sábado, 8 de novembro de 2014

MISOGINIA

 Ódio, desprezo ou repulsa pelo gênero feminino: trazem como resultante a violência contra a mulher

 


Misoginia (do grego μισέω, transl. miseó, "ódio"; e γυνὴ, gyné, "mulher") é o ódio, desprezo ou repulsa ao gênero feminino e às características a ele associadas (mulheres ou meninas). Está diretamente ligada à violência contra a mulherMisoginia é o antônimo de filoginia, que é o apreço, admiração ou amor pelas mulheres, embora o termo "filoginia" possa ser considerado preconceito benevolente.

De acordo com o sociólogo Allan G. Johnson, "a misoginia é uma atitude cultural de ódio às mulheres porque elas são femininas." Johnson argumentou que: "A [misoginia] é um aspecto central do preconceito sexista e ideológico, e, como tal, é uma base importante para a opressão de mulheres em sociedades dominadas pelo homem. A misoginia é manifestada em várias formas diferentes, de piadas, pornografia e violência ao auto-desprezo que as mulheres são ensinadas a sentir pelos seus corpos."


Michael Flood define a misoginia como o ódio às mulheres, e observa: "A misoginia funciona como uma ideologia ou sistema de crença que tem acompanhado o patriarcado ou sociedades dominadas pelo homem por milhares de anos e continua colocando mulheres em posições subordinadas com acesso limitado ao poder e tomada de decisões. [...] Aristóteles sustentou que mulheres existem como deformidades naturais e homens imperfeitos [...] Desde então, as mulheres em culturas Ocidentais tem internalizado seu papel como bodes expiatórios da sociedade, influenciadas no século 21 pela objetivação das mesmas pela mídia com seu auto-desprezo culturalmente sancionado e fixações em cirurgia plástica, anorexia e bulimia."
Elder Hosokawa diz que a palavra Misoginia, entre outros significados, como ódio ou aversão às mulheres ou ao contato sexual com elas. Tania Torres fala que a palavra é derivada do verso de Aristófanes (Lisístrata 1018), no qual o corifeu declara: egô misôn gynaikas, "porque eu odeio as mulheres".
Alguns autores apontam que há, historicamente, uma tendência quase universal de se reduzir a humanidade ao termo "o homem" e a transformar e considerar as experiências masculinas como as experiências de todos os humanos, tanto para homens quanto para mulheres, sem dar o reconhecimento completo e igualitário à experiência feminina, postura que reflete um comportamento androcêntrico (propensão a supervalorizar o ponto de vista masculino). Como exemplo temos a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que só mais recentemente passou a ser referida como Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O conceito de misoginia repercutiu em diversas áreas de estudo, como a psiquiatriapsicologiapsicanálisefilosofiasociologiaantropologia, etc.
Segundo Rita Maria Brudniewski Granato, a misoginia também pode ser definida como um transtorno psíquico, onde o misógino está envolvido num conflito entre a necessidade do amor de uma mulher e o medo profundo e arraigado das mulheres. Suas necessidades de intimidade com uma mulher estão misturadas com o medo de que ela possa aniquilá-lo emocionalmente, como foi em sua história pregressa. Suas experiências infantis é que geraram esse medo latente e inconsciente. A maneira como os pais se relacionam entre si e com os filhos poderia gerar o comportamento misógino.


Na antiga Grécia, a mulher estava sempre sujeita à autoridade de um homem. Para os gregos, a mulher se apresenta como naturalmente inferior ao homem, razão pela qual o matrimônio não previa relação necessariamente amorosa. Aristóteles a vê como um homem defeituoso e afirma que o feto feminino necessita de oitenta dias para receber sua alma, enquanto o feto masculino faz na metade desse tempo. À mulher estava destinada ao espaço privado do lar, enquanto o espaço público era ocupado pelo homem.
Na Idade Média a honra, o prestígio e a religião formavam a base da conduta do homem. Esta última mantinha o controle sobre o matrimônio e a reprodução. Sem o direito ao conhecimento as filosofias religiosas solidificaram a ideia de bruxaria como pretexto para controlar o conhecimento das mulheres. Mesmo no Renascimento e nos séculos XVIII e XIX, conhecida como a época da ciência e do desenvolvimento humano, não houve modificações substanciais na vida da mulher, que permaneceu como reprodutora e tendo como base a religião. 
Na Modernidade um dos aspectos importantes da misoginia é a violência contra a mulher, aceita e em alguns casos apoiada pelo aparato jurídico e referendada pela separação entre público e privado.

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