Série: Municípios baianos
A História da Emancipação de Itajuípe começa
evidentemente com o quase comício de 1934. O município foi um dos pioneiros a
querer desmembra-se de Ilhéus. E era em verdade, o centro monetário da região
cacaueira representada pelo cobiçado território da velha Capitania de São Jorge
dos Ilhéus. Por ser assim, sofreu como nenhum outro, a desmedida e impensada
reação da Cidade Metrópole, havendo inclusive, atritos pessoais entre ardorosos
emancipadores distritais e os defensores da integridade do Município de Ilhéus.
A última etapa de luta pela emancipação,
desencadeou-se na década de 50, ou precisamente, em 1951, com a ascensão ao
Governo do Estado da Bahia, do Dr. Luís Régis Pacheco Pereira. O clima político
da campanha governamental fez os postulantes Regis Pacheco e Pedro Catalão
(candidato a Prefeito Municipal de Ilhéus) tornarem-se irreconciliáveis
adversários. Os itajuipenses capitaneados por um grupo político apartidário que
sofria profunda influência maçônica, soube tirar proveito da inimizade havida
entre o Governante municipal (profano) e o Governante estadual (maçom). A morte
injusta (assassinato) do Venerável de Honra da Maçonaria local, que, antes,
conquistara inesperada e inédita votação como candidatos a Vereador à Câmara
Municipal de Ilhéus, fez aumentar a discórdia, pois o crime foi apontado como
político, contaminando as mais lídimas lideranças ilheenses. A nomeação de um
Administrador distrital para Itajuípe passou a ser difícil, razão pela qual o
Prefeito Pedro Catalão teve que se valer da pessoa que à época das eleições
encontrava-se longe de Itajuípe, noutra zona eleitoral, embora fosse
emancipacionista. Parecia, aparentemente, estar a luta emancipacionista
arrefecida; ao contrário, trabalho organizado, estava sendo feito. Assim, no
segundo semestre de 1952 eclodiu o movimento, nele figurando todos os segmentos
sociais de Itajuípe, inclusive o próprio Administrador Distrital, que, se
considerando demissionário, passou a ser o autor do Manifesto emancipador,
dirigido à Assembleia Legislativa Estadual e ao Governador do Estado. Para
buscar um convencimento extra Itajuípe, o referido Manifesto foi publicado no
jornal “A TARDE”, subscrito por João Deway Guimarães e Humberto de Oliveira
Badaró, respectivamente Presidente e Secretário Geral do Movimento Emancipador.
Comissões foram organizadas e destacadas para todos os
quadrantes, inclusive o deslocamento da Comissão Central para a Assembleia
Legislativa Estadual que consoante anúncio, votaria o Projeto no dia 21 de
agosto de 1952. E isto aconteceu. Neste mesmo dia a Comissão retornou, noite a
dentro, a Itajuípe, sendo recebida com elevada festa e deslumbrante foguetada.
No dia 20 o Prefeito de Ilhéus despachou o pedido de demissão do governante
local, substituindo-o, na mesma data, por aquele que deveria ser o administrador
de Itajuípe no começo do Governo do dr Pedro Catalão, ou seja, Aristarcho
Guilherme Wayll, que tomou posse, exatamente, em Ilhéus, no dia 21 de agosto,
equidistante do movimento emancipador, fato comprovado com sua minúscula
votação para a Câmara de Itajuípe. Combinados com o Governante Régis Pacheco, a
Lei 507/52 foi assinada, em dia festivo, no Aclamação, no dia Sete de Setembro,
estabelecendo-se que, oportunamente seria escolhida uma data para ser posta no
Diploma Legal; e a data escolhida foi 12 de dezembro de 1952.
Itajuípe, portanto, foi de fato emancipada no dia 21
de agosto de 1952, histórica data da Grande Festa Cívica, contagiante,
inesquecível e reveladora do desejo do Povo. De 192, após a votação na
Assembleia Legislativa Estadual até o advento da Gestoria de Negócios, em 1953,
passaram-se dias de arrumação ou tomada de posições políticas partidárias.
Itajuípe sempre souber ser reduto do então Partido
Trabalhista Brasileiro; entretanto, por questão de estratégia, os trabalhistas
formaram com o outrora Partido Social Democrático uma Coligação, porque a
legenda petebista se encontrava em poder o Prefeito Municipal de Ilhéus, e o
Gestor João de Souza Leal sempre foi, pessedista. Assim, viu-se pela primeira
vez, a legenda do PTB dar as mãos à da União Democrática Nacional (UDN),
lançando um candidato a prefeito de Itajuípe. Saíram derrotados, porque os trabalhistas
fizeram pé firme com a Coligação dissidência do PTB e o PSD, elegendo, assim,
Firmo Bernadino dos Santos como Primeiro Prefeito do Novo Município na Câmara
Municipal, as coligações igualaram-se; quatro Vereadores para cada uma. Posse a
sete de abril de 1955, os mais idosos ocuparam os cargos; respectivamente,
Vereadores Manoel Agostinho de Santana (Presidente da Câmara); Álvaro Farias
Machado (Vice-Presidente); Aristarcho Guilherme Weyll (1º Secretário) e João
Deway Guimarães (2º Secretário). Os quatro restantes, menos idosos, por isto
não ocuparam cargos, eram os Vereadores: José Paulino de Freitas, Domingos
Chaves, Francolino Neto e Nélson Belo dos Santos, este o mais moço dos
vereadores empossados.
Há muita gente antiga ainda viva. Podem contar as
alegrias da vida na noite de 21 de agosto de 1952, muitas vezes maior que a
instalação do Município em 1955. Os risos confundiam-se com lágrimas; os
desabafos espelhando os mais diferentes detalhes. Itajuípe desmembrava-se de
Ilhéus; e seu quarto de século de luta passou a ser estímulo para outras
emancipações distritais. Luta Cívica. Luta memorável.
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