O livro Água de Beber, Camará – História do Abastecimento d´Água de
Salvador, de autoria de Guilherme Radel, Caiuby Alves da Costa e Antonio
Eduardo Araújo Lima, mestres dos recursos hídricos, foi lançado pela Associação
Comercial da Bahia – ACB, em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado da
Bahia. Bem-humorados, com cabeças prateadas pela vida e jorrando o ouro
guardado, os autores contam histórias do passado, abrindo válvulas que deságuam
no presente e, como pulverizadores, remetem a reflexões do futuro.
Na capa, a fotografia do chafariz do Terreiro de Jesus, construído em 1861 pela Companhia de Águas do Queimado, com quatro grandes estátuas seminuas, representando os quatro principais rios da Bahia: São Francisco, Jequitinhonha, Paraguaçu e Pardo. Carregando uma bacia de águas jorrantes, encimada pela escultura de Ceres, deusa da abundância, simboliza o potencial hídrico do estado percebido no Século XIX.
Aberto com um diálogo entre Sócrates e seu discípulo Ascórbios, como fazem os sábios, os autores projetam um corolário entre o ontem, o hoje e o amanhã. - Sócrates “... nada bitola tanto o pensamento quanto a escrita. Ah, se os homens que pensam pudessem escrever tudo o que pensam... Mas a escrita é uma estrada que bitola os nossos pensamentos... eu já ando arriscado de perseguições pelo que penso, imagina se eu ainda fosse escrever...”. – Ascórbios “...pelo menos mestre, faz-me uma recomendação. – Sócrates, “...continua a meditar”.
Desafiando os ensinamentos socráticos, professores, jornalistas, escritores, pesquisadores e, às vezes, empresários visionários, inquietos e corajosos, precisam escrever pelo menos parte do que pensam para ajudar a mover a sociedade. Esse livro chega na hora certa quando o Brasil começa a fazer eventos preparativos, para receber o 8º Fórum Mundial da Água, em 2018, promovido pelo World Water Council – WWC.
Reunindo mais de 300 organizações em 50 países, o WWC estimula investimentos, incentiva marcos regulatórios e eventos preparatórios para os fóruns globais. Realizado a cada três anos, o Fórum Global reúne governos, empresas, academia e sociedade civil. Um desses eventos, reunindo gente do Brasil e do mundo, será na Associação Comercial da Bahia, como parte dos Fóruns ACB, focando inovações para o desenvolvimento, em novembro de 2014.
Hoje, 40% da população global vive sob estresse hídrico em regiões onde a oferta anual é inferior a 1.700 m³ de água por habitante, limite mínimo considerado seguro pela ONU. Enquanto no Brasil, cerca de 40% da água bombeada para as residências é perdida nas redes antes de chegar ao seu destino, no Japão, a perda de 5% está sendo reduzida.
Com 13% da água doce do planeta, apenas 55,1% dos municípios do país dispõem de
saneamento básico (IBGE). A Lei 11.445/07, estabelecendo diretrizes para o
saneamento básico, preconiza que os municípios precisam elaborar seus Planos
Municipais de Saneamento Básico e promover a Regulação dos Serviços de
Saneamento. O governo federal pretende universalizar o saneamento básico no
Brasil em 20 anos (2014 a 2033) e, para isso, estima a necessidade de 302
bilhões de reais para obras de água e esgoto.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS, do Ministério das Cidades, as 100 maiores cidades do país geraram mais de 5,1 bilhões de m³ de esgoto por ano, desses, mais de 3,2 bilhões de M³ não recebem tratamento, ou seja, mais de 100 milhões de brasileiros ainda não têm saneamento básico, o que representa elevados impactos na saúde pública. Entre as doenças transmitidas diretamente através do esgoto estão a cólera, febre tifoide, disenteria, amebíase e hepatite.
Enquanto a Organização Mundial da Saúde afirma que para cada 1 real investido em saneamento há uma economia de 4 reais na saúde, o Ranking do Saneamento Básico mostra que o Estado da Bahia apresentou, em 2013, 45 mil internações por doenças infecciosas relacionadas ao contato com água contaminada. Atendendo a Sócrates, devemos parar de escrever e continuar a meditar.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS, do Ministério das Cidades, as 100 maiores cidades do país geraram mais de 5,1 bilhões de m³ de esgoto por ano, desses, mais de 3,2 bilhões de M³ não recebem tratamento, ou seja, mais de 100 milhões de brasileiros ainda não têm saneamento básico, o que representa elevados impactos na saúde pública. Entre as doenças transmitidas diretamente através do esgoto estão a cólera, febre tifoide, disenteria, amebíase e hepatite.
Enquanto a Organização Mundial da Saúde afirma que para cada 1 real investido em saneamento há uma economia de 4 reais na saúde, o Ranking do Saneamento Básico mostra que o Estado da Bahia apresentou, em 2013, 45 mil internações por doenças infecciosas relacionadas ao contato com água contaminada. Atendendo a Sócrates, devemos parar de escrever e continuar a meditar.
*Eduardo Athayde é diretor da
Associação Comercial da Bahia e do WWI-Worldwatch Institute no Brasil.
eduathayde@gmail.com
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