segunda-feira, 7 de abril de 2014

FESTAS POPULARES


Por Luiz Carlos Facó

A Bahia é festiva. O seu povo, festeiro.
Em nenhum outro lugar do BRASIL fazem-se tantas festas. Cívicas ou religiosas, sempre impregnadas de alto cunho popular. Algumas com caráter tão regional que jamais transpuseram as linhas de demarcação do seu território. Como as famosas lavagens. Uma infinidade delas. Cada ano prenhe da mais algumas. É do
espírito do baiano dar-lhes vida. Eça de Queiróz, um dos maiores escritores da língua portuguesa, parece referir-se aos nossos conterrâneos quando diz: “Não há profissão mais absorvente do que a vadiagem”.
Para avivar a memória do leitor, vou roteirizar e dar o nome das nossas principais festas típicas, apontando as datas em que se realizam:
1º de Janeiro  – Procissão do Bom Senhor Jesus dos Navegantes;
5/6 de janeiro – Festa dos Reis Magos;
2 de fevereiro – Festa de Iemanjá;
Fevereiro ou março – Carnaval (uma semana inteira);
Março ou abril – 3ª quinta-feira após a Quaresma – Micareta;
13 de junho – Festa de Sto. Antônio (o mês completo);
23/24 junho – São João;
28/29 junho – São Pedro;
2 de julho – Festejos em homenagem à nossa independência;
26 de julho – Festa de Nanã (Senhora Santana), no terreiro do Gantois;
28 de agosto – Festa na Casa Branca ou Ilê Iyá Nassô, ciclo de Oxalá, que vai até o 3º domingo de setembro;
27 de setembro – Festa de Cosme e Damião (todo o mês de setembro);
4 de novembro – Festa de Santa Bárbara ou Iansã;
8 de dezmbro – Festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia nove dias).
Indicar a mais importante seria impossível, duas, no entanto, merecem destaque especial. A dedicada a Iemanjá, cantada em prosa e verso por Dorival Caymmi, e a da Conceição da Praia, que, apesar de religiosa, dá partida as de caráter carnavalesco.
Depois dela, sucedem-se inúmeras lavagens, a da Pituba, Itapoã, os gritos de Carnaval, os ensaios dos blocos, numa prévia do que acontecerá no período momesco, em priscas eras denominado tríduo carnavalesco.
Mas o que sempre me encantavam eram as festas de Santo Antônio e São João. Principalmente a de São João. Comemorada com fogos de artifício, fogueiras, comida farta: manauê, amendoim, milho verde cozido, canjica quente e de cortar, bolo de puba, carimã, doces de jenipapo, batata, tamarindo, ambrosia. Acepipes acompanhados de famosos licores de jenipapo, leite, chocolate, maracujá.
Numa festa animada por um fole de sete gaitas, um triângulo e uma zabumba. Tocando músicas nordestinas, onde predominavam o baião, xote, xaxado. Composições com uma construção rítmica tão alegre e envolvente, que contagiava a todos levando-os a rodopiarem pelo salão em passos marcados, principalmente quando se aventuravam a dançar quadrilha.
A originalidade da festança, contudo, ficava por conta das brincadeiras, cantorias, simpatias, e balões multicoloridos que subiam aos céus levando nossos desejos e orações.
Um casal que pulasse de mãos dadas a fogueira crepitante tornava-se compadre. As moças que recitassem a ladainha, que abaixo transcrevo, casavam-se na certa:
São Bartolomeu                                           Casar-me eu quero
São Ludovico                                                Com moço muito rico
São Nicolau                                                  Que ele não seja mau
São Benedito                                                Que ele seja bonito
São Vicente                                                  Que não seja impertinente
Santa Felicidade                                           Que me faça vontade
São Benjamim                                                          Que tenha paixão por mim
São Miguel                                                    Que dure a lua de mel
São Bento                                                     Que não seja ciumento
Santa Margarida                                          Que me traga bem vestida
Santíssima Trindade                                    Que me dê felicidade
AMÉM
Com o passar do tempo aqueles costumes se perderam. As bandeirolas que enfeitavam as residências, reverenciando São João, desbotaram, sumiram. As “sortes”, regalos distribuídos entre os convidados, sucumbiram diante das diversas crises econômicas pelas quais atravessamos.
Restaram os fogos de artifício, apesar dos perigos que impõem aos usuários. Perduraram, creio eu, pela beleza que espargem, deixando o céu mais luminoso, bonito e alegre.
E as danças. Porque baiano a elas jamais renuncia. 





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