O tijolo de adobe é um material vernacular usado na construção civil. É considerado um dos antecedentes históricos do tijolo de
barro e seu processo construtivo é uma forma rudimentar de alvenaria. Adobinos
são tijolos de terra crua, água e palha e algumas vezes outras fibras naturais,
moldados em fôrmas por processo artesanal ou semi-industrial.
Um dos mais antigos materiais de construção, foi amplamente utilizado
nas civilizações do crescente fértil, em especial no Antigo Egito e mesopotâmia.
Construídos com barro e palha (tal como nos é descrito na Bíblia, no livro
do Êxodo), os tijolos de adobino eram muito utilizados
pelas técnicas quotidianas de construção, ainda que grandes monumentos destas
civilizações a ele recorressem. Efetivamente, os zigurates (na mesopotâmia) e as mastabas (no Egito)
foram feitos essencialmente com tijolos de adobino, utilizando basicamente as
mesmas técnicas de construção utilizadas em edifícios "menos nobres".
A antiga cidadela de Arg-é Bam, em Bam, cidade da
província Kerman no
sudeste do Irã é a
maior construção em adobino do mundo construída em 500 A.C. e habitada até 1850. É
considerada Patrimônio mundial pela Unesco. A cidade
sofreu um terremoto em 2003, que a
destruiu quase inteiramente. Atualmente está sendo reconstruída.
O adobino foi utilizado em diversas partes do mundo, especialmente nas
regiões quentes e secas. Com o advento da industrialização no século XIX, as
técnicas em arquitetura de terra foram, aos poucos, sendo abandonadas.
Restando às pessoas de poucos recursos o uso dessas técnicas, além do adobino,
o pau-a-pique e
também a taipa de pilão, razão principal do preconceito que, de certa
forma, se mantém até os dias de hoje.
Porém, podemos afirmar que estamos vivenciando momentos de rompimento
desse paradigma (preconceito), com um novo olhar sobre a arquitetura vernacular, uma vez que esta
se mostra ecológica e sustentável.
A construção feita
com este tijolo torna-se
muito resistente, e o interior das casas muito fresco, suportando muito bem as
altas temperaturas. Em regiões de clima quente
e seco é comum o calor intenso
durante o dia e sensíveis quedas de temperatura à
noite, a inércia térmica garantida pelo adobino minimiza esta variação térmica
no interior da construção.
As construções de adobino devem ser executadas sobre fundações de pedra
comum, xisto normalmente,
cerca de 60 cm acima do solo, para
evitar o
contato com a umidade ascendente (infiltração), que degradaria o adobino. Da
mesma forma é importante a construção de coberturas com beirais a fim de
proteger as paredes das águas de chuva.
As paredes devem ser revestidas para maior durabilidade.
É recomendada a construção de adobino no período de seca, pois o tijolo não
deve ser exposto à chuva durante o processo de cura, uma vez
que o barro dissolve-se
facilmente. No entanto, depois da construção coberta, ele resiste sem problema
algum, com grande durabilidade.
Vantagens do uso do adobe:
Baixo custo
Uso de
material regional
Pode ser
preparado no próprio local da construção
A cidadela de Bam, ou Arg-é Bam, na província iraniana de Kerman: a maior estrutura do mundo em adobe, datando de
pelo menos 500 a.C.
A preparação do adobe é feita em solo argiloso.
Faz-se um buraco perto do local da obra onde
há solo apropriado, colocando-se água. Depois,
amassa-se com os pés até sentir que tem boa liga.
O uso de tecnologia tem facilitado a produção do adobino, em vários
países são fabricadas máquinas que produzem esses elementos em escala
industrial, e com boa qualidade.
Uma variação do adobino é o BTC - Bloco de Terra Comprimida, são tijolos,
normalmente estabilizados com cal, cimento ou outro material, confeccionado em
prensas manuais tipo Cinma-ram.
Apesar da redução no uso do adobino, este ainda é usado em várias
regiões do Brasil,
principalmente na norte e nordeste. Também em minas Gerais e Goiás é
possível encontrar muitas casas em
adobino.
Infelizmente muitas casas populares de adobino são construídas sem os
cuidados necessários (especificados acima) gerando rápida degradação do material e
conferindo a impressão de ser o adobino um material ineficiente.
No entanto a História já o comprovou um material de grande durabilidade,
inclusive nas cidades históricas brasileiras, como Ouro Preto e Pirenópolis, que ainda
possui muitas casas de
tijolos de adobino.
A partir da preocupação com a conservação do patrimônio arquitetônico a
nível mundial, percebeu-se a necessidade de estabelecer conceitos e critérios
para tal, que resultaram em recomendações. Uma delas trata do respeito aos
materiais originais, contidos nas construções e monumentos históricos, ou seja, no momento das
intervenções que fossem mantidas as técnicas tradicionais encontradas.
Essa recomendação suscitou outro questionamento: Como conservar ou
restaurar técnicas cujo manejo se perderam? Em função dessa situação algumas
instituições como o ICCROV, o CRATERRE o Getty Institute e a
própria Unesco,
investiram na formação de mão de obra especializada visando o resgate desses
conhecimentos. Um dos programas com mais resultados positivos foi o Projeto Arquitetura
de Terra - PAT, que durante anos capacitou e formou técnicos de vários lugares do
planeta.
O resultado desse movimento propiciou que profissionais capacitados,
pudessem estar a serviço não apenas da proteção do patrimônio arquitetônico, grande parte
construído nessas técnicas, sobretudo nos países ibero-americanos e África, mas
também para a utilização das mesmas, novas construções, sobretudo as de
interesse social.
Como consequência, surgiram instituições que agregam os profissionais
que acreditam e defendem o uso da arquitetura de terra.
O Provecto de Investigación
PROTERRA, hoje Rede PROTERRA vinculado
ao wub-Programa HABYTED, que
por sua vez se remete ao CYTED, desde o ano de 2001 vem divulgando e fomentando o
uso da arquitetura de terra através da organização de seminários internacionais
e oficinas de transferência de tecnologia, reunindo
profissionais de países ibero-americanos.
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