sábado, 5 de abril de 2014

MUNICÍPIO DE ITAJUÍPE – BAHIA

Série: Municípios baianos



A História da Emancipação de Itajuípe começa evidentemente com o quase comício de 1934. O município foi um dos pioneiros a querer desmembra-se de Ilhéus. E era em verdade, o centro monetário da região
cacaueira representada pelo cobiçado território da velha Capitania de São Jorge dos Ilhéus. Por ser assim, sofreu como nenhum outro, a desmedida e impensada reação da Cidade Metrópole, havendo inclusive, atritos pessoais entre ardorosos emancipadores distritais e os defensores da integridade do Município de Ilhéus.



A última etapa de luta pela emancipação, desencadeou-se na década de 50, ou precisamente, em 1951, com a ascensão ao Governo do Estado da Bahia, do Dr. Luís Régis Pacheco Pereira. O clima político da campanha governamental fez os postulantes Regis Pacheco e Pedro Catalão (candidato a Prefeito Municipal de Ilhéus) tornarem-se irreconciliáveis adversários. Os itajuipenses capitaneados por um grupo político apartidário que sofria profunda influência maçônica, soube tirar proveito da inimizade havida entre o Governante municipal (profano) e o Governante estadual (maçom). A morte injusta (assassinato) do Venerável de Honra da Maçonaria local, que, antes, conquistara inesperada e inédita votação como candidatos a Vereador à Câmara Municipal de Ilhéus, fez aumentar a discórdia, pois o crime foi apontado como político, contaminando as mais lídimas lideranças ilheenses. A nomeação de um Administrador distrital para Itajuípe passou a ser difícil, razão pela qual o Prefeito Pedro Catalão teve que se valer da pessoa que à época das eleições encontrava-se longe de Itajuípe, noutra zona eleitoral, embora fosse emancipacionista. Parecia, aparentemente, estar a luta emancipacionista arrefecida; ao contrário, trabalho organizado, estava sendo feito. Assim, no segundo semestre de 1952 eclodiu o movimento, nele figurando todos os segmentos sociais de Itajuípe, inclusive o próprio Administrador Distrital, que, se considerando demissionário, passou a ser o autor do Manifesto emancipador, dirigido à Assembleia Legislativa Estadual e ao Governador do Estado. Para buscar um convencimento extra Itajuípe, o referido Manifesto foi publicado no jornal “A TARDE”, subscrito por João Deway Guimarães e Humberto de Oliveira Badaró, respectivamente Presidente e Secretário Geral do Movimento Emancipador.


Comissões foram organizadas e destacadas para todos os quadrantes, inclusive o deslocamento da Comissão Central para a Assembleia Legislativa Estadual que consoante anúncio, votaria o Projeto no dia 21 de agosto de 1952. E isto aconteceu. Neste mesmo dia a Comissão retornou, noite a dentro, a Itajuípe, sendo recebida com elevada festa e deslumbrante foguetada. No dia 20 o Prefeito de Ilhéus despachou o pedido de demissão do governante local, substituindo-o, na mesma data, por aquele que deveria ser o administrador de Itajuípe no começo do Governo do dr Pedro Catalão, ou seja, Aristarcho Guilherme Wayll, que tomou posse, exatamente, em Ilhéus, no dia 21 de agosto, equidistante do movimento emancipador, fato comprovado com sua minúscula votação para a Câmara de Itajuípe. Combinados com o Governante Régis Pacheco, a Lei 507/52 foi assinada, em dia festivo, no Aclamação, no dia Sete de Setembro, estabelecendo-se que, oportunamente seria escolhida uma data para ser posta no Diploma Legal; e a data escolhida foi 12 de dezembro de 1952.


Itajuípe, portanto, foi de fato emancipada no dia 21 de agosto de 1952, histórica data da Grande Festa Cívica, contagiante, inesquecível e reveladora do desejo do Povo. De 192, após a votação na Assembleia Legislativa Estadual até o advento da Gestoria de Negócios, em 1953, passaram-se dias de arrumação ou tomada de posições políticas partidárias.

Itajuípe sempre souber ser reduto do então Partido Trabalhista Brasileiro; entretanto, por questão de estratégia, os trabalhistas formaram com o outrora Partido Social Democrático uma Coligação, porque a legenda petebista se encontrava em poder o Prefeito Municipal de Ilhéus, e o Gestor João de Souza Leal sempre foi, pessedista. Assim, viu-se pela primeira vez, a legenda do PTB dar as mãos à da União Democrática Nacional (UDN), lançando um candidato a prefeito de Itajuípe. Saíram derrotados, porque os trabalhistas fizeram pé firme com a Coligação dissidência do PTB e o PSD, elegendo, assim, Firmo Bernadino dos Santos como Primeiro Prefeito do Novo Município na Câmara Municipal, as coligações igualaram-se; quatro Vereadores para cada uma. Posse a sete de abril de 1955, os mais idosos ocuparam os cargos; respectivamente, Vereadores Manoel Agostinho de Santana (Presidente da Câmara); Álvaro Farias Machado (Vice-Presidente); Aristarcho Guilherme Weyll (1º Secretário) e João Deway Guimarães (2º Secretário). Os quatro restantes, menos idosos, por isto não ocuparam cargos, eram os Vereadores: José Paulino de Freitas, Domingos Chaves, Francolino Neto e Nélson Belo dos Santos, este o mais moço dos vereadores empossados.
Há muita gente antiga ainda viva. Podem contar as alegrias da vida na noite de 21 de agosto de 1952, muitas vezes maior que a instalação do Município em 1955. Os risos confundiam-se com lágrimas; os desabafos espelhando os mais diferentes detalhes. Itajuípe desmembrava-se de Ilhéus; e seu quarto de século de luta passou a ser estímulo para outras emancipações distritais. Luta Cívica. Luta memorável.


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