POR JOACI GÓES
Aqui mesmo, neste espaço, escrevemos três artigos,
entre 2010 e 2011, considerando, como vitória de Pirro, a realização da Copa no
Brasil.
As razões
do nosso inconformismo eram, essencialmente, as mesmas que levaram multidões às
ruas, há precisamente um ano: inversão de prioridades, quando temos questões
básicas que clamam por soluções nas áreas de infraestrutura física e social,
como rodovias, portos, aeroportos, saneamento básico, segurança pública, saúde
e educação.
Como os
fatos vêm demonstrando, à larga, não deu outra. Os custos da realização da Copa
no Brasil são os mais altos da história, alcançando o superfaturamento das
obras níveis estratosféricos, sem que tenhamos conquistado qualquer dos grandes
benefícios anunciados, como um grande afluxo de turistas, projetando o País aos
olhos do mundo, a elevação da autoestima popular e a realização de obras
destinadas a melhorar a mobilidade urbana dos grandes centros nacionais. O
resultado é o que aí está: os turistas cancelando reservas, com medo da
violência endêmica, o povo revoltado e o trânsito ruim como nunca.
Para
agravar, ainda mais, o humor popular, a má qualidade de serviços essenciais ao
presente e ao futuro das pessoas, como saúde, segurança e educação,
contribuindo para generalizar o pânico, coincide com a pilhagem desenfreada do
Erário, de que o escândalo da compra da refinaria de Passadena, nos Estados
Unidos, por valores trinta vezes superiores ao preço de mercado, é o exemplo mais
emblemático. Quando a Nação se debruçar sobre o escândalo da Refinaria Lima e
Abreu, em Pernambuco, que já custa dez vezes mais o orçamento inicial, os
monges de pedra corarão de vergonha.
Não
integramos o exército do quanto pior melhor, como mecanismo para chegar ao
poder, como tem sido a prática do partido que empolgou as massas com o discurso
da ética e da honradez, decaindo, agora, no apreço popular, em razão das
barbaridades, sem nome, que comprometem, irremediavelmente, sua biografia. Por
isso, desejamos que a competição que, dentro em pouco, se realizará em nosso
País transcorra em ambiente da mais completa normalidade.
Melhor,
ainda, se o Brasil levantar o caneco pela sexta vez e o povo mandar os
malfeitores embora.
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