Por Rainer Sousa
Graduado em História
Em
momentos de alegria, principalmente em festas, deixamos a empolgação tomar
conta e acabamos cometendo alguns excessos. No dia seguinte, ainda lamentando a
ressaca da noite anterior, somos avisados ou concluímos por si só que enfiamos
o pé na jaca. Dessa forma, aprendemos
que qualquer tipo de exagero ou comportamento abusivo está associado a essa
curiosa expressão.
Para
alguns, a imagem de alguém literalmente enfiando o pé na jaca é suficiente para
associar a estranha alegoria à situação de exagero. Contudo, esse é um erro de
interpretação que nega as verdadeiras origens dessa expressão hoje tão comum.
Na verdade, a fruta aqui em questão só apareceu por conta de mais um
corriqueiro processo de mutação dos termos idiomáticos.
Nos
idos do século XVII e XVIII, o transporte de cargas e mercadorias ganhou grande
espaço com a economia mineradora. Naquela época, os tropeiros realizavam esse
serviço de distribuição no lombo de mulas geralmente munidas de um grande par
de jacás. O jacá era um grande cesto indígena (feito de cipó ou bambu) no qual
esses viajantes carregavam suas valiosas mercadorias.
Em
algumas situações, os tropeiros interrompiam ou terminavam as suas viagens em
uma venda onde se entregavam ao prazer da bebida. Depois de tantos goles, era
comum que esses tropeiros passassem por um grande constrangimento na hora de
subir no lombo das mulas. Não raro, o pobre tropeiro embriagado acabava
enfiando o “pé no jacá” na hora de seguir o seu destino.
De lá
para cá, o desuso desse tipo de cesto acabou sendo paralelo à própria
transformação do termo. Nessa história, a pobre jaca acabou tomando o lugar do
utensílio indígena. Apesar da mudança, o exagero dos tropeiros do século XVIII
e dos “baladeiros” modernos continuam a render boas histórias.
Fonte:
Brasil Escola
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