Colaboração de Fernando Alcoforado*
Alexandre de Freitas Barbosa e Ana Paula Koury afirmam
no artigo Rômulo Almeida e o Brasil desenvolvimentista (1946-1964): ensaio de
reinterpretação que Rômulo Almeida considerava a ação planejadora como um método
que visa dar racionalidade ao processo de implementação de decisões políticas
por meio da interferência na dinâmica de uma determinada realidade. O grau de
abrangência de tal interferência determina as diferentes escalas do
planejamento, desde o planejamento geral até os programas específicos. O
planejamento geral é mais político do que técnico e estabelece as diretrizes do
desenvolvimento econômico e social, enquanto os programas específicos são
aqueles mais técnicos os quais agem localmente. A Figura 1 sintetiza a
concepção de Rômulo Almeida sobre o processo de planejamento econômico.
Fonte: Alexandre de Freitas Barbosa e Ana Paula Koury,
Rômulo Almeida e o Brasil desenvolvimentista (1946-1964): ensaio de
reinterpretação publicado no website
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-06182012000400014&script=sci_arttext>.
Segundo Alexandre de Freitas Barbosa e Ana Paula
Koury, o desafio colocado pela reflexão de Rômulo Almeida é o de controlar o processo
por meio do qual o plano, isto é, a intenção (utopia nacional) atua na realidade.
Interpretar as inter-relações existentes dentre as diversas variáveis que
conformam a situação existente e definir quais as ações estratégicas
necessárias para alcançar os objetivos planejados. Tais ações deveriam ser contempladas
por programas específicos e conformariam as condições necessárias para alcançar
uma nova realidade.
Em relação à tipologia do planejamento, Rômulo Almeida
define que o planejamento pode variar em função da abrangência. Os planos podem
ser mais gerais, como os planos nacionais, ou mais específicos como os planos
regionais, municipais ou urbanos. Em suas palavras, uma espécie de tipologia de
planejamento em termos de espaço, de extensão, o plano pode ser geral, geralmente se aplica
a todo o país, a toda a economia nacional, pode ser só econômico ou social, ou
pode ser plano apenas de inversões básicas ou pode ser apenas um plano de setor
público, inclusive de estímulo de transferência ao setor privado, pode ser
setorial, por atividade econômica, pode ser plano regional e afinal o plano urbano. A Figura 2
sintetiza a visão de Rômulo Almeida.
Fonte: Alexandre de Freitas Barbosa e Ana Paula Koury,
Rômulo Almeida e o Brasil desenvolvimentista (1946-1964): ensaio de
reinterpretação publicado no website
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-06182012000400014&script=sci_arttext>.
Rômulo Almeida classifica também o planejamento em
função do tempo. Planos de longa duração ou prospectivos, aqueles que mais se
distanciam da realidade pela limitada capacidade de previsão das variáveis as quais
atuam em longo prazo. Os planos de curto prazo são mais previsíveis, mas
possuem uma capacidade de transformação limitada. Os planos de médio prazo,
como os de governo, os plurianuais são aqueles que mais se traduzem em mudanças
concretas.
Rômulo Almeida enfatiza que a eficiência dos planos
depende de sua articulação com um sistema de informações, isto é, de um instrumento
de coleta de dados adequado ao que se pretende conhecer para interferir e da
interpretação correta de tais dados traduzidos em informações para o planejamento. Rômulo
utiliza exemplos concretos para esclarecer os modelos explicativos que apresenta.
Nesse caso, para exemplificar a relação entre planos gerais (nacionais), regionais e
os programas setoriais, cita a instalação da usina hidrelétrica de Paulo Afonso.
Fernando Alcoforado, 74, membro da
Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento
Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros
Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a
Nova (Des) ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o
Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento
do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944,
2003), Globalização e desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia-
Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic
and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento
Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010),
Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento
global Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.
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