História da Bahia
Luis Henrique Dias Tavares
Do livro História da Bahia
(Coube o pioneirismo à determinação do magistério baiano)
Foi
no governo de Antônio Moniz que ocorreram as primeiras greves de repercussão na
Bahia. O ano de 1918 começou com a greve dos professores baianos pagos pelo
Município. Há dois anos, quase três sem receberem os seus vencimentos,
professores da cidade do Salvador fecharam a porta de suas escolas. Em reunião
os professores no Liceu de Artes e Ofícios, o intendente Propício Fontouro
chegou a declarar que ordenara o pagamento (devia 945 contos), mas não o
efetivou. No dia 12 de março dezenas de professores fizeram uma passeata no
centro da cidade do Salvador. O Governo colocou a cavalaria da PM para
reprimi-los, mas a greve se manteve e chegou até o segundo semestre do ano. Só
terminou com a publicação da Lei 1.293, novembro de 1918, que passou o
pagamento dos professores para a responsabilidade direta do estado.
GREVES DE 1919
As
greves de 1919 tiveram outra substância. Instalaram-se a 1º de junho com um
movimento grevista que alcançou dimensões inesperadas. Inaugurado com os
carpinteiros, pedreiros e auxiliares de pedreiros na Construção da Biblioteca
Pública e do Tesouro (Secretaria da Fazenda), ampliou-se nos dias 2,3,4 e 5. No
dia 3 já existia uma Comissão Central de Greve, uma completa novidade do
baiano.
As
reivindicações começaram a ser definidas. Exigiam: 8 horas de trabalho por dia
e salário igual para trabalho igual. As adesões cresceram com a declaração de
greve nos transportes urbanos, nas estradas de ferro, nas fábricas de tecidos,
na fábrica de cigarros Leite & Alves, nas usinas da Preguiça e da Graça,
nos bondes da Companhia Linha Circular. Dois mil trabalhadores fizeram uma manifestação
que partiu da Ribeira e alcançou a Praça Municipal. No dia 5 os trabalhadores
da Usina da Preguiça deixaram a cidade às escuras.
Temendo
que a greve fosse uma articulação da oposição antiseabrista, o governador
Antônio Muniz declarou-se favorável às reivindicações apresentadas e decretou
jornada de oito horas nas oficinas do estado. Na falta de ações repressivas dos
governos federal e estadual, a 9 de junho os donos das fábricas de tecidos
declararam que aceitavam discutir a jornada de 8 horas e a reivindicação de 20%
de aumento. Estabeleceram uma condição: volta imediata ao trabalho. Os
operários têxteis aceitaram, o que conduziu ao fim das greves. Contudo, após
dois meses, sem que os patrões concretizassem as suas promessas, os tecelões
voltaram à greve.
Começou
na manhã de 4 de setembro na Empório Industrial do Norte. Logo se estendeu a
outras fábricas. Greve de uma categoria operária, por sinal a única, como tal,
em todo estado da Bahia, ela se diferenciou das greves que a antecederam. Os
donos da fábricas responderam com a decisão de fechar as fábricas. O governo
mobilizou força policial. Ainda assim a greve se sustentou por 18 dias, sendo
afinal derrotada pela ação policial e ameaça de desemprego.
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