Salvador
O Museu
de Arqueologia e Etnologia da UFBA se encontra implantado num sítio
arqueológico colonial, que representa os mais completos vestígios
arquitetônicos do Colégio dos Jesuítas construído a partir de meados do Século
XVI. O museu guarda valioso patrimônio em busca de preserva e reconstituir a
memória e
identidade do povo brasileiro através de suas exposições de acervos
arqueológicos e etnográficos representativos do passado pré-colonial, colonial
e contemporaneidade de povos indígenas que contribuíram para a formação da
diversidade de povos e identidades brasileiras. O visitante que o percorre
ingressa numa viagem no tempo arqueológico, etnológico e histórico e tem uma
experiência incomparável com nenhuma outra, já que seus acervos em exposição
focalizam o território da Bahia e de partes do Brasil em sua diversas nuances
étnicas e culturais.
Coleções
O acervo do Museu de Arqueologia e
Etnologia da Universidade Federal da Bahia foi constituído através de doação,
coleta e aquisição, a partir de trabalhos desenvolvidos por pesquisadores e
intelectuais desta universidade e colaboradores das áreas de Arqueologia e
Etnologia de outras instituições. Os dados sobre o acervo têm possibilitado o
fomento da pesquisa, preservação e extensão junto aos grupos escolar e
acadêmico, bem como à comunidade em geral. As particularidades de cada coleção
e permitem aos interessados a construção de novos conhecimentos.
ARQUEOLOGIA
VITAL REGO
Coleção adquirida pelo MAE/UFBA em
1983, por meio de doação da família do Médico Vital Cardoso do Rego, natural do
estado da Bahia, onde nasceu em 19 de julho de 1873. Em função da falta de
informações em arquivos e bibliotecas sobre o Dr. Vital Rego, pouco sabemos
sobre as suas atividades relacionadas à Arqueologia, porém seu trabalho é hoje
considerado como pioneiro no estado da Bahia, onde fez importantes coletas.
Dentre os 61 objetos, estão pontas de projétil, mãos de pilão, seixo, lâminas
de machado, machados, tembetás, conchas, anéis de osso, cachimbos e rodelas de
fuso de fiar.
VALENTIN CALDERÓN
Valentin
Calderón nasceu em Comillas, Santander, Espanha, em 26 de julho de 1920. Em
1944, publicou o seu primeiro trabalho, na Espanha, intitulado El Museo Cantabro de Palacio del
Marques de Comillas, seguindo-se uma série de outras publicações até
1949, quando emigrou para o Brasil. Chegando à Bahia desempenhou a função de
professor do Instituto de Cultura Hispânica da Universidade Federal da Bahia,
quando foi convidado para compor a equipe do Instituto de Ciências Sociais,
onde exerceu a docência e realizou inúmeras pesquisas arqueológicas no litoral
e no interior do estado. A produção bibliográfica soma 38 publicações, sendo
oito na Espanha e trinta no Brasil. Dentre elas, artigos e revistas e livros
sobre arqueologia, arte sacra e artes plásticas em geral, além de inúmeras
colaborações para jornais de circulação local e nacional.
A coleção Valentin Calderón foi doada
ao MAE/UFBA após seu falecimento do foi doada em 1983 por sua viúva a Prof.ª
Lídia Maria Santana de Calderón. A coleção de 216 objetos possui artefatos como
colher de concha marinha, urna funerária, ponta óssea, lâmina de machado,
vasilhame domestico semiesférico, lasca bruta, colar de ossos, machado
semilunar, tembetá, carimbos unifacial e bifacial, fragmentos cerâmicos, tigela
quadrangular, machado retangular, dentre outros artefatos.
CARLOS OTT
Carlos Karldorromlus Ott nasceu em 13
de outubro de 1908, em Biringen Viuertt, Berg, Alemanha Ocidental, e faleceu em
14 de janeiro de 1997 na cidade de Salvador. Trabalhou como professor
catedrático na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade
Federal da Bahia entre os anos de 1944 e 1978, onde ensinou a disciplina
Etnologia. Foi professor do Instituto Normal – ICEIA, de 1950 a 1978,
ministrando as disciplinas de Latim, Francês e Estudos Baianos, esta última
teve a cadeira criada através de sua iniciativa. Entre 1947 a 1972, foi
pesquisador do Instituto Patrimônio Histórico Artístico e Nacional – IPHAN,
trabalhando em prol da preservação e conservação de monumentos e escavações
arqueológicas.
A coleção que leva seu nome é proveniente de
trabalho de em pesquisa de campo no interior do estado da Bahia. Dos 15 objetos
que compõe a coleção, destacam-se cachimbos, pontas de lança, fragmentos
cerâmicos e lâmina de machado.
ASSOCIAÇÃO
de ARQUEÓLOGOS DA PRÉ-HISTÓRICA DA BAHIA
Coleção proveniente da parceria entre
a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) e a Associação de Arqueologia
e Pré-História da Bahia, que realizaram o Projeto Sobradinho de Salvamento
Arqueológico na área a ser inundada pelo grande lado do Reservatório
Sobradinho. São 46 objetos, dentre estes fragmentos de rocha com pintura
rupestre, pilão e cachimbo.
PRAÇA DA SÉ
Coleção proveniente de escavação
arqueológica realizada no Centro Histórico do Salvador, entre os anos de 1998 a
2001. O projeto, que envolveu o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA, a
Prefeitura do Salvador e a Secretaria de Planejamento Ciência e Tecnologia do
Estado da Bahia, foi desenvolvido dentro das comemorações dos 450 anos de
Salvador. Os objetos recuperados, que formam um total de 20 mil peças, tornam
possível o levantamento de informações a respeito dos cenários social,
religioso e cultural do período.
PIRAGIBA
Coleção proveniente de escavações
arqueológicas na Vila de Piragiba, município de Muquém do São Francisco, região
oeste do estado da Bahia. A ação, realizada entre 1996 a 1998, possibilitou a
identificação, registro e escavação das urnas funerárias pertencentes à
Tradição Aratu, localizando cerca de 120 enterramentos e dando origem a uma
coleção de 10 mil objetos.
ETNOLOGIA
PEDRO
AGOSTINHO
Professor, antropólogo e pesquisador,
Pedro Agostinho da Silva, nasceu em 1946 em Portugal e desenvolveu diversos
trabalhos na Universidade Federal da Bahia. Destaca-se em suas pesquisas a
coleta de artefatos no Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso, na década de
1960. Durante sua vida acadêmica, pode-se destacar a atuação como diretor do
MAE/UFBA, a autoria de diversas publicações, docência na Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas e participação no Programa de Pesquisa dos Povos Indígenas
do Nordeste Brasileiro (PINEB), grupo de estudo que tinha como objetivo
“produzir conhecimento científico nas áreas de antropologia social, etnologia
indígena, arqueologia pré-histórica e histórica, antropologia histórica e
política indigenista”.
Em 25 de agosto de 1983, foram doados
ao museu os artefatos coletados pelo pesquisador na década de 60. Esta coleção
passou a compor o acervo permanente do MAE/UFBA, sendo proveniente do grupo
étnico Karajá (localizado na Ilha do Bananal, Parque Nacional do Araguaia,
Estado do Tocantins) e Alto Xingu (Parque Indígena do Xingu, Estado do Mato
Grosso). Em um total de 268 objetos, encontram-se braçadeiras emplumadas,
brincos, cinto de cordões, coroa, cocar, cestos, abanos, peneira, esteira,
tipiti, bolsa, máscara, remo, banco ictiomorfo (animais bípedes), fuso de fiar,
zunidor, ralador (ralar raízes de mandioca), chocalho, flauta, bastão oco,
apito, guizo, panela gameliforme, tigela zoomorfa, torrador, saia de palha,
cinto de capitão (cinto de couro), colares.
PANKARARÉ
A população Pankararé distribui-se em
pequenas unidades agrícolas em torno do povoado de Brejo do Burgo, município de
Nova Glória, a cerca de 40 km a sudoeste da cidade de Paulo Afonso. Há ainda um
pequeno núcleo mais ao sul – o “Chico” -, localizado no interior do Raso da
Catarina*.
A coleção foi adquirida pelo MAE em
26 de fevereiro de 1985, através do pesquisador Claudio Luiz Pereira. Apresenta
a força de regeneração desta população que a partir da década de 70, do século
XX, vem realizando esforços para recriar costumes, crenças e sua cultura
material. Dentre os 11 objetos que compõe a coleção estão chocalhos, arco,
flecha, cachimbo, apito, colar, jarro.
TUXÁ
Auto-identificada como tribo Tuxá,
nação Proká, caboclos de arco e flecha e maracá, o atual povo Tuxá se considera
herdeiro das diversas etnias reunidas, a partir do século XVII, nas missões
religiosas católicas instaladas ao longo do curso do baixo médio São Francisco.
“Na década de oitenta, a construção
do Complexo Hidrelétrico de Itaparica inundou completamente a cidade de Rodelas
e as férteis terras da Ilha da Viúva, território agrícola do grupo. Parte da
população optou, em 1983, pelo reassentamento na borda do lago formado pela
barragem, próximo às suas ‘raízes’ culturais, permanecendo na nova cidade de
Rodelas, enquanto a outra parte decidiu assentar-se em terras mais a montante,
às margens do rio São Francisco, nas fazendas Oiteiros e Morrinhos, em
Ibotirama. Os Tuxá são muito respeitados no campo ritual, transmitindo seus
conhecimentos a outros povos indígenas no Nordeste”**.
Esta coleção, formada em 1983 no
MAE/UFBA, por coleta, foi proveniente do município de Rodelas, a 543
quilômetros de Salvador, BA. Assim como outras comunidades indígenas da Bahia,
vem buscando o fortalecimento de sua identidade por meio da preservação
material e imaterial. A coleção é composta por vasos e panelas cerâmicas, em um
total de 13 objetos.
ARISTÓTELES
BARCELOS E MARIA IGNÊS MELLO
A coleção xinguana oriunda da aldeia Waurá de
Piyu’lagâ foi coletado no período de março a maio de 1998, por Aristóteles
Barcelos Neto e Maria Ignez Mello através do financiamento do Centro de Apoio
ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CADCT). A coleção Waurá tem uma
significativa ênfase na cerâmica, nos instrumentos musicais e na indumentária
ritual (máscaras e adornos), não apenas por serem estes artefatos de grande
produção, e, ou especial valor simbólico entre os Waurá.
A coleção possui um total de 227
artefatos das etnias Waurá, Kuikuro e Mehináku, dentre estes máscara, rede,
torrador de beiju, panela, concha, peneira, escumadeira trançada, cesto,
propulsor, coroa trançada, socador de pimenta, zunidor, ralo, diadema, mão de
pilão, flauta, escarificador, bastão, chocalho, arco, flecha, clarinete, colar,
brinco de plumas, braçadeira emplumada, cinto.
*Texto
extraído do site Povos Indígenas – Fundação Nacional do Índio (Disponível em:
http://www.funai.gov.br).
**Texto extraído do Plano de Desenvolvimento da
Educação Escolar Indígena na Bahia (Disponível em http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-diversidade/RELAÇÕES%20ÉTNICAS/WEBDOCUMENTOS/educacao%20escolar%20indigena.pdf).
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