Por
Luiz Augusto Amoedo
“Marolinha”
Nada como um dia depois do outro para constatarmos
que as invencionices fabricadas como verdades imutáveis não passam de ilusões
que se quedam à realidade dos fatos.
Vejamos o caso da “marolinha” diagnosticada por
Lula como coisa vã e que a nossa economia, Iron Man,
era capaz de
enfrentar, sem maiores problemas.
Pois não é que vem a público a presidente Dilma ao
ser questionada sobre a “marolinha” e disse que o Brasil enfrenta a
mais grave crise internacional. “Todos nós erramos na análise. Não fomos apenas
nós que erramos, o mundo inteiro errou, porque saiu completamente fora do
controle do sistema financeiro”, declarou a mandatária, em uma sabatina, aos
veículos Folha de S. Paulo, UOL, SBT e rádio Jovem Pan.
A acreditar em Dilma e não mais em Lula, além de
estarmos imersos numa crise, “há um jogo de
pessimismo no Brasil”. A economia é feita de expectativa. Se alguém bota na
cabeça que você está descontrolado, prejudica.”
Se estamos
pessimista, encucados, de crista baixa, então qual é o caminho a tomar para que
passemos a acreditar que a nossa economia “Iron Man” terá capacidade de
reverter as demissões que vem se dando no setor automotivo, juntamente com as
férias coletivas e a suspensão temporária dos empregos nas montadoras? Dá para
crer que basta espantarmos o pessimismo, na base de doses de algum xarope,
aguardente ou qualquer coisa produzida pela farmacologia, para se espantar os
péssimos indicadores da indústria? Seria por essa via que a economia “Iron Man”
deixaria de lado o minguado pibinho e passaria a conviver com um crescimento
capaz de dar inveja à China? Se as análises e prognósticos sobre a economia do
país estão ao sabor de crenças e desmentidos, fica muito difícil entender por
que depois do Banco Central divulgar em ata do Copom que o juro permanecerá
inalterado por um bom tempo, ou seja, descartando qualquer movimento de corte
da Selic, em razão da inflação resistente, venha a equipe econômica do governo
despejar R$ 45 bilhões na economia para aquecer o consumo. A despeito de toda
essa dinheirama, o setor imobiliário, com taxas de juros razoáveis, prazo de
financiamento esticado e produtos em estoque, vem tendo um sofrível desempenho.
Será que o cidadão se deixou abater pelo pessimismo, seria essa a explicação
tardia, assim como nos enganamos no diagnóstico da “marolinha” que agora virou
uma crise? Durante a Copa, Felipão nos fazia crer que seríamos campeões, embora
o time não se mostrasse um “Iron Man”, assim como nossa economia. Veio os 7x1
da Alemanha e culpamos o apagão dos jogadores, mas logo em seguida batemos pé
firme que contra a Holanda tudo seria diferente e iríamos, como um passe de
mágica, resgatar um futebol vibrante que encantaria o mundo.
Fomos
derrotados por 3x0 pela Holanda e as explicações de Felipão se desmancharam no
ar, com ele demitido e nós outros com cara de bobos descobrindo tardiamente que
os diagnósticos, as explicações e o ufanismo estavam bem distantes da
realidade. No caso da economia, em que devemos acreditar? Na “marolinha”, no
desmentido sobre a “marolinha”, no pessimismo que tomou conta do contribuinte?
Na inflação que não dá trégua a produtos e serviços? Dessa vez estamos muito
longe do Carnaval, para invocarmos Chico Buarque e dizermos que estamos nos
guardado para quando a folia chegar, aonde tudo iria se diluir em festa e
samba. Se acaso estamos pessimistas, mal comparando, o governo mais parece uma
faca na água. Para que serve uma faca na água?
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