Entramos na maior
planta da Hyundai, na Coréia, que produz 1,6 milhão de veículos por ano e
exporta 60% deles através do seu próprio terminal portuário. Escala global e logísticas
integradas ajudam a entender o sucesso do modelo asiático.
Por Leonardo Attuch, de ulsan, coréia do sul
Sobrevoar Ulsan, no sudeste da Coréia do Sul, impressiona. Principalmente quando se tem a
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OS
SEGREDOS DA FÁBRICA DE ULSAN
Tudo no mesmo lugar:
• A fábrica produz 5,6 mil carros/dia
• Destes, 4,2 mil são exportados
• Além de altamente automatizada, ela tem custos trabalhistas que
são 30% inferiores aos dos concorrentes japoneses
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Numa das
pontas do litoral fica o estaleiro da Hyundai Heavy Industries, que é líder
global na fabricação de grandes navios. Em outra reentrância costeira está a
principal fábrica de automóveis da Hyundai – também, a maior do mundo. Com
capacidade para produzir 1,6 milhão de veículos por ano, a planta ocupa uma
área de cinco milhões de metros quadrados e emprega cerca de 34 mil pessoas. ISTOÉ
DINHEIRO esteve em Ulsan, a mesma cidade onde a seleção brasileira
treinou durante a Copa do Mundo de 2002, para entender as razões do sucesso
do modelo asiático de desenvolvimento. E a fábrica de automóveis da Hyundai
fornece a resposta exata para o enigma. “Temos um padrão mundial de
qualidade, escala global de produção e um custo logístico que é quase
imbatível”, disse à ISTOÉ DINHEIRO o vice-presidente da
montadora, Seok-San Jang.
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SONATA O sedã é
a grande aposta da marca nos Estados Unidos
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Para se ter uma idéia do gigantismo da planta de Ulsan, basta dizer que a sua
capacidade instalada representa quase 65% da produção de veículos no Brasil –
e por aqui existem nada menos que 34 fábricas de 15 montadoras diferentes. Só
que tamanho não é tudo. Nas linhas de produção de Ulsan, onde são produzidos
12 modelos diferentes, incluindo o Tucson, o Santa Fé, o Accent e o Elantra,
cada veículo percorre as linhas de montagem com uma pequena folha de papel
diante de si. Como a produção é feita praticamente sob demanda, num modelo
just-in-time, essa folha aponta destino final do produto e as características
especiais de cada automóvel. Assim, os operários terminam os veículos de
acordo com a encomenda. Depois de prontos, eles passam pela inspeção e seguem
para o pátio do porto. Só que o trajeto não dura mais do que dois ou três
minutos. Isso mesmo. O terminal está logo ali, bem ao lado da fábrica. Com um
cais de 8,3 mil metros, ele permite a atracação de três navios de grandes
porte. E por lá são embarcados nada menos que 4,2 mil carros por dia útil, o
que gera um volume anual de 1,1 milhão de veículos exportados. A viagem ao
Japão dura dois dias e o trajeto até a costa leste dos Estados Unidos leva
duas semanas.
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NOVO
PADRÃO DE QUALIDADE
Reconhecimento mundial:
• Montadora já é a sexta no ranking global
• Taxa de expansão superior a 20% ao ano
• Sucesso de modelos como o Tucson (foto) ajudaram a Hyundai a obter
uma classificação superior à da Toyota na avaliação da consultoria
americana JD Powers
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Com uma logística tão afiada, a Hyundai, que controla a também coreana Kia, é
a montadora que mais cresce no mundo. Ela já ocupa a sexta posição no ranking
mundial e sua taxa de expansão anual vem sendo próxima a 20% desde 1998.
Embora a meta de chegar ao grupo das cinco maiores esteja prevista apenas
para 2010, isso pode acontecer dentro de semanas. “Se a Daimler vier mesmo a
vender a Chrysler, seremos a quinta maior”, diz o diretor Oles Gandacz, um
canadense que se transferiu para Seul há vários anos. O foco da Hyundai, no
entanto, é bem definido. A meta é superar a Toyota. Se não em quantidade de
veículos, ao menos em qualidade. “Esse é o nosso benchmark”, admite o
executivo Jake Jang. E isso, na Coréia, um país que foi ocupado durante quase
cinco décadas pelo Japão, gera motivações especiais. “Nossos custos de
produção representam 70% dos da Toyota, mas a nossa produtividade ainda é um
pouco menor”, diz Jang. Alcançá-los, segundo dizem seus executivos, é apenas
questão de tempo. O que dá tanta certeza aos coreanos é a própria história de
perseverança da montadora, que foi fundada há apenas 40 anos, por Ju-Yung
Chung. Em 1967, ele era apenas dono de uma oficina mecânica e começou
produzindo, sob licença, alguns modelos da Ford. Em 1976, desenvolveu seu
primeiro modelo próprio, o Pony, que era talhado para mercados de baixa
renda. Cinco depois, depois de um acordo operacional com a Mitsubishi, na
área de motores, a empresa começou a produzir carros mais elaborados.
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GIGANTISMO
AO ESTILO COREANO
Num modelo com escala global:
• A fábrica ocupa uma área de
cinco milhões de metros quadrados
• O porto tem um cais de 8,3 mil metros
• Todos os dias, atracam no píer três navios de grande porte, que
exportam os carros Hyundai para mais de 60 países
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E um dos principais motivos de orgulho ocorreu em 1991, quando a Hyundai
começou a exportar motores para a própria Mitsubishi. “Foi como se o aluno
tivesse superado o professor”, diz o diretor Oles Gadacz. Hoje, exportando
para mais de 60 países, a Hyundai é um símbolo do novo modelo de
desenvolvimento da Coréia, que vem conquistando o mundo também em outras
áreas com marcas globais como a Samsung e a LG. E uma prova da autoconfiança
dos coreanos é o acordo de livre comércio que acaba de ser fechado com os
Estados Unidos. As tarifas de importação de veículos, que são de 8% na Coréia
e 2,5% nos Estados Unidos, serão eliminadas. “Apesar disso, é uma situação
ganha-ganha”, diz o vice-presidente Seok-San Jang. “Teremos mais acesso ao
maior mercado do mundo”. Mas se os coreanos estão tendo sucesso, por que os
chineses ou os indianos, que hoje produzem modelos mais baratos, não podem
repetir a fórmula? “Nós não os subestimamos de maneira alguma”, diz o gerente
Jake Jang. Mas ele lembra que o ambiente econômico de hoje não é o mesmo de
quarenta anos atrás. Hoje, as pressões ambientais são muito maiores e a
Hyundai trabalha com a meta de zerar suas emissões. Além disso, a empresa tem
presença global e vem reforçando sua marca. Parceira da Fifa, a montadora
patrocinará as Copas do Mundo de 2010, na África do Sul, e 2014, no Brasil.
Além disso, a Hyundai irá inaugurar na sexta-feira 20, em Anápolis (GO), a
sua nova fábrica, em parceria com o empresário Carlos Alberto de Oliveira
Andrade, para produzir o caminhão leve HR. “O Brasil é uma das nossas
prioridades”, garante Jang, que se prepara para desembarcar por aqui nos
próximos dias.
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