Arte culinária
As terras
que se encontram ao redor do Mediterrâneo partilham
uma longa história, em que
intervieram vários povos, e um
muito especial, o que permite que exista uma culinária mediterrânica (também
denominada dieta Mediterrânica) bem rica. Típicos desta região são também as oliveiras, os citrinos e uma enorme variedade de ervas de
cheiro, que dão cor e sabor especiais a esta culinária.
No início de dezembro de 2013, a dieta
mediterrânica foi aprovada pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, no
decorrer da 8.ª sessão do comité intergovernamental da organização, que
decorria em Baku, capital
do Azerbeijão.
Pode
dizer-se que a base da alimentação nos
países mediterrânicos é o trigo em
suas várias formas. O pão ou khubz, em todos
os países do norte de África e no Levante, é de preferência achatado e
pode ser usado como um “envelope” dentro do qual se coloca algum recheio – o
famoso pão pita –
provavelmente derivado do pão ázimo dos judeus, mas este
com massa fermentada. Na parte
europeia do Mediterrâneo, em geral prefere-se pão com algum volume, que se
corta em fatias ou pequenos pedaços para consumir; no entanto, a pizza típica
de Itália é
provavelmente uma forma de pão achatado.
Outra forma
de consumir o trigo é na forma de massas alimentícias, como o spaghetti e
seus “parentes” na parte europeia do Mediterrâneo, o cuscuz do
norte de África, mas amplamente adotado na França, e o triguilho, base de
vários pratos. Na Etiópia e
norte do Sudão, o “pão” é
mais parecido com o roti indiano, um crepe de
massa de trigo (ou teff)
fermentada, cozido no vapor, chamado injera (em amárico).
Ainda outra
maneira de utilizar a farinha – ou
a sêmola – é
em doces e bolos que
quase sempre se encontram na mesa dos povos desta região, pelo menos ao fim
da refeição. Devido ao seu clima ameno, a bacia mediterrânica é
extremamente rica em variedades de plantas indígenas, com
sabores e cores muito variadas, que os povos que ali vivem aprenderam a
utilizar criativamente na sua alimentação. Os citrinos, as azeitonas e
as uvas, por
exemplo, são frutas típicas desta região, assim como várias ervas aromáticas como
a salsa, a hortelã e
muitas outras.
A forma
mais simples e, apesar disso, muito nutritiva e permitindo grandes variações,
de consumir legumes e frutos é
a salada, que estes
povos transformaram numa arte. Desde a simples salada grega de pepino com iogurte até
às elaboradas saladas francesas e italianas com
vários tipos de verduras, queijos e nozes,
temperadas com azeites e vinagres aromatizados,
as saladas são provavelmente o alimento mais
importante no verão, mas
servidas quase sempre para contrastarem com o sabor mais carregado de especiarias de
outros pratos.
A outra
forma básica que os povos do Mediterrâneo provavelmente inventaram e espalharam
pelo mundo é o refogado, base
dos guisados, feijoadas e
outros pratos e que consiste simplesmente cebola e tomate, fritos em azeite ou
outra gordura e
geralmente aromatizado com alho e
outras ervas aromáticas.
Os
legumes recheados e assados no forno ou
na brasa são
outra especialidade desta região. Principalmente os tomates e pimento aceitam
uma grande variedade de recheios, desde ovos a carne e peixe. Típicas
da Grécia são as folhas de videira recheadas
e cozidas, enquanto
que os lombardos recheados
com salsicha são
um reflexo da influência das culturas da Europa central nesta
região.
Embora seja
provavelmente a forma mais antiga de cozinhar, os grelhados nos
países ribeirinhos do Mediterrâneo atingiram formas de requinte, principalmente
na preparação dos ingredientes antes de irem ao fogo, que não se podem comparar
com o churrasco americano. Aqui,
a carne e o peixe são
frequentemente marinados durante
várias horas para adquirirem o paladar dos temperos; uma forma
típica de assar carne nesta região, são os quebabs ou espetadas, por vezes
feitas com carnes moídas e temperadas.
Uma
importante exceção a esta regra é a tradição portuguesa da sardinha assada, em que o
peixe nem sequer é limpo e é muitas vezes acompanhado com batatas cozidas e pimentos assados,
igualmente sem qualquer preparação prévia.
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