Por Joaci Góes
Dilma Rousseff obteve uma magra vitória eleitoral e uma grande derrota
política, uma vez que, ontem como hoje, “a lei da qualidade despreza a lei da
quantidade”.
O mapa eleitoral brasileiro não deixa dúvidas quanto ao predomínio da
parcela iletrada da população sobre o seu contingente mais esclarecido, fato
previsto pela saudável aventura democrática em que o voto dos analfabetos tem o
mesmo peso quantitativo dos mais sábios, ainda que a compra de votos seja
prática teórica e legalmente interdita, o que, não obstante, ocorre a
mancheias, para desmoralizar, ainda mais, o sistema legal de nosso país. A
recusa do PT em fazer dos programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa
Minha Vida atribuições do Estado, optando por mantê-los como obras de governo,
obedece ao propósito de legitimar o processo de compra de votos mais intenso e
extenso da História, como acabamos de ver.
Estima-se que pouco menos de 10% do total dos votos obtidos pela
Presidente reeleita provenha de pessoas esclarecidas que integram a militância
partidária, dos que mamam nas tetas oficiais e de intelectuais que aspiram
submeter o País ao ideário bolivariano que tem como membros a Venezuela, Cuba,
Bolívia, Nicarágua, Equador e a outrora próspera Argentina, tendo como líderes
maiores Fidel Castro, Hugo Chavez, Nicholas Maduro, Evo Morales, Rafael Correa
e Cristina Kirchner.
A teia do destino colocou a Presidente diante de uma singular escolha de
Sofia: governar para o bem do povo e de sua biografia ou continuar submetida ao
mando imperial de uma malta inescrupulosa que vem fazendo do País uma extensão
do quintal de suas casas.
Em seus pronunciamentos, depois de eleita, a Presidente reitera o
propósito de combater a corrupção endêmica que faz do Brasil a sede dos maiores
assaltos ao Erário de que se tem notícia em qualquer lugar ou tempo da história
mundial. A efetivação dessa promessa significará cortar na própria carne,
quando é do conhecimento geral, e ela não tem o direito de ignorar, que a
matriz dessa oceânica criminalidade localiza-se à sua volta, tendo como chefes
e ou inspiradores os que mais a apoiam e se beneficiam da conivência do seu
silêncio.
Daí o caráter heroico e olímpico de sua anunciada insubmissão aos
maiores quadrilheiros de nossa Pátria infeliz. Desgraçadamente, a opção a esse
meritório desiderato, aspirado pela quase totalidade dos eleitores brasileiros
- os que votaram e os que não votaram nela - é a continuidade de um governo apático,
equivocado e leniente com o crime organizado, caminho certo para a sarjeta da
História, sem levar em conta o risco de um rumoroso processo de impeachment que
pode devolver o Brasil ao leito de conhecidas e indesejadas experiências
prenhes de instabilidades institucionais.
Nas primeiras semanas de janeiro próximo, já saberemos se a Presidente
resolveu fazer mais do mesmo por todos conhecido e deplorado, ou se optou pela
História com H maiúsculo, encaminhando ao Congresso as urgentes reformas de que
o País precisa para moralizar-se, inclusive a política e a partidária,
conducente a última a extinguir o licencioso e prostituído sistema partidário
que inviabiliza a decência nas relações entre os poderes, sobretudo, entre o
Legislativo e o Executivo. O resultado da patranha constitucional vigente é a
presença de vinte e oito partidos, com representação parlamentar, a grande
maioria de araque, meros instrumentos de extorsão política sobre prefeitos,
governadores e a própria Presidência que atinge picos de ineficiência gerencial
com 39 ministérios, número atentatório dos mais elementares princípios da boa
administração.
Registre-se, de logo, que nas hostes petistas há nomes do maior valor
moral e intelectual, a começar pela Bahia. A lamentar, apenas, que, em nome da
solidariedade partidária, se vejam esses nomes tutelares de nossa prática
política compelidos a um constrangedor silêncio diante de crimes tão hediondos,
em grave desabono da história de suas vidas honradas.
Para o bem ou para o mal, a sorte está lançada. Só nos resta aguardar
para saber, em pouco tempo, se Dilma Rousseff optará pela próxima geração,
ocupando lugar de relevo no Panteão da História, ou se agirá de olhos nas
próximas eleições, figurando seu nome como protagonista menor, maestrina dos “malfeitos”
mais indigestos.
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