João Francisco dos Santos (Glória do Goitá, 25 de fevereiro de 1900 — Rio de
Janeiro, 11 de abril de 1976), mais conhecido como Madame Satã,
foi o mais emblemático (e talvez o primeiro) transformista brasileiro, visto como personagem da vida noturna e
marginal carioca na primeira metade do século XX.
Criado numa família de dezessete irmãos, diz-se que João Francisco
chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua. Jovem, foi para Recife, onde viveu de pequenos serviços prestados.
Posteriormente, mudou-se para o Rio, indo morar no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi
o de carregador de marmitas, embora houvesse o boato de que fosse cozinheiro de
mão-cheia. Considerado marginalizado, acredita-se que o fato de ter sido negro, pobre e homossexual tenha
contribuído.
Dito dotado de uma índole irônica e extrovertida, Santos encantou-se
pelo carnaval carioca.
Foi assim que, em 1942,
ao desfilar no bloco-de-rua Caçador de Veados, surgiu seu apelido.
O transformista se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada
em filme homônimo de Cecil B. DeMille.
Era freqüentador assíduo do bairro onde morava (conhecido como reduto
carioca da malandragem e boemia na década de 1930),
onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava que
as meretrizes não
fossem vítimas de estupro ou
agressão.
Foi preso várias vezes, chegando a ficar confinado ao presídio da Ilha
Grande, agora em ruínas. Frequentemente,
Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade.
Considerado exímio capoeirista,
lutou por diversas vezes contra mais de um policial, geralmente em resposta a
insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros.
É considerado uma referência na cultura marginal
urbana do século XX.
No ano de 2002, foi rodado no Brasil um filme sobre sua vida,
que leva também o nome de Madame Satã, premiado nacional e internacionalmente. Nesse filme, João Francisco dos Santos foi interpretado pelo ator Lázaro Ramos.
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