sábado, 2 de agosto de 2014

E A "MAROLINHA" SE TRANSFOMOU NUMA CRISE

Por
Luiz Augusto Amoedo

“Marolinha”

Nada como um dia depois do outro para constatarmos que as invencionices fabricadas como verdades imutáveis não passam de ilusões que se quedam à realidade dos fatos.

Vejamos o caso da “marolinha” diagnosticada por Lula como coisa vã e que a nossa economia, Iron Man, era capaz de enfrentar, sem maiores problemas.

Pois não é que vem a público a presidente Dilma ao ser questionada sobre a “marolinha” e disse que o Brasil enfrenta a mais grave crise internacional. “Todos nós erramos na análise. Não fomos apenas nós que erramos, o mundo inteiro errou, porque saiu completamente fora do controle do sistema financeiro”, declarou a mandatária, em uma sabatina, aos veículos Folha de S. Paulo, UOL, SBT e rádio Jovem Pan.

A acreditar em Dilma e não mais em Lula, além de estarmos imersos numa crise, “há um jogo de pessimismo no Brasil”. A economia é feita de expectativa. Se alguém bota na cabeça que você está descontrolado, prejudica.”

Se estamos pessimista, encucados, de crista baixa, então qual é o caminho a tomar para que passemos a acreditar que a nossa economia “Iron Man” terá capacidade de reverter as demissões que vem se dando no setor automotivo, juntamente com as férias coletivas e a suspensão temporária dos empregos nas montadoras? Dá para crer que basta espantarmos o pessimismo, na base de doses de algum xarope, aguardente ou qualquer coisa produzida pela farmacologia, para se espantar os péssimos indicadores da indústria? Seria por essa via que a economia “Iron Man” deixaria de lado o minguado pibinho e passaria a conviver com um crescimento capaz de dar inveja à China? Se as análises e prognósticos sobre a economia do país estão ao sabor de crenças e desmentidos, fica muito difícil entender por que depois do Banco Central divulgar em ata do Copom que o juro permanecerá inalterado por um bom tempo, ou seja, descartando qualquer movimento de corte da Selic, em razão da inflação resistente, venha a equipe econômica do governo despejar R$ 45 bilhões na economia para aquecer o consumo. A despeito de toda essa dinheirama, o setor imobiliário, com taxas de juros razoáveis, prazo de financiamento esticado e produtos em estoque, vem tendo um sofrível desempenho. Será que o cidadão se deixou abater pelo pessimismo, seria essa a explicação tardia, assim como nos enganamos no diagnóstico da “marolinha” que agora virou uma crise? Durante a Copa, Felipão nos fazia crer que seríamos campeões, embora o time não se mostrasse um “Iron Man”, assim como nossa economia. Veio os 7x1 da Alemanha e culpamos o apagão dos jogadores, mas logo em seguida batemos pé firme que contra a Holanda tudo seria diferente e iríamos, como um passe de mágica, resgatar um futebol vibrante que encantaria o mundo.
Fomos derrotados por 3x0 pela Holanda e as explicações de Felipão se desmancharam no ar, com ele demitido e nós outros com cara de bobos descobrindo tardiamente que os diagnósticos, as explicações e o ufanismo estavam bem distantes da realidade. No caso da economia, em que devemos acreditar? Na “marolinha”, no desmentido sobre a “marolinha”, no pessimismo que tomou conta do contribuinte? Na inflação que não dá trégua a produtos e serviços? Dessa vez estamos muito longe do Carnaval, para invocarmos Chico Buarque e dizermos que estamos nos guardado para quando a folia chegar, aonde tudo iria se diluir em festa e samba. Se acaso estamos pessimistas, mal comparando, o governo mais parece uma faca na água. Para que serve uma faca na água? 

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