sexta-feira, 2 de maio de 2014

MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA DA UFBA

Salvador



O Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA se encontra implantado num sítio arqueológico colonial, que representa os mais completos vestígios arquitetônicos do Colégio dos Jesuítas construído a partir de meados do Século XVI. O museu guarda valioso patrimônio em busca de preserva e reconstituir a memória e
identidade do povo brasileiro através de suas exposições de acervos arqueológicos e etnográficos representativos do passado pré-colonial, colonial e contemporaneidade de povos indígenas que contribuíram para a formação da diversidade de povos e identidades brasileiras. O visitante que o percorre ingressa numa viagem no tempo arqueológico, etnológico e histórico e tem uma experiência incomparável com nenhuma outra, já que seus acervos em exposição focalizam o território da Bahia e de partes do Brasil em sua diversas nuances étnicas e culturais.
Coleções
O acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia foi constituído através de doação, coleta e aquisição, a partir de trabalhos desenvolvidos por pesquisadores e intelectuais desta universidade e colaboradores das áreas de Arqueologia e Etnologia de outras instituições. Os dados sobre o acervo têm possibilitado o fomento da pesquisa, preservação e extensão junto aos grupos escolar e acadêmico, bem como à comunidade em geral. As particularidades de cada coleção e permitem aos interessados a construção de novos conhecimentos.
ARQUEOLOGIA
VITAL REGO
Coleção adquirida pelo MAE/UFBA em 1983, por meio de doação da família do Médico Vital Cardoso do Rego, natural do estado da Bahia, onde nasceu em 19 de julho de 1873. Em função da falta de informações em arquivos e bibliotecas sobre o Dr. Vital Rego, pouco sabemos sobre as suas atividades relacionadas à Arqueologia, porém seu trabalho é hoje considerado como pioneiro no estado da Bahia, onde fez importantes coletas. Dentre os 61 objetos, estão pontas de projétil, mãos de pilão, seixo, lâminas de machado, machados, tembetás, conchas, anéis de osso, cachimbos e rodelas de fuso de fiar.
VALENTIN CALDERÓN
Valentin Calderón nasceu em Comillas, Santander, Espanha, em 26 de julho de 1920. Em 1944, publicou o seu primeiro trabalho, na Espanha, intitulado El Museo Cantabro de Palacio del Marques de Comillas, seguindo-se uma série de outras publicações até 1949, quando emigrou para o Brasil. Chegando à Bahia desempenhou a função de professor do Instituto de Cultura Hispânica da Universidade Federal da Bahia, quando foi convidado para compor a equipe do Instituto de Ciências Sociais, onde exerceu a docência e realizou inúmeras pesquisas arqueológicas no litoral e no interior do estado. A produção bibliográfica soma 38 publicações, sendo oito na Espanha e trinta no Brasil. Dentre elas, artigos e revistas e livros sobre arqueologia, arte sacra e artes plásticas em geral, além de inúmeras colaborações para jornais de circulação local e nacional.
A coleção Valentin Calderón foi doada ao MAE/UFBA após seu falecimento do foi doada em 1983 por sua viúva a Prof.ª Lídia Maria Santana de Calderón. A coleção de 216 objetos possui artefatos como colher de concha marinha, urna funerária, ponta óssea, lâmina de machado, vasilhame domestico semiesférico, lasca bruta, colar de ossos, machado semilunar, tembetá, carimbos unifacial e bifacial, fragmentos cerâmicos, tigela quadrangular, machado retangular, dentre outros artefatos.
CARLOS OTT
Carlos Karldorromlus Ott nasceu em 13 de outubro de 1908, em Biringen Viuertt, Berg, Alemanha Ocidental, e faleceu em 14 de janeiro de 1997 na cidade de Salvador. Trabalhou como professor catedrático na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia entre os anos de 1944 e 1978, onde ensinou a disciplina Etnologia. Foi professor do Instituto Normal – ICEIA, de 1950 a 1978, ministrando as disciplinas de Latim, Francês e Estudos Baianos, esta última teve a cadeira criada através de sua iniciativa. Entre 1947 a 1972, foi pesquisador do Instituto Patrimônio Histórico Artístico e Nacional – IPHAN, trabalhando em prol da preservação e conservação de monumentos e escavações arqueológicas.
A coleção que leva seu nome é proveniente de trabalho de em pesquisa de campo no interior do estado da Bahia. Dos 15 objetos que compõe a coleção, destacam-se cachimbos, pontas de lança, fragmentos cerâmicos e lâmina de machado.
ASSOCIAÇÃO de ARQUEÓLOGOS DA PRÉ-HISTÓRICA DA BAHIA
Coleção proveniente da parceria entre a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) e a Associação de Arqueologia e Pré-História da Bahia, que realizaram o Projeto Sobradinho de Salvamento Arqueológico na área a ser inundada pelo grande lado do Reservatório Sobradinho. São 46 objetos, dentre estes fragmentos de rocha com pintura rupestre, pilão e cachimbo.
PRAÇA DA SÉ
Coleção proveniente de escavação arqueológica realizada no Centro Histórico do Salvador, entre os anos de 1998 a 2001. O projeto, que envolveu o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA, a Prefeitura do Salvador e a Secretaria de Planejamento Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia, foi desenvolvido dentro das comemorações dos 450 anos de Salvador. Os objetos recuperados, que formam um total de 20 mil peças, tornam possível o levantamento de informações a respeito dos cenários social, religioso e cultural do período.
PIRAGIBA
Coleção proveniente de escavações arqueológicas na Vila de Piragiba, município de Muquém do São Francisco, região oeste do estado da Bahia. A ação, realizada entre 1996 a 1998, possibilitou a identificação, registro e escavação das urnas funerárias pertencentes à Tradição Aratu, localizando cerca de 120 enterramentos e dando origem a uma coleção de 10 mil objetos.
ETNOLOGIA
PEDRO AGOSTINHO
Professor, antropólogo e pesquisador, Pedro Agostinho da Silva, nasceu em 1946 em Portugal e desenvolveu diversos trabalhos na Universidade Federal da Bahia. Destaca-se em suas pesquisas a coleta de artefatos no Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso, na década de 1960. Durante sua vida acadêmica, pode-se destacar a atuação como diretor do MAE/UFBA, a autoria de diversas publicações, docência na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e participação no Programa de Pesquisa dos Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB), grupo de estudo que tinha como objetivo “produzir conhecimento científico nas áreas de antropologia social, etnologia indígena, arqueologia pré-histórica e histórica, antropologia histórica e política indigenista”.
Em 25 de agosto de 1983, foram doados ao museu os artefatos coletados pelo pesquisador na década de 60. Esta coleção passou a compor o acervo permanente do MAE/UFBA, sendo proveniente do grupo étnico Karajá (localizado na Ilha do Bananal, Parque Nacional do Araguaia, Estado do Tocantins) e Alto Xingu (Parque Indígena do Xingu, Estado do Mato Grosso). Em um total de 268 objetos, encontram-se braçadeiras emplumadas, brincos, cinto de cordões, coroa, cocar, cestos, abanos, peneira, esteira, tipiti, bolsa, máscara, remo, banco ictiomorfo (animais bípedes), fuso de fiar, zunidor, ralador (ralar raízes de mandioca), chocalho, flauta, bastão oco, apito, guizo, panela gameliforme, tigela zoomorfa, torrador, saia de palha, cinto de capitão (cinto de couro), colares.
PANKARARÉ
A população Pankararé distribui-se em pequenas unidades agrícolas em torno do povoado de Brejo do Burgo, município de Nova Glória, a cerca de 40 km a sudoeste da cidade de Paulo Afonso. Há ainda um pequeno núcleo mais ao sul – o “Chico” -, localizado no interior do Raso da Catarina*.
A coleção foi adquirida pelo MAE em 26 de fevereiro de 1985, através do pesquisador Claudio Luiz Pereira. Apresenta a força de regeneração desta população que a partir da década de 70, do século XX, vem realizando esforços para recriar costumes, crenças e sua cultura material. Dentre os 11 objetos que compõe a coleção estão chocalhos, arco, flecha, cachimbo, apito, colar, jarro.
TUXÁ
Auto-identificada como tribo Tuxá, nação Proká, caboclos de arco e flecha e maracá, o atual povo Tuxá se considera herdeiro das diversas etnias reunidas, a partir do século XVII, nas missões religiosas católicas instaladas ao longo do curso do baixo médio São Francisco.
“Na década de oitenta, a construção do Complexo Hidrelétrico de Itaparica inundou completamente a cidade de Rodelas e as férteis terras da Ilha da Viúva, território agrícola do grupo. Parte da população optou, em 1983, pelo reassentamento na borda do lago formado pela barragem, próximo às suas ‘raízes’ culturais, permanecendo na nova cidade de Rodelas, enquanto a outra parte decidiu assentar-se em terras mais a montante, às margens do rio São Francisco, nas fazendas Oiteiros e Morrinhos, em Ibotirama. Os Tuxá são muito respeitados no campo ritual, transmitindo seus conhecimentos a outros povos indígenas no Nordeste”**.
Esta coleção, formada em 1983 no MAE/UFBA, por coleta, foi proveniente do município de Rodelas, a 543 quilômetros de Salvador, BA. Assim como outras comunidades indígenas da Bahia, vem buscando o fortalecimento de sua identidade por meio da preservação material e imaterial. A coleção é composta por vasos e panelas cerâmicas, em um total de 13 objetos.
ARISTÓTELES BARCELOS E MARIA IGNÊS MELLO
A coleção xinguana oriunda da aldeia Waurá de Piyu’lagâ foi coletado no período de março a maio de 1998, por Aristóteles Barcelos Neto e Maria Ignez Mello através do financiamento do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CADCT). A coleção Waurá tem uma significativa ênfase na cerâmica, nos instrumentos musicais e na indumentária ritual (máscaras e adornos), não apenas por serem estes artefatos de grande produção, e, ou especial valor simbólico entre os Waurá.
A coleção possui um total de 227 artefatos das etnias Waurá, Kuikuro e Mehináku, dentre estes máscara, rede, torrador de beiju, panela, concha, peneira, escumadeira trançada, cesto, propulsor, coroa trançada, socador de pimenta, zunidor, ralo, diadema, mão de pilão, flauta, escarificador, bastão, chocalho, arco, flecha, clarinete, colar, brinco de plumas, braçadeira emplumada, cinto.
*Texto extraído do site Povos Indígenas – Fundação Nacional do Índio (Disponível em: http://www.funai.gov.br).
**Texto extraído do Plano de Desenvolvimento da Educação Escolar Indígena na Bahia (Disponível em http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-diversidade/RELAÇÕES%20ÉTNICAS/WEBDOCUMENTOS/educacao%20escolar%20indigena.pdf).


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