sexta-feira, 4 de julho de 2014

O DESEQUILÍBRIO DA SELEÇÃO (BRASILEIRA)

Por JOACI GÓES



A comissão técnica da seleção brasileira está em crise, que atingiu o ápice quando o treinador Felipe Scolari deu uma de prima dona, esnobando a mídia mundial que ousou indagar-lhe sobre o baixo desempenho dos pentacampeões do mundo. Mais que esnobação, deixar a entrevista a meio foi ato de pura falta de esportividade ou de simples educação.
    
Como é natural, os jogadores também estão em crise de confiança, estado de espírito que compromete o seu desempenho. Esse panorama crítico foi suficiente para justificar a reconvocação da psicóloga Regina Brandão que há mais de vinte anos assessora o treinador brasileiro. 
    
O noviciado em copas de dezessete dos vinte e três convocados explicaria esse preocupante desconforto majoritário a ponto de levar o veteraníssimo Thiago Silva a pedir sua exclusão da lista de cobradores de pênaltis contra o Chile, quando os jogadores desabaram em choro compulsivo. Para segurar a onda, a infusão de otimismo nos companheiros da parte de Júlio César e de Paulinho foi de fundamental importância para a milagrosa vitória nas cobranças fatais.
    
O sentimento predominante é o de que o discurso de autoconfiança na vitória, praticado pela equipe técnica, ultrapassou a justa medida, emperrando a criatividade do time. Na conversa reservada que manteve, recentemente, com meia dúzia dos mais influentes jornalistas esportivos brasileiros, Felipão queixou-se da mídia, de um modo que soou como a tentativa de criar um prévio bode expiatório para a eventualidade de uma cada vez mais temida derrota. A má vontade da Fifa e dos árbitros, que só Felipão vê, integraria o acervo dos obstáculos externos ao avanço da Seleção Canarinha. 

Nem mesmo a declaração de Joseph Blatter sustentando a correção do pênalti em Fred foi suficiente para calar o treinador falastrão. Nenhuma parcela de responsabilidade foi atribuída ao seu teimoso estilo imperial de escalar o time, postura que tem contribuído para neutralizar a imprescindível participação dos dirigentes na reconstrução do abalado emocional coletivo.
    
Na verdade, este é o Felipão de sempre: pai dos triunfos e exculpatório nas derrotas. Não foi assim, quando deixou o Palmeiras na segunda divisão para substituir Mano Menezes no comando da Seleção?
    
Contra todas as evidências, impressiona a tola crença reinante no poder redentor dos técnicos de futebol, quando, na realidade, ninguém conseguiu definir o segredo da vitória melhor do que o zagueiro Bacamarte, ao explicar a conquista pelo seu time, o Guarani, do campeonato baiano, em 1946, ano de sua fundação: “Nós tem dois grupo: um que defende e outro que ataca, e nós ajuda unzozôto”.

Simples assim. 
Viva Bacamarte, e abaixo os embusteiros e poltrões do futebol! 



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