Fernando Alcoforado*
A
soberania do Brasil está ameaçada porque o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) aprovou a Convenção 169
da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo texto obriga o País a
admitir a cessão de sua soberania sobre áreas indígenas, o que significa deixar
de deter o controle sobre cerca de 20% do país (incluindo as áreas indígenas
ainda em processo de demarcação). Dos 185 países-membros da OIT, 168 não
assinaram a Convenção 169 por não admitirem qualquer restrição sobre suas
soberanias. Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia e Austrália,
entre outros, não aceitaram a Convenção 169 da OIT. A Convenção169 da OIT
foi assinada só por 17 países, entre eles o Brasil.
A
Convenção 169 já foi ratificada pelo Congresso Nacional e outorgada pelo
governo Lula, tem força de lei federal e está em pleno vigor. No segundo
mandato do governo Lula, o Brasil aprovou na ONU a Declaração Universal dos
Direitos das Nações Indígenas, que ratifica e amplia os termos da Convenção da
OIT, dando independência e autonomia total aos territórios indígenas, que
teoricamente agora têm direito de se transformarem em países independentes. A
Declaração da ONU até hoje não foi enviada ao Congresso Nacional pelo governo
federal. Ou seja, ainda não tem força de lei.
Cabe
observar que o governo do Brasil teve o prazo até 24 de julho deste ano para
anular um dos maiores crimes de lesa pátria já cometidos em nosso país – a
assinatura da Convenção 169 da OIT. Pelo disposto no artigo 39, o Brasil teria
o direito de denunciar a Convenção ao final de um período de dez anos, contados
da data de entrada em vigor, o que ocorreu em 25 de julho de 2003. Ou seja, o
prazo terminaria no dia 25 de julho de 2013, mas haveria um período adicional
de mais 12 meses para o País tomar a decisão final.
Razões humanitárias teriam contribuído para a institucionalização
da Convenção 169 da OIT haja vista existir em várias partes do mundo populações
indígenas vivendo em condições sub-humanas e ameaçadas de desaparecer. Este é o
caso do Brasil em que se constata o inconcebível
descaso do governo brasileiro em relação à chamada questão indígena. As diversas tribos existentes no
Brasil estão abandonadas à própria sorte pelo governo, o que facilita a atuação
das ONGs estrangeiras que, além de buscarem a preservação do meio ambiente,
assediam as tribos, interessadas não somente nas reservas minerais da Amazônia,
mas também nas múltiplas riquezas de sua biodiversidade.
Se é inconcebível os governos FHC
e Lula não tratarem da questão indígena brasileira com o mais elevado
espírito de humanidade, é inadmissível que o governo brasileiro abra mão de sua
soberania se submetendo a imposições de uma Convenção da OIT. Ao assinar a
Convenção 169 da OIT, o governo brasileiro reforça a aplicação de sanções pela
ONU contra o Brasil no caso de violação dos direitos dos povos indígenas
residentes no País. É importante observar que sob o pretexto de razões
humanitárias a intervenção militar da ONU ou de qualquer dos membros do
Conselho de Segurança pode ocorrer para se apossar das riquezas minerais e
vegetais existentes na Amazônia no Brasil como já aconteceu no Iraque e na
Líbia para se apossarem dos campos de petróleo.
É preciso não esquecer que a Amazônia pode ser objeto de cobiça
das grandes potências mundiais para terem acesso aos recursos naturais nela
existentes. O fato de a Amazônia
Legal ser a maior província mineral do mundo, estimada em 7 trilhões de dólares
contribui também para que ela possa vir a ser objeto de intervenção das grandes
potências mundiais. As riquezas existentes na Amazônia podem se constituir em
fontes de conflitos entre o Brasil e as grandes potências no futuro. As ameaças que pairam sobre a Amazônia se baseiam na
perspectiva de que as guerras do Século XXI terão como fulcro a batalha por
recursos naturais os quais tendem a se esgotar. Diante destes fatos, o governo do Brasil atentou contra os interesses da nação ao não ter
anulado até 24 de julho deste ano a assinatura da Convenção 169 da OIT.
Fernando Alcoforado, 74, membro da Academia Baiana de
Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento
Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros
Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a
Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para
o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento
do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e
Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do
Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA,
Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft
& Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e
Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes
do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.
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