Todos os dons da natureza estavam presentes para fazer de
Salvador uma cidade-jardim
Terreiro de Jesus
“Muito cedo,
decerto, na cidade baixa, foi construída a paróquia de Nossa Senhora da
Conceição da Praia, com seus entrepostos tão necessários ao comércio, riqueza
da cidade. Mas Salvador, a orgulhosa,
comprazia-se, sobretudo no alto, nas
encostas de suas colinas cujas terras excelentes e fontes numerosas ofereciam
aos habitantes a fertilidade de seus solos. As chuvas e o sol, vento do mar que
nos traz o iodo e o potássio, o subsolo, verdadeiro reservatório de águas
cristalinas para uma vegetação tropical luxuriante, a exposição ao nascente,
todos os dons da natureza estavam presentes para fazer de Salvador uma
cidade-jardim ao mesmo tempo que uma praça forte e um centro comercial.
Metrópole
regional, ela domina e devora vorazmente a hinterlândia, incapaz até o fim do
século XIX ao definir exatamente os limites de seu termo, num incessante jogo
dialético entre cidade e campo entrelaçados.
Cidade baixa: cais do
porto
Comércio – cidade baixa
Antiga Alfândega, hoje
Mercado Modelo
Salvador
mantinha, contra ventos e tempestades, sua particularidade e sua soberba.
Chamava à atenção dos viajantes europeus a pretensão à nobreza das camadas mais
altas da sociedade, que procuravam obter graças honoríficas e títulos
nobiliárquicos. Se como Asmodeu, levantássemos os telhados das casas abstratas,
dos prédios oficiais e das igrejas, fixados sobre as chapas das fotografias do
século XIX, descobriremos azulejos importados de Portugal, pianos vindos da
França, esculturas recobertas de fino ouro sobre madeiras preciosas ou
balaústres de ferro batido originários da Inglaterra.”
Avenida Sete – Igreja de
São Pedro
Excerto do texto de
autoria de Kátia Queirós de Mattoso, extraído do livro Bahia Velhas Fotografias
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