segunda-feira, 12 de maio de 2014

SALVADOR BELLE ÉPOQUE

Todos os dons da natureza estavam presentes para fazer de Salvador uma cidade-jardim

Terreiro de Jesus

“Muito cedo, decerto, na cidade baixa, foi construída a paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, com seus entrepostos tão necessários ao comércio, riqueza da cidade. Mas Salvador, a orgulhosa,
comprazia-se, sobretudo no alto, nas encostas de suas colinas cujas terras excelentes e fontes numerosas ofereciam aos habitantes a fertilidade de seus solos. As chuvas e o sol, vento do mar que nos traz o iodo e o potássio, o subsolo, verdadeiro reservatório de águas cristalinas para uma vegetação tropical luxuriante, a exposição ao nascente, todos os dons da natureza estavam presentes para fazer de Salvador uma cidade-jardim ao mesmo tempo que uma praça forte e um centro comercial.





Metrópole regional, ela domina e devora vorazmente a hinterlândia, incapaz até o fim do século XIX ao definir exatamente os limites de seu termo, num incessante jogo dialético entre cidade e campo entrelaçados.

Cidade baixa: cais do porto

Comércio – cidade baixa

Antiga Alfândega, hoje Mercado Modelo

Salvador mantinha, contra ventos e tempestades, sua particularidade e sua soberba. Chamava à atenção dos viajantes europeus a pretensão à nobreza das camadas mais altas da sociedade, que procuravam obter graças honoríficas e títulos nobiliárquicos. Se como Asmodeu, levantássemos os telhados das casas abstratas, dos prédios oficiais e das igrejas, fixados sobre as chapas das fotografias do século XIX, descobriremos azulejos importados de Portugal, pianos vindos da França, esculturas recobertas de fino ouro sobre madeiras preciosas ou balaústres de ferro batido originários da Inglaterra.”

Avenida Sete – Igreja de São Pedro


Excerto do texto de autoria de Kátia Queirós de Mattoso, extraído do livro Bahia Velhas Fotografias 

Nenhum comentário:

Postar um comentário