Livros
A
maior vendedora de livros do Brasil, seu público leitor feminino era imenso
Maria José Dupré ou Senhora Leandro Dupré como assinava inicialmente seus livros (Botucatu, 1 de
maio de 1905— Guarujá, 15 de maio de 1984) foi uma escritora brasileira, mais conhecida como autora da sua obra-prima, Éramos Seis e
pela série de livros infantis sobre o Cachorrinho Samba.
nacida
na fazenda Bela Vista, na época município de Botucatu, era filha de Antônio Lopes de Oliveira
Monteiro e de Rosa de Barros Fleury Monteiro.
Maria
José foi alfabetizada pela mãe e seu irmão mais velho. Ainda em Botucatu,
estudou música em
aulas particulares e pintura no
Colégio dos Anjos. Sua formação literária, contudo, deu-se antes mesmo da
frequência na escola: seus pais, apesar de não serem ricos, mantinham o hábito
da leitura e ainda menina já tinha travado contato com livros clássicos
portugueses e mundiais, de autores como Eça de Queiroz, Leão Tolstoi,
Nietzsche, Rimbaud, Goethe e muitos outros.
Mudou-se
para a cidade de São Paulo, onde cursou a Escola
Normal Caetano de Campos,
formando-se professora.
Sua vida na literatura começa após se casar com o engenheiro Leandro Dupré.
Em 1939, publicou o conto Meninas tristes,
no suplemento literário de O Estado de S. Paulo, com o pseudônimo de Mary Joseph, incentivada pelo esposo que dizia que
suas narrativas eram "contos orais" que mereciam ser escritos.
Teve
sua primeira obra literária publicada em 1941, intitulada O Romance de Teresa Bernard.
Dois anos após publicou Éramos Seis, que veio a receber o
prêmio Raul Pompéia da Academia
Brasileira de Letras,
em 1944 e
o prêmio José Ermírio de Moraes. A obra recebeu diversas
adaptações, começando por filme
argentino em 1945, e depois em várias telenovelas, e com tradução para vários idiomas.
No
ano de 1943 Dupré
começa a publicar obras infantis,
com Aventuras
de Vera, Lúcia, Pingo e Pipoca,
também premiado pela ABL. Em 1944, junto ao marido Leandro Dupré, alia-se a Monteiro Lobato, Caio Prado Jr. e Artur
Neves na fundação da editora Brasiliense.
As
obras destinadas ao público infantil ganharam destaque com a série que narra as
aventuras do Cachorrinho Samba, dos quais O Cachorrinho
Samba na Rússia que venceu o Prêmio Jabuti da Câmara
Brasileira do Livro, com títulos ainda
editados.
Além
de seu principal romance, teve traduzidos para outros idiomas os livros Gina e Os
Rodriguez.
Dupré
foi membro diretivo da Sociedade Paulista de Escritores e
ainda foi vice-presidente da Creche Baronesa de Limeira e da entidade
beneficente Gota de Leite - trabalhos que, se não
necessariamente feminista,
capitaneava nos estados brasileiros dos anos 1930-40 a luta pelas conquistas
femininas.
Para
Maria Lúcia Silveira Rangel a autora é subestimada e, até, esquecida, no
Brasil. Comparando-a à autora Margaret Mitchell, Rangel ressalta que ela possui uma narrativa de grande poder
descritivo, e que alcançaram sucesso quando de seus lançamentos,
especialmente Éramos Seis. Como exemplo de obra não muito conhecida
cita Luz e
Sombra, que retrata o período
histórico do século XIX no país, durante a Guerra do Paraguai, com o patriarcado e a escravidão.
Éramos Seis conta a história de Dona Lola e sua família, uma bondosa e
batalhadora mulher que faz de tudo pela felicidade do marido, Júlio, um
vendedor, e dos quatro filhos do casal: Carlos, Alfredo, Julinho e Maria
Isabel. A obra, cujo tempo cronológico é de cerca de 20 anos, se inicia nos anos 20, no período final da República Velha, e termina nos anos 40, durante a II Guerra Mundial, já nos anos finais do Estado Novo. O período de grandes transformações sociais e comportamentais da
sociedade paulista nesse período serve como pano de fundo ao romance e por vez
ou outra tais transformações influenciam diretamente a vida e as ações dos
personagens. A vida de Dona Lola é narrada desde a infância das crianças,
quando Júlio trabalha para pagar as prestações da casa onde moram, na avenida Angélica, em São Paulo, nas proximidades do parque Buenos Aires, no local onde mais tarde se ergueu o Edifício São Clemente,
passando pela chegada dos filhos à fase adulta e de Dona Lola à velhice.
Conforme os anos passam, vão se modificando as coisas na vida de Dona Lola, com
a morte de Júlio; o sumiço de Alfredo pelo mundo; a união de Isabel com
Felício, um homem desquitado; a ascensão de Julinho, que se casa com uma moça
de família da nata da sociedade carioca; e por fim a trágica morte de Carlos, o
primogênito e o filho mais devotado à mãe, vítima de uma doença estomacal.
título do romance vem da situação
de Dona Lola ao fim da vida, sozinha
numa casa de repouso confortável, dirigida pelas "Irmãs Esperança",
na rua da Consolação, em São Paulo, próxima ao Centro, o que lhe permite
frequentar o Teatro Municipal e os cinemas. Eram seis, sua vida mudou e agora
só resta ela. Também são expostos no livro outras personagens, como os
familiares de Lola: na cidade de Itapetininga, interior paulista, moram a mãe, Dona
Maria; a tia Candoca; as irmãs Clotilde, solteira, e Olga, casada com Zeca, seu
cunhado; na cidade, vive a rica tia Emília, irmã de seu pai; e a filha de tia
Emília, Justina.
Para Avelino A. Correia a
obra parece "comum" no drama que aborda, pois não aborda uma
história de amor e não traz questionamentos filosóficos ou intelectuais, mas um
"drama mais ou menos comum a todas as famílias que lutam para conseguir
estas três necessidades fundamentais: boa convivência, teto e o
pão-nosso-de-cada-dia." - mas ressalta que a forma como a narrativa
evolui de modo "simpático, irresistível e envolvente" a tornam
"incomum" e fascinante.
Fonte: Wikipédia
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