Jeanne-Antoinette Poisson, Marquise de Pompadour (Paris, 29 de dezembro de 1721 — Versalhes, 15 de abril de 1764), mais conhecida como Madame de
Pompadour,
foi uma cortesã francesa e amante do Rei Luís XV da França considerada uma das figuras francesas mais
emblemáticas do século XVIII.
Dotada de inteligência, encanto, beleza, e ao mesmo tempo uma mulher
fria, em termos físicos e na alma, Madame de Pompadour via seu papel como o de
uma secretária confidencial do Rei.
Governava Versalhes,
concedia audiências a embaixadores e tomava decisões sobre todas as questões
ligadas à concessão de favores, de forma tão absoluta quanto qualquer monarca. Influenciando politicamente as decisões reais,
ela se tornou uma empreendedora, incentivando
a fundação da fábrica de porcelanas de Sèvres.
Madame de Pompadour foi filha primogênita de Louise-Madeleine de La
Motte, casada com François Poisson. François Poisson, possível pai de Madame de
Pompadour trabalhava para pessoas muito ilustres na Paris da Regência. Esses
homens, quatro para ser exato, eram os quatro irmãos Pâris, banqueiros, entre
outras coisas mais. Originalmente de Grenoble, tinham feito fortuna durante as constantes
guerras de Luis XIV,
fornecendo alimentos, água, forragem e munição aos exércitos franceses.
Quando Jeanne-Antoinette Poisson nasceu, a família morava num bairro
modesto perto da igreja de Saint-Eustache. Boatos da época atribuiam à Madame
Poisson, mãe de Madame de Pompadour, muitos amantes, e tais boatos tornaram-se
mais difundidos e obscenos nas tentativas futuras de denegrir o nome de sua
filha. Dezenas de homens foram ligados a ela, com ou nenhuma prova; basta dizer
que a maioria de seus contemporâneos e dos historiadores posteriores recusou-se
a aceitar o fato de que um funcionário de origem humilde, como François
Poisson, pudesse ser pai de Madame de Pompadour. E é perfeitamente possível que
o tenha sido, é claro. No entanto, uma das alternativas mais razoáveis, a
Poisson como pai de Jeanne-Antoinette, é Pâris de Montmartel que foi seu
padrinho de batismo e que conhecera muito bem Madame Poisson nos Invalides,
antes de ela se casar. O mais razoável entretanto, é um chamado Charles
Lenormand de Tournehem, coletor de impostos, diretor da Companhia
das Índias e integrante da elite
financeira de Paris, embora nem de longe fosse tão rico quanto Montmartel. A
pequena Jeanne-Antoinette vivia confortavelmente com os pais, agora em
condições muitos melhores na rue de Cléry, com criados e uma carruagem. Em
1725, nasceu um menino, Abel-François, irmão de Jeanne. Este estilo de vida
confortável teve um abrupto fim em 1726, quando François Poisson fugiu do país.
Foi acusado de especular com o trigo e de ser parcialmente responsável
por um doloroso período de fome em Paris daquele ano. Seus patrões também foram
acusados de condutas ilegais; Pâris-Duverney foi mandado para a Bastilha, sob acusações de corrupção e desfalque. Com a
fuga do marido Madame Poisson sofreu, a princípio, um certo constragimento. Ela
e os dois filhos foram obrigados a se mudarem para instalações modestas na rue
des Bons-Enfants, perto do Palais-Royal.
Mas ela era uma valente e bem relacionada, conservou a serenidade e se manteve
firme. Talvez não tivesse o tu du monde, como afirmou um
contemporâneo, mas tinha inteligência e encanto, ambição e coragem. Não se
deixava derrotar facilmente, e ensinaria à filha a necessidade da ambição e da
flexibilidade num mundo imprevisível e perigoso. Sua primeira preocupação,
entretanto, foi encontrar para a menina de 5 anos uma proteção contra as
incertezas da época. Jeanne-Antoinette era uma criança afável e gentil, ja
conhecida pela família como "Reinette"(" rainhazinha").
O estilo de vida de madame Poisson não acolhia facilmente a presença de
crianças; seria melhor para todos os implicados que sua filha fosse mandada
para um ambiente mais saudável. Ela foi enviada para o Convento das Ursulinas,
em Poissy, a alguns quilômetros de Paris. As Ursulinas tinham por missão educar
as filhas da burguesia, e criavam as meninas colocadas sob seus cuidados para
serem esposas e mães bondosas e gentis, e respeitarem a Deus, à família e ao
rei. A menina permaneceu lá durante quase 3 anos, passando esse período
impressionável dos 5 aos 8 anos sob os olhares benevolentes das freiras. Mas
ela não era uma criança robusta. As freiras estavam sempre escrevendo sobre sua
saúde delicada e descrevendo os alimentos nutritivos que lhe davam.
Em novembro de 1729, ela sofreu uma gripe e ficou de cama por seis
semanas. Essa doença marcou o fim de sua estada em Poissy. As idéias de Madame
Poisson sobre a criação de filhos eram bem diferentes das que tinham as
freiras. Mal sua filha retornou a Paris, ela foi levada com a mãe para ver uma
famosa cartomante, Madame Lebon. Certamente Madame Poisson confiava mais na
bola de cristal do que na Providência Divina. Mãe e filha devem ter ficado
impressionadas com a previsão de Madame Lebon, pois no testamento da futura
Madame de Pompadour, encontramos um algo que diz: "Seiscentas libras para
Madame Lebon, por ter-lhe dito, aos nove anos de idade, que um dia seria amante
de Luis XV."
Com nove anos de idade a pequena Jeanne-Antoinette foi iniciada nos
conhecimentos mundanos. Monsieur Charles Lenormand de Tournehem foi quem
patrocinou estes estudos; difícil pensar que esse tratamento se diferenciasse
do de um pai. Em 1736, François Poisson voltou à França e encontrou sua filha
já com 15 anos. Jeanne-Antoinette começara a ser a exposta ao estilo de vida de
alguns dos membros mais ricos e ilustres da alta sociedade parisiense. Foi
entre essas pessoas poderosas que a ainda jovem e modesta parisiense começou a
pensar em galgar uma posição parecida ou até superior à de seus conhecidos,
talvez ainda pensasse no que a cartomante lhe dissera, talvez, quem sabe, sonhasse
com o Rei... Mas a realidade era outra; tendo chegado aos 18 anos, chegava a
hora de casar-se. Tendo sua imagem bastante comprometida pela posição de seus
pais, a jovem Jeanne-Antoinnete, mesmo linda, culta e com dentes explêndidos
(raros na época) teria de achar de um marido de posição similar. Faltava-lhe na
realidade um dote suficientemente alto para apagar os outros problemas ligados
ao nome de sua família. Mas ela não era uma grande herdeira. No entanto, tinha
seu tio Tournehem, que encontrou o marido adequado para ela. Seu único sobrinho
Charles-Guillaume Lenormand, filho do irmão de Tournehem, foi escolhido.
Existem fatos que indicam que Monsieur de Tournehem viesse considerando
essa união já há um certo tempo. Tendo ele mesmo cuidado do futuro financeiro
do sobrinho, tornando-o sócio minoritário em várias pequenas empresas coletoras
de impostos, e em 15 de dezembro de 1740 Tournehem deserdou todos os outros
parentes, fazendo deste único sobrinho seu herdeiro absoluto. Assim sendo, em 9
de março de 1741, na igreja de Saint-Eustache, Jeanne-Antoinette Poisson
casou-se com Charles-Guillaume Lenormand, que acabou por assumir o sobrenome
d'Etioles, conforme a denominação da propriedade do tio. Ambos se mudaram para
a casa de Tournehem, e depois os três se mudaram para a rue
Croix-des-Petits-Champs, do outro lado dos jardins Palais-Royal. Após o
casamento, a jovem Jeanne-Antoinette ficou conhecida como Madame d'Etioles.
Considerado o homem mais belo do reino, provavelmente conheceu a ainda
Madame d'Etioles em 1742,
em um baile onde ele a notou - como não notar aquela que era considerada uma
das mulheres mais belas de Paris? Inicialmente, aos 11 anos de idade, Luís XV ficou noivo de uma infanta espanhola, mas a infanta acabou sendo
mandanda de volta para seu país. Logo depois ele ficou noivo da princesa
polonesa Maria Leszczynska que vivera em exílio na Alemanha. Quando Maria Leczynska se casou com Luis,
estava ela com 22 anos e o rei com 15.
Luis XV foi fiel à sua esposa por 10 anos tendo, nesses 10 anos, 10
filhos com a rainha, mas nem todos sobrevivendo à primeira infância.
Antes de Jeanne-Antoinette ele teve outras amantes, como por
exemplo Louise-Julie
de Mailly-Nelse, a condessa de Mailly. Não
tardou muito, e Luís demonstrou interesse por uma irmã da condessa de Mailly,
Pauline, que veio a falecer ao dar à luz um filho do rei. Devastado pela morte
de sua segunda amante, Luis deixou a corte por um mês. Mas, pouco tempo depois,
para incredulidade geral e consternação de toda a sociedade, Luis XV
interessou-se por mais uma irmã, a caçula das três, Marie-Anne,
marquesa de La Tournelle.
Essa última irmã Mailly, detentora de grande força e ímpeto, foi sagrada
duquesa de Châteauroux.
Depois de uma série de problemas envolvendo membros do corpo político de
Luis XV, Madame de la Tournelle, duquesa de Châteauroux, morreu em delírio, aos
27 anos, consumida por sua loucura. Toda a sociedade começou a comentar sobre
as suspeitas de envenenamento. As suspeitas mais pungentes recaíam sobre o
conde de Maurepas, ministro da Marinha, que tinha sido um de seus mais
ferrenhos inimigos, sempre conspirando contra ela. Com a morte da duquesa,
todos sabiam: estava livre a vaga de maîtresse déclarée, ou amante declarada.
Todos sabiam que o Monarca não ficaria muito tempo sem uma amante. Havia
chegado a hora e a vez de Madame d'Etioles.
É praticamente impossível dizer exatamente como, quando e onde Madame
d'Etioles e Luis XV se conheceram, mais difícil ainda seria definir a data de
quando eles se tornaram amantes; muitas possibilidades são consideradas por
muitos autores de biografias da lendária amante de Luis XV. No decorrer do
tempo em que Luis XV ficou sem uma amante, surgiram os primeiros boatos sobre
seu romance com Jeanne-Antoinette. A aristocracia se negava a acreditar que o
rei fosse capaz de conspurcar os régios domínios da corte com uma simples burguesa.
O abismo intransponível que havia entre burguesia e aristocracia era sempre
ressaltado, e que nunca uma burguesa seria o mesmo que uma marquesa ou duquesa.
Era inaceitável que Luis XV tomasse como amante uma mulher que, embora
rica, bela e culta, viesse da burguesia. Mas a decisão de Luis XV já estava
tomada. Jeanne-Antoinette Poisson, a outrora Madame d'Etioles, seria
apresentada à corte, mas para isso, era necessário antes de mais nada, que ela
obtivesse um título de nobreza. As investigações para a obtenção do título
recaíram sobre o marquesado de
Pompadour, uma propriedade no Limousin, cuja posse não era exata. Como os
ajustes para a obtenção de seu título correram bem, Jeanne-Antoinette, agora
Marquesa de Pompadour, passaria o verão em sua antiga propriedade, Etioles,
aprendendo os estranhos e confusos hábitos da corte de Versalhes, adquirindo o
refinamento para alcançar tudo aquilo que almejava e que lhe fora dado a acreditar
desde tenra idade.
Voltaire foi
um dos que ao longo deste aprendizado em Etioles se tornaram seu amigo para a
vida inteira, mesmo ele tendo deixado a
corte da França e rumado para a Prússia, para a corte de Frederico
II da Prússia. Mas ainda havia muito o que
aprender neste período em que ela teve que aprender os títulos e nomes da famílias
mais importantes do reino, ela teve o auxílio do Abade de Bernis, de Voltaire e
de alguns outros interessados em se beneficiar da posição de Marquesa de
Pompadour e amante declarada do rei. Contra ou a favor da burguesa, agora
enobrecida, Jeanne-Antoinette, foi apresentada à corte do dia 14 de dezembro,
no salão Oiel-de-Boeuf. Trajando o obrigatório robe de cour negro,
coberta de jóias, empoada e usando ruge, estava, a partir daquele momento, assumindo
seu lugar no mundo de intrigas de Versalhes.
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