Por JOACI GÓES
A comissão técnica da seleção
brasileira está em crise, que atingiu o ápice quando o treinador Felipe Scolari
deu uma de prima dona, esnobando a mídia mundial que ousou indagar-lhe sobre o
baixo desempenho dos pentacampeões do mundo. Mais que esnobação, deixar a
entrevista a meio foi ato de pura falta de esportividade ou de simples
educação.
Como é natural, os jogadores também estão em crise de confiança, estado de
espírito que compromete o seu desempenho. Esse panorama crítico foi suficiente
para justificar a reconvocação da psicóloga Regina Brandão que há mais de vinte
anos assessora o treinador brasileiro.
O noviciado em copas de dezessete dos vinte e três convocados explicaria esse
preocupante desconforto majoritário a ponto de levar o veteraníssimo Thiago
Silva a pedir sua exclusão da lista de cobradores de pênaltis contra o Chile,
quando os jogadores desabaram em choro compulsivo. Para segurar a onda, a
infusão de otimismo nos companheiros da parte de Júlio César e de Paulinho foi
de fundamental importância para a milagrosa vitória nas cobranças fatais.
O sentimento predominante é o de que o discurso de autoconfiança na vitória,
praticado pela equipe técnica, ultrapassou a justa medida, emperrando a
criatividade do time. Na conversa reservada que manteve, recentemente, com meia
dúzia dos mais influentes jornalistas esportivos brasileiros, Felipão
queixou-se da mídia, de um modo que soou como a tentativa de criar um prévio
bode expiatório para a eventualidade de uma cada vez mais temida derrota. A má
vontade da Fifa e dos árbitros, que só Felipão vê, integraria o acervo dos
obstáculos externos ao avanço da Seleção Canarinha.
Nem mesmo a declaração de Joseph
Blatter sustentando a correção do pênalti em Fred foi suficiente para calar o
treinador falastrão. Nenhuma parcela de responsabilidade foi atribuída ao seu
teimoso estilo imperial de escalar o time, postura que tem contribuído para
neutralizar a imprescindível participação dos dirigentes na reconstrução do
abalado emocional coletivo.
Na verdade, este é o Felipão de sempre: pai dos triunfos e exculpatório nas
derrotas. Não foi assim, quando deixou o Palmeiras na segunda divisão para
substituir Mano Menezes no comando da Seleção?
Contra todas as evidências, impressiona a tola crença reinante no poder
redentor dos técnicos de futebol, quando, na realidade, ninguém conseguiu
definir o segredo da vitória melhor do que o zagueiro Bacamarte, ao explicar a
conquista pelo seu time, o Guarani, do campeonato baiano, em 1946, ano de sua
fundação: “Nós tem dois grupo: um que defende e outro que ataca, e nós ajuda
unzozôto”.
Simples
assim.
Viva Bacamarte, e abaixo os embusteiros e poltrões do futebol!
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