segunda-feira, 4 de agosto de 2014

CONVENÇÃO 169 DA OIT AMEAÇA A SOBERANIA DO BRASIL

Fernando Alcoforado*


A soberania do Brasil está ameaçada porque o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) aprovou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo texto obriga o País a admitir a cessão de sua soberania sobre áreas indígenas, o que significa deixar de deter o controle sobre cerca de 20% do país (incluindo as áreas indígenas ainda em processo de demarcação). Dos 185 países-membros da OIT, 168 não assinaram a Convenção 169 por não admitirem qualquer restrição sobre suas soberanias. Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, entre outros, não aceitaram a Convenção 169 da OIT. A Convenção169 da OIT foi assinada só por 17 países, entre eles o Brasil.
A Convenção 169 já foi ratificada pelo Congresso Nacional e outorgada pelo governo Lula, tem força de lei federal e está em pleno vigor. No segundo mandato do governo Lula, o Brasil aprovou na ONU a Declaração Universal dos Direitos das Nações Indígenas, que ratifica e amplia os termos da Convenção da OIT, dando independência e autonomia total aos territórios indígenas, que teoricamente agora têm direito de se transformarem em países independentes. A Declaração da ONU até hoje não foi enviada ao Congresso Nacional pelo governo federal. Ou seja, ainda não tem força de lei.

Cabe observar que o governo do Brasil teve o prazo até 24 de julho deste ano para anular um dos maiores crimes de lesa pátria já cometidos em nosso país – a assinatura da Convenção 169 da OIT. Pelo disposto no artigo 39, o Brasil teria o direito de denunciar a Convenção ao final de um período de dez anos, contados da data de entrada em vigor, o que ocorreu em 25 de julho de 2003. Ou seja, o prazo terminaria no dia 25 de julho de 2013, mas haveria um período adicional de mais 12 meses para o País tomar a decisão final.
Razões humanitárias teriam contribuído para a institucionalização da Convenção 169 da OIT haja vista existir em várias partes do mundo populações indígenas vivendo em condições sub-humanas e ameaçadas de desaparecer. Este é o caso do Brasil em que se constata o inconcebível descaso do governo brasileiro em relação à chamada questão indígena. As diversas tribos existentes no Brasil estão abandonadas à própria sorte pelo governo, o que facilita a atuação das ONGs estrangeiras que, além de buscarem a preservação do meio ambiente, assediam as tribos, interessadas não somente nas reservas minerais da Amazônia, mas também nas múltiplas riquezas de sua biodiversidade. 
Se é inconcebível os governos FHC e Lula não tratarem da questão indígena brasileira com o mais elevado espírito de humanidade, é inadmissível que o governo brasileiro abra mão de sua soberania se submetendo a imposições de uma Convenção da OIT. Ao assinar a Convenção 169 da OIT, o governo brasileiro reforça a aplicação de sanções pela ONU contra o Brasil no caso de violação dos direitos dos povos indígenas residentes no País. É importante observar que sob o pretexto de razões humanitárias a intervenção militar da ONU ou de qualquer dos membros do Conselho de Segurança pode ocorrer para se apossar das riquezas minerais e vegetais existentes na Amazônia no Brasil como já aconteceu no Iraque e na Líbia para se apossarem dos campos de petróleo. 
É preciso não esquecer que a Amazônia pode ser objeto de cobiça das grandes potências mundiais para terem acesso aos recursos naturais nela existentes. O fato de a Amazônia Legal ser a maior província mineral do mundo, estimada em 7 trilhões de dólares contribui também para que ela possa vir a ser objeto de intervenção das grandes potências mundiais. As riquezas existentes na Amazônia podem se constituir em fontes de conflitos entre o Brasil e as grandes potências no futuro. As ameaças que pairam sobre a Amazônia se baseiam na perspectiva de que as guerras do Século XXI terão como fulcro a batalha por recursos naturais os quais tendem a se esgotar. Diante destes fatos, o governo do Brasil atentou contra os interesses da nação ao não ter anulado até 24 de julho deste ano a assinatura da Convenção 169 da OIT.
Fernando Alcoforado, 74, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998),  Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.  

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