Série: As maiores cavernas do Brasil
Toca da Boa Vista é a maior caverna brasileira, localizada em Campo
Formoso, Bahia.
É a maior caverna do hemisfério
sul com cem quilômetros de extensão.
A
Toca da Boa Vista está inserida no meio do sertão baiano, a 550 km de Salvador. O município chama-se Campo Formoso, tendo
seu nome originado a partir da designação que os indígenas davam à região,
"nupuranga" que significa "Terra Bela". O local é muito
árido, com precipitações anuais inferiores a 500 mm sendo a caatinga a
vegetação predominante. Existem vários povoados espalhados ao longo do seu
vasto território sendo o de Lage dos
Negros, o mais próximo da Toca.
Interior
da caverna
Em
uma só região estão as duas maiores cavernas brasileiras, a Toca da Boa Vista e
a Toca da Barriguda, com 105 e 30 km, respectivamente. Sem dúvida o fenômeno que
formou essas cavidades gigantes atuou em uma faixa muito mais ampla do que
imagina ou se conhece. Num futuro não muito distante essas grutas devem superar
a marca dos 100 km, deixando para as futuras gerações de espeleólogos a responsabilidade pela
continuidade dos trabalhos. E só o tempo poderá confirmar essa premissa.
No
final da década de oitenta, toda pessoa com um mínimo de conhecimento sobre o
patrimônio espeleológico brasileiro, sabia que existiam incontáveis cavernas a
serem exploradas. Áreas para prospecção surgiam a todo momento, novos grupos
formavam-se em várias partes do território nacional, e grandes grutas eram
descobertas. O Brasil experimentava uma rápida mudança no seu panorama
espeleológico.
Mas o que ninguém esperava era que uma dessas
cavidades pudesse superar a marca dos 100 km tornando-se um destaque mundial. Muito menos que ela tivesse uma gênese tão
particular que estimulasse pesquisadores a desenvolver estudos específicos
sobre a sua evolução. Ou mesmo que sua estrutura fosse tão complexa e a sua
temperatura tão elevada que inviabilizasse totalmente as já consagradas
técnicas de topografia e exploração. Mas a Toca da Boa Vista chegou para mudar
drasticamente os nossos conceitos de tamanho, dificuldades e sistematização.
Seu conhecimento e exploração certamente vão além da nossa existência, ficando
para as futuras gerações de espeleólogos, o compromisso com a continuidade dos
trabalhos.
A
característica mais marcante da região pode ser atribuída a completa
desvinculação das feições superficiais em relação às cavernas. Ou seja, os
processos que atuaram na formação das cavernas foram anteriores aos que
moldaram a paisagem. Até mesmo as
Estalagmites
e estalagtites da caverna
suas
entradas são acidentes decorrentes do rebaixamento superficial e,
provavelmente, posteriores à sua existência. Segundo as teorias mais aceitas, a
gênese dessas cavidades está associada à dissolução da rocha por soluções ricas
em ácido sulfúrico proveniente das águas subterrâneas.
O
resultado disso foi a formação de grutas labirínticas, num padrão nada comum à
outros locais do Brasil. Para se ter uma idéia desta complexidade, a Toca da
Boa Vista (105 km) está inserida em uma área com cerca de 3 km2.
Esse
fenômeno particular atuou em uma ampla faixa carbonática da região, podendo ser
observado em várias outras cavidades.
Neste
contexto destaca-se a Toca da Barriguda. Situada a menos de 700 m da Boa Vista,
já é a segunda maior caverna brasileira (30 km) tendo inúmeras galerias a
serem exploradas. Isso sem falar da possibilidade de se encontrar uma conexão
entre as duas, que resultaria um super sistema com potencial para mais de
200 km.
Atualmente
as grutas da região encontram-se quase completamente secas e com uma
temperatura interna que chega perto dos 30 graus. Além disso, existem espessas
camadas de sedimento cobrindo várias galerias e inúmeros depósitos
fossilíferos.
As
explorações da Toca da Boa Vista iniciaram em 1987, sendo até o momento foram
topografados 105 km em 21 expedições. Contudo é certo que o potencial da
gruta, atualmente a 13ª maior do mundo, deva superar a marca dos 150 km. A
sua complexidade e aridez impuseram uma verdadeira revolução nas técnicas de
exploração e mapeamento adotadas até então.
A
topografia experimentou vários equipamentos e métodos buscando aprimorar a
continuidade dos trabalhos, a orientação das equipes e a precisão necessária a
esse tipo de cavidade.
Outro
desafio enfrentado tem sido as longas jornadas percorridas até os pontos mais
distantes das entradas (atualmente só são conhecidas 3 entradas). Muitas vezes
as equipes gastam mais de 3 horas só para chegar ao ponto inicial das
explorações. Aliado ao calor, a falta d'água e as dificuldades de se
encontrarem as passagens corretas, a tarefa de explorar a Toca da Boa Vista
torna-se um trabalho árduo e penoso.
Mas
para aqueles que já tem alguns neurônios cozidos pelo seu calor e os seus
pulmões viciados no seu pó escuro, não existe nada melhor.
As
expedições a Campo Formoso normalmente são realizadas ao final de cada ano,
tendo a duração de 2 a 3 semanas. Participações de outros grupos são bem
vindas, mas devem ser acertadas com antecedência. Para maiores informações
entre em contato com o Grupo Bambuí.
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