Série: municípios brasileiros
O município e sua história
A sede tem uma temperatura média anual
de 23 °C e na vegetação do município predomina
o cerrado, com algumas ocorrências de Mata Atlântica.
A região começou a ser desbravada no
decorrer do século XVI, em
expedições que visavam a encontrar ouro e diamante na região, porém somente em 1853 é que chega ao lugar a chamada
"Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri", que tinha objetivo de
povoar o Vale do Mucuri e era comandada por Theophilo Benedicto Ottoni. Este fundou o núcleo pioneiro à margem do rio Todos os Santos no dia 7 de setembro daquele ano. Tendo recebido uma considerável quantidade de
imigrantes, principalmente alemães, com o passar do tempo o município descobriu
sua vocação econômica para a exploração de pedras preciosas, sendo considerada hoje a "Capital
Mundial das Pedras Preciosas".
Além de se destacar no setor de
exploração mineral, Teófilo Otoni também possui alguns atrativos turísticos de
valor cultural ou histórico, como o Prédio da CEMIG, que releva-se pela sua arquitetura e
história, tendo sido fundado em 29 de fevereiro de 1928; a Praça Germânica,
onde o prédio situa-se, que foi construída em homenagem à imigração alemã na
cidade; e a Igreja Matriz. Também há eventos de relevância regional ou mesmo
nacional e internacional, como a Feira Internacional de Pedras Preciosas (FIPP),
a Festa da Descendência Alemã e o Festival de Teatro de Teófilo Otoni (FESTTO).
A região que
compreende o território do município de Teófilo Otoni, segundo um pertinaz
pesquisador de nosso passado, o Dr. Reynaldo Ottoni Porto, começou a despertar
a atenção dos portugueses, logo após o descobrimento do Brasil por Pedro
Álvares Cabral, em 1500.
A preocupação maior
era constatarem a existência do ouro e diamante na terra desconhecida. De
indagação em indagação, vieram a ter notícias, por intermédio dos silvícolas,
de uma “Serra das Esmeraldas”, situada no nordeste do nosso Estado.
D. João III,
pensando nos milhões que poderia adquirir o seu reino se tal fato viesse a se
confirmar, organizou expedições para visitarem as nossas terras. A primeira
data de 1550, tendo sido chefiada por Martim Carvalho. Devido aos inúmeros
obstáculos, essa expedição regressou, sem Ter conseguido alcançar o seu
objetivo, que era positivar a realidade da “Serra das Esmeraldas”.
Maria Fumaça ainda em atividade.
Seguiram-se as de
Sebastião Fernandes Tourinho, em 1573, e Antônio Dias Adorno, em 1580. Ambas
limitaram-se ao conhecimento da região. Data de 1752 a fixação do ambiente mais
antigo da região: Mestre de Campo João da Silva Guimarães. Em seguida, surge a
Fazenda Mestre Campo, aberta pelo Sr. Antônio José Coelho. Hoje, essa fazenda é
sede da Colônia Francisco Sá, que é habitada por colonos nacionais, alemães,
austríacos e outros.
Em 1836, o
engenheiro Victor Renault, em demorada excursão, percorreu os vales dos rios
Todos os Santos e Mucuri e, tendo atingido a foz do último no Oceano, no Estado
da Bahia, regressou. Felizmente, nascera na cidade do Serro, neste Estado, em
27 de novembro de 1807, Teófilo B. Otoni.
Desejando desbravar
e colonizar a região do Mucuri, ele organizou, em 1847, a Companhia de Comércio
e Navegação do Mucuri, que imediatamente entrou no plano das realizações. Entre
as suas aspirações, estava incluída a fundação de uma cidade que se tornasse o
centro propulsor e distribuidor do progresso no norte de Minas Gerais. No ano
de 1847, Theophilo B. Ottoni, projetou ligar o nordeste mineiro com o litoral
de Brasil, através da densa floresta, dos chapados e serras que acompanham a
costa brasileira de norte a sul. Para esse fim; organizou duas grandes expedições.
Uma delas partiria de Santa Cruz do Rio Preto e a outra, avançaria Mucuri
acima, Santa Clara (Nanuque) é o local onde essas duas expedições se encontram.
Estava vencida a primeira etapa.
Antiga Praça Tiradentes.
Em 1851, Theophilo
B. Ottoni, fundou no Rio de Janeiro a “Companhia Mucuri”, a qual haveria de
organizar o transporte fluvial e terrestre, bem como explorar a região. Como em
1847, ele combina o encontro de duas expedições: uma saindo do Alto dos Bois,
levando a incumbência de localizar o Rio Todos os Santos e segui-lo até sua
desembocadura no Mucuri; o Rio Todos os Santos tinha a fama de ser prodígio em
ouro e diamantes; e outra que partindo de Santa Clara, se dirigia para o mesmo
local. A primeira era chefiada por seu primo Dr. Manuel Esteves Ottoni. A
Segunda era dirigida por ele mesmo e por um cunhado, Joaquim José de Araújo
Maia.
Selecionaram os
homens, limparam as velhas carabinas e afiaram os facões de mato. Arranjaram os
“línguas” para os necessários entendimentos com os índios. Reuniram alimento,
remédios e ferramentas. Colocaram as bruacas de sol, o fumo de rolo, os panos
de toucinho, os barris de pólvora. Tudo estava pronto para a grande arrancada.
E por uma fria madrugada de 1852, Theophilo B. Ottoni invade as selvas virgens do
Mucuri. A marcha é penosa. Os cipós são embaraçados as serpentes pérfidas; os
mosquitos matadores e às onças de pés fofos. Os índios começam a dar sinais de
sua presença. Mas os homens tinham ordens de não atirar nos selvagens, nem
mesmo para responder às agressões.
Por isso, aos
primeiros ataques, e para afugentar os índios, dispararam para o ar. Certa
manhã, a catástrofe chega de surpresa. Os botocudos investem repentinamente e,
desaparecem na espessa brenha da mata. Terminado o assalto, as consequências
são funestas: dois homens agonizantes, quatro feridos e todos os animais de
carga mortos.
Os pioneiros
prosseguem. Agora substituem as bestas carregando o que é possível. E a
caminhada se torna um drama sem fim. Os mantimentos acabam. Passam a alimentar
de frutos silvestres e palmito sem sal. O receio de novos ataques de índios
causam pesadelos e noites mal dormidas.
Rua Direita – atual Av. Getúlio Vargas.
Um dia, num ponto
cerca de 200k de Santa Clara, avistaram uma bela planície, com bom clima e
terra fértil, causando admiração àqueles homens rotos e cansados.
E Theophilo B. Ottoni, de fisionomia aberta, designando aos companheiros
as margens férteis do rio, com uma exclamação que deveria perpetuar-se no
tempo, diz: Aqui farei a minha Filadélfia! ( nome que ocorreu a Theophilo B.
Ottoni em virtude da grande e rápida prosperidade alcançada pela cidade
norte-americana que leva ainda hoje o mesmo nome). No aniversário da
Independência, a 7 de setembro de 1853, Theophilo B. Ottoni faz a inauguração
de Filadélfia como centro das colônias do Mucuri. Ele
escolhera a data de propósito, na intenção de brindar o grande dia com uma nova
cidade. A solenidade é bem simples: o engenheiro Scholobach faz o alinhamento
de uma rua, plana e retilínea, comprida de meia légua, no rumo norte-sul, foi
batizada a primeira rua de Filadélfia, a Tradicional Rua Direita, oficialmente
Avenida Getúlio Vargas.
Rua Frei Gonzaga.
Na pequena capela,
futura matriz, foi realizada a primeira missa em Filadélfia. As imagens
sagradas são as do antigo oratório de Manuel Vieira Ottoni, o fundador de Vila
do Príncipe. Os primeiros habitantes das terras de Teófilo Otoni, foram
indígenas descendentes dos Tapuias. Em 1922 havia ainda uma derradeira taba de
índios Machacalis, localizada nas nascentes do ribeirão Imburanas, habitada por
15 a 18 famílias. A partir daí o estadista colonizador abraçou com entusiasmo a
idéia de estabelecer núcleos coloniais, que seriam confiados a imigrantes
europeus, particularmente germânicos.
Um dos passos
decisivos nesse sentido, foi sem dúvida o apoio que o Governo Imperial
assegurou ao empreendimento. Redobrou-se o ímpeto progressista. Já em 1854,
erguiam-se grandes armazéns em Filadélfia e Santa Clara, e procedia-se à
abertura da estrada, que quatro anos mais tarde acabaria de ligar esses dois
povoados. Em 1856, chegavam os primeiros colonos Suíços e Alemães como consequência
de anúncio mandado publicar nos jornais da Alemanha pela firma Scholobach e
Morgenster, por ordem de Theophilo B. Ottoni, convidando colonizadores, que
teriam aqui amparo em todos os sentidos por parte da “Companhia Mucuri”. Era o
dia 27 de julho de 1856.
Rua Marcelo Guedes.
Mal chegados os
primeiros imigrantes, a companhia lhes confiou empreendimento comum: trabalhar
na estrada que ligaria Filadélfia a Santa Clara. Só depois de acabada esta obra
em 1858, cada qual poderia tomar posse de sua cota de terras, distribuídas nas
bases que se seguem: todo imigrante recebeu, uma extensão de terras com as
seguintes dimensões: 220m, de frente por 3.000m de fundo, ou seja, exatamente
15 alqueires. A estrada de Santa Clara – Filadélfia, primeira rodovia do
interior do Brasil, foi inaugurada em agosto de 1857, era a via ápia do Mucuri,
por ela trafegava em 1859, mais de 40 carros particulares, puxados por bestas,
200 carros de boi, 400 lotes de burros.
Tinha uma extensão
de cerca de 170km. Naquela época, 1858, Filadélfia já acusava uma população de
600 habitantes, 129 casas residenciais, na maioria construções rudimentares e
simples, e 12 estabelecimentos comerciais. Naquele tempo, a florescente
Filadélfia sofria rude golpe com o êxodo de grande parte de seus primitivos
habitantes, assustados com as epidemias tropicais e desiludidos com os poucos
resultados de seu labor. Consta que aproximadamente a metade de todos os
moradores abandonou a região. Muitos, não se deixaram abater pelas dificuldades
que eram tantas; ataques de índios pojichás (botocudos), de feras e mosquitos
transmissores da malária. Resistiram e levaram à frente o sonho que os trouxera
aos trópicos. Em 1857, pela lei provincial numero 808, de 3 de julho,
Filadélfia fora elevada a distrito e freguesia da comarca de Minas Novas.
O decreto número
6.368, de 8 de novembro de 1876, emancipava pela lei mineira numero 2.486, de 9
de novembro de 1878, que alçou a freguesia à categoria de cidade, com o nome de
Teófilo Otoni, em homenagem a seu fundador, vindo a ser instalada oficialmente
em 25 de março de 1881.
Teófilo Benedito Ottoni – Fundador da cidade.
Fontes: Prefeitura
Municipal de Teófilo Otoni e Wikipédia
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