Brâmane (devanāgarī: ब्राह्मण, IAST brāhmaṇa)
é um membro da casta sacerdotal, a
primeira do Varṇaśrama dharma ou Varṇa vyavastha,
a tradicional divisão em quatro castas (varṇa) da
sociedade hinduísta.
O termo
brâmane deriva do latim brachmani (ou bragmani),
que, por sua vez, provém do grego brakhmânes,
adaptação do termo sânscrito védico brāhmaṇa, que significa "aquele
que é versado no conhecimento de Brahman - a
alma cósmica " . Segundo o Purusha Sukta, o canto
10.90 do Rigveda, dedicado
ao Purusha - o homem cósmico primordial transcendente -
os brâmanes surgiram da boca do Purusha.
A sua boca
tornou-se o brāhmaṇa, os seus
braços se transformaram no kṣatrya, as suas
coxas em vaiśya e
dos pés nasceu ośūdra.
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A teoria da
invasão ariana (na
verdade, uma migração "invasiva") tem sido questionada nos meios
acadêmicos depois das explorações arqueológicas em Harappa (civilização
fundada por proto-árias da
Ásia Central, já que o homeland dravídico fica no sul da Índia
e não no norte do Paquistão). A teoria propõe que os brâmanes e as outras duas
castas superiores - kṣatrya (guerreiros)
e vaiśya (artesãos)
– foram constituídas pelos arianos invasores, e as castas inferiores - os
trabalhadores braçais - pelos dravidicóides, nativos do Sul da Índia, de pele
escura, que se tornaram escravos. Um quinto grupo, os dalit, os intocáveis,
que não chegam a constituir propriamente uma casta, teria sido constituído
pelas tribos que se rebelaram contra os invasores, e por aqueles que não
respeitavam a pureza natural das castas. No entanto, essa teoria tem sido
fortemente criticada.
A religião
praticada pelos arianos era derivada dos Vedas, e o que
estudiosos conhecem como Bramanismo deixou parte da fundação
societária do Hinduismo Clássico testemunhado com o advento dos Upanishads, o Ramayana e
o Mahabharata. Dizem que
os Brâmanes, portadores do manto em assuntos religiosos hindus, dispersaram-se
por todo o subcontinente, formando várias seitas ou sub-seitas. Outros defendem
que os Brâmanes não eram a fortiori distintos racialmente, mas
eram formados em atmosfera socialmente móvel, mais tarde concretizando seus
papéis no estrito sistema feudal.
De acordo
com Vishnusmriti (2-1.17),
"um Brâmane ensina os Vedas. Um
Brâmane se sacrifica por
outros e recebe deveres da alma. Comuns a
todas as castas são a reverência para
com os deuses e Brâmanes”. Sendo membros da casta mais alta, os brâmanes
gozaram historicamente de posição social privilegiada - independente de sua
riqueza. Culturalmente, a maioria dos Brâmanes é conhecida por praticar
um vegetarianismo rígido, apesar de, atualmente, a prática variar
conforme a região. A
dominância
tradicional dos Brâmanes nos assuntos religiosos e administrativos na política
indiana tem sido a causa de fissuras sociais profundas na sociedade indiana.
Segundo o Código de Manu, vida dos Brâmanes era dividida em quatro etapas
ou as hramas,
culminando com o estágio de renunciante ou samnyasin, quando a
pessoa deveria se dedicar apenas à busca de sua unificação com Brahman e à
libertação espiritual ou moksha.
Desde a
década de 1950, floresceu
um movimento popular anti Bramanista, especialmente nos estados do sul. A
supressão da então chamada baixa casta (dalits) pelos
Brâmanes, levou a uma revolução social, que pressionava por
"autorrespeito" e "dignidade". No meio do século XX,
muitos racionalistas sob a
liderança de Thanthai Periyar insurgiram-se
contra a hegemonia Bramanista e o que consideravam "rituais sem
sentido", a exemplo da hierarquia de castas e a intocabilidade. O enorme
sucesso do movimento levou a condições mais equânimes entre várias castas da
sociedade, pelo menos nos estados do sul. Os estados do norte, entretanto estão
profundamente divididos entre estas linhas, com muitas organizações clamando
por afirmar a superioridade da casta Bramanista e o seu direito de acesso
exclusivo aos escalões mais altos da hierarquia social.
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