Política
Caudilhismo é o
exercício do poder político caracterizado pelo agrupamento de uma comunidade em
torno do caudilho. Em geral,
caudilhos são lideranças políticas carismáticas ligadas a setores tradicionais
da sociedade transformados por deuses (como militares e grandes fazendeiros ) e
que baseiam seu poder no seu carisma. Muitas vezes, líderes são chamados de
caudilhos quando permanecem no governo por mais tempo do que o previsto. O
caudilhismo se apresenta como forma de exercício de poder divergente da democracia representativa. No entanto, nem
todos os caudilhos são ditadores: às vezes podem exercer forte liderança autocrática e carismática mantendo
formalmente a normal democrática.
O caudilho é o líder de um grupo humano que exerce
o seu poder de maneira autoritária, e as
relações pessoais do líder com seus adeptos é estreita e emocional. Em geral,
tem origens entre representantes das elites tradicionais, como fazendeiros e
militares. É comum entre os caudilhos a tendência a se perpetuar no poder, seja
por consecutivas reeleições ou
por mandato vitalício. Seu carisma, embora nem sempre transferível em
caso de sua morte, pode ser estendido para parentes, como esposa e filhos (como
Papa Doc e seu filho Baby Doc no Haiti). O
caudilho pode exercer o poder em todo um país ou apenas numa região ou
província (assemelhando-se ao coronelismo).
Fora do contexto latino-americano, houve também
caudilhos na África (como Idi Amin) e na
Europa (como Miklós Horthy). O
General Francisco Franco, governante da Espanha entre 1939 e1975, era
tratado oficialmente como Caudilho.
A ideia de caudilho surgiu na América Latina para
designar líderes conservadores que assumiam o poder por meio de golpes de Estado e
implantavam ditaduras personalistas. Em muitos casos, eram militares ou grandes proprietários de terras. O
surgimento de caudilhos era favorecido pela própria estrutura social das
ex-colônias espanholas e portuguesas, nas quais latifundiários detinham grande
poder político (a exemplo do coronelismo no Brasil). O
sistema caudilhista favoreceu a implantação de ditaduras militares
ao longo dos séculos
XIX e XX, como
ocorreu na Argentina, Bolívia,
Brasil, Chile,
Haiti, Peru e Uruguai. O
caudilhismo pode ser de índole militar, quando o ascendente ao poder é líder de
grupos armados.
Acredita-se que a primeira geração de caudilhos se
originou na época da independência das
colônias hispano-americanas em torno de 1820, devido à mudança de poder sobre
povos envolvidos, que deixavam de ser colônias das potências europeias.
O caudilhismo na América Latina ocorreu porque as
estruturas políticas da
região eram fundamentalmente oligárquicas, e não havia o conhecimento da democracia pela
população, na maioria analfabeta e alijada do poder. Isto dificultou o
entendimento e a aceitação do princípio de equilíbrio entre os poderes legislativo, judiciário e executivo, além das
diferenças entre as instâncias federal, estadual e municipal.
Busto de
Urquiza, caudilho argentino.
Na Argentina, por
exemplo, Juan Manuel de Rosas representou os interesses dos proprietários
rurais e latifundiários e não
do povo, embora fosse um caudilho que tinha a população à sua vontade, e o
federalismo como bandeira de propaganda.
No caso do Paraguai, Carlos Antonio López de fato era partidário das ideias liberais e
procurou desenvolver sua nação. Outro líder caudilho que realmente tinha em
mente as ideias de desenvolvimento da nação era o líder venezuelano Antonio Guzmán Blanco, que professava ideias liberais e esclarecidas.
O caudilhismo iniciou sua queda em meados do século
XX, isto ocorreu devido a industrialização, à imigração europeia
e à reforma eleitoral. Outro
fator gerador do declínio do caudilhismo na América Latina, foi a
profissionalização dos exércitos, esta
desencadeou a queda de diversos governos, porém trouxe a implantação das ditaduras militares no Brasil,
Argentina, Bolívia, Uruguai, Chile, Haiti e Peru.
No Brasil, não houve caudilhos até 1889, pois o
sistema político do Império impedia a ascensão destas lideranças. Após a proclamação
da República, no
entanto, o caudilhismo foi forte particularmente no Rio Grande do Sul, onde deu
origem ao castilhismo de Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Getúlio Vargas e Flores da Cunha. Assim
como entre os militares que tomaram conta do Estado em 1889, havia
entre os castilhistas gaúchos uma forte influência do positivismo.
Fonte: Wikipédia
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