos acompanhados do pandeiro e tambor.
Os santos são exibidos em pequenos altares, decorados com papel crepom colorido e flores. A doação é voluntária. Ao fim da primeira procissão, as imagens sacras ficam na casa de um morador antigo e querido da comunidade, e segue se revezando, de casa em casa, a cada nova vez. Conde, Candeias, Santo Amaro, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passe são as principais localidades onde a manifestação se faz presente.



Nenhum comentário:

Postar um comentário