Cineasta
Ator, escritor e
cineasta: “Uma ideia na cabeça uma câmera na mão”
Glauber de Andrade
Rocha (Vitória da Conquista, 14 de março de 1939 — Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1981) foi
um cineasta brasileiro e
também ator e escritor.
Filho de Adamastor
Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha, Glauber Rocha nasceu na
cidade de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia.
Foi criado na
religião da mãe, protestante, membro da Igreja Presbiteriana, por ação de missionários norte-americanos da
Missão Brasil Central. Posteriormente, para casar-se com Helena, foi batizado
no catolicismo,
escolhendo o nome de Pedro.
Alfabetizado pela
mãe, estudou no Colégio do Padre Palmeira - instituição transplantada pelo
padre José Luiz Soares Palmeira de Caetité (então o
principal núcleo cultural do interior do Estado).
Em 1947 mudou-se
com a família para Salvador, onde
seguiu os estudos no Colégio 2 de Julho, dirigido pela Missão Presbiteriana,
ainda hoje uma das principais escolas da cidade.
Ali, escrevendo e
atuando numa peça, seu talento e vocação foram revelados para as artes performativas. Participou em programas de rádio, grupos de
teatro e cinema amadores, e até do movimento estudantil.
Começou a realizar
filmagens (seu filme Pátio, de 1959, ao mesmo
tempo em que ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, hoje
da Universidade Federal da Bahia, entre 1959
a 1961), que logo
abandonou para iniciar uma breve carreira jornalística, em que o foco era
sempre sua paixão pelo cinema. Da faculdade foi o seu namoro e casamento com
uma colega de faculdade, Helena Ignez.
Sempre
controvertido, escreveu e pensou o tempo todo cinema. Queria uma arte engajada
ao pensamento e pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade.
Era visto erroneamente pela ditadura militar que se instalou no país, em 1964, como um
elemento subversivo.
No livro 1968 - O ano que não terminou, Zuenir Ventura registra
como foi a primeira vez que Glauber fez uso da maconha, bem como
o fato de, segundo Glauber, esta
Em 1971, com a
radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde
nunca retornou totalmente. Em 1977, viveu seu
maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos
34 anos, caiu em um fosso de elevador. Antes, outra irmã dele morreu, aos 11
anos, de leucemia.
Glauber faleceu
vítima de septicemia, ou como foi declarado no atestado de óbito, de choque
bacteriano, provocado por broncopneumonia que o atacava havia mais de um mês,
na Clínica Bambina, no Rio de Janeiro, depois de
ter sido transferido de um hospital de Lisboa, capital
de Portugal, onde
permaneceu 18 dias internado. Residia há meses em Sintra, cidade de
veraneio portuguesa, e se preparava para fazer um filme, quando começou a
passar mal.
Antes de estrear na
realização de uma longa metragem (Barravento, 1962), Glauber
Rocha realizou vários curtas-metragens, ao mesmo
tempo que se dedicava ao cineclubismo e
fundava uma produtora cinematográfica.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo
Guerreiro (1969) são
três filmes paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma
forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado
dos Estados Unidos. Essa pretensão era compartilhada pelos outros
cineastas do Cinema
Novo, corrente artística nacional liderada principalmente por Rocha e
grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague e
pelo Neorrealismo italiano.
Glauber Rocha foi
um cineasta controvertido e incompreendido no seu tempo, além de ter sido
patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira. Ele tinha uma
visão apocalíptica de um mundo em constante decadência e toda a sua obra
denotava esse seu temor. Para o poeta Ferreira Gullar,
"Glauber se consumiu em seu próprio fogo".
Com Barravento ele
foi premiado no Festival Internacional de
Cinema de Karlovy Vary na Tchecoslováquia em 1964. Um ano
depois, com 'Deus e o diabo na terra do sol, ele conquistou o Grande
Prêmio no Festival de Cinema Livre da Itália e o
Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Acapulco.
Foi com Terra
em Transe que tornou-se reconhecido, conquistando o Prêmio da Crítica
do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha, o Prêmio
de Melhor Filme do Locarno International Film
Festival, e o Golfinho de Ouro de
melhor filme do ano, no Rio de Janeiro. Outro
filme premiado de Glauber foi O Dragão da Maldade contra o Santo
Guerreiro, prêmio de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, o
Prêmio Luiz Buñuel na Espanha.
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